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Dia de pôr o pé na estrada, era hora de ir rumo a Paraty -
RJ, saímos de SP no final da tarde, sabíamos que não chegaríamos no mesmo dia
ao nosso destino, por serem aproximadamente 350km e para não abusar da boa
vontade da Gertrudes, teríamos que passar a noite na estrada.
Pegamos a BR-116 (Dutra) rumo a Guaratinguetá – SP onde
passaríamos a noite, antes uma passadinha no mercado para comprar alguma comida
para os próximos dias, já pensando que em Paraty os preços não seriam tão bons.
A noite ia caindo e resolvemos passar a noite por Aparecida
– SP num posto de gasolina a margem da estrada, Vini conferiu quanto a
segurança do local e estava tudo certo, fizemos uma sopinha e caímos no sono.
Na manhã seguinte, optamos por chegar a Paraty – RJ pela
estrada Paraty x Cunha, antes disso já tínhamos perguntado a respeito da
estrada a outras duas kombis viajantes: Na estrada com Lucy e Moleskombi, nos
alertaram quanto a ser íngreme, mas muito bonita, confiamos na Gertrudes em
descer por ela.
Antes, uma grande serra pela frente, até Cunha – SP, onde
paramos para apreciar a cidade, que por sinal, apesar de ficar em SP se
assemelha muito com cidades do Sul de MG.
A cidade é piquitita, entre as montanhas, com uma visão
fantástica, muito aconchegante também. Demos uma volta pelo entorno da pracinha
principal e ficamos fascinados com a quantidade de fuscas desfilando pela
cidade, voltamos a estrada.
Na saída da cidade uma surpresa, em umas das subidas, a
Gertrudes parou!
Vini pensou que ela tinha perdido a força, mas se tocou que
a gasolina que tinha acabado, tínhamos um galão com 5 litros por precaução,
abastecemos e seguimos, contando que a gasosa daria para chegar a Paraty, já
que faltava menos de 30Km.
Gertrudes abastecida era hora de seguir, o caminho era muito
bonito por sinal, tinha até uma cachoeira na beira da estrada, e claro, paramos
para apreciar o lugar.
Até que chegamos no ponto da estrada em que começava a descida
(muita calma nessa hora), passamos por dentro do Parque da Bocaína, conhecida
como o Caminho do Ouro (trajeto que vai de Paraty – RJ até Ouro Preto – MG), a
estrada é nova e em meio a floresta, em alguns momentos parece que as arvores
vão te abraçar, o clima é bem fresquinho, a visão consequentemente te faz
reduzir a velocidade, também tem mirantes pelo caminho, paramos em um para
tirar algumas fotos... que belezura!
Na beira da estrada reparamos que tinha muitas calotas
perdidas, muitas mesmo, e estavam por todos os lugares, no meio da pista, no
acostamento, no mato e até nas árvores. Ainda fizemos piadas...nossa aqui tem
pé de calota, nunca vi essa arvore. :p
A descida era muito tensa (muitoo!), Gertrudes não parava,
só reduzia a velocidade, o cheiro do freio queimando tomou conta da Gertrudes,
Vini foi quase em pé sobre o freio e ela não parava, daí o pensamento:
“FERROU... se tiver algum carro parado a frente vamos bater!”
Para piorar a situação, quase no final da descida, a pista
afunila e o asfalto fica horrível, tem lugares que só passa um carro por vez,
além da lateral da pista estar desmoronada. Van arriscou uma espiada para o
desfiladeiro abaixo e deu aquela batedeira no coração.
Na descida, cachoeiras, alambiques, rios, muita coisa legal,
mas não paramos, visando chegar logo a Paraty e acertar onde pousaríamos.
Descida concluída sem nenhum contratempo pior, o coração
desacelerou, agora era só chegar, até que, a menos de 1 Km da entrada da cidade
a gasolina acabou (de novo) e ficamos na estrada, dessa vez não tínhamos
gasolina reserva.
Vini foi até o posto, quando voltou... a surpresa: “Perdemos
a calota também!” hahahah, quem mandou fazer piada com as calotas alheias?!
Gertrudes abastecida, andamos um pouco pela cidade e encontramos com uma amiga que não viamos a tempo e que também estava de passagem pela cidade com o namorado e aquela baita mochila nas costas...rs.
Seguimos até o bairro Jabaquara (cerca
de 5 min do centro histórico de carro), onde muitos viajantes nos deram a dica
de ficar por lá, por ser mais tranquilo e por ser ponto de parada de toda
malucada rs.
Parte mais curiosa de toda história....
Voltando meses atrás quando estávamos escolhendo pra qual
lugar iríamos trabalhar na temporada.
Em São Félix do Tocantins – TO, quando cogitamos a ideia de
ir pra Paraty – RJ, Vini comentou de um amigo virtual o Sérgio, que morava em
Paraty e sempre postava fotos de lá e que iria tirar dúvidas com ele quanto a
temporada, daí, quando comentou com o pessoal a respeito desse amigo,
Matheuzinho, Fernanda e o Daniel (que conhecemos na padaria da Juh) indagaram
“SERJÃO? Ele é brother!”
Baita coincidência.
Quando chegamos a Jabaquara, estacionamos para ter ideia do
que iriamos fazer e de repente... “SERJÃO!”
Eis que surge o Sérgio, que nos ofereceu sua casa para que
pousássemos até que nos ajeitássemos pela cidade...caiu do céu!
Dormíamos na Gertrudes e passávamos o dia perturbando o
Sérgio em casa.
Devidamente abrigados, era chegada a hora de correr atrás de
trabalho.... além de toda recepção, Sérgio nos deu dicas de onde procurar
trabalho e onde ouvia falar de ser bacana para trabalhar.
Lá fomos nós, mas a temporada de Paraty começava tarde, no
final de dezembro, e estávamos no final de novembro, tínhamos que persistir, o
tempo não ajudava e todos os dias chovia muito.
Vendíamos alguns brigadeiros na praça, mas a concorrência
era grande, muitos viajantes visitam Paraty – RJ e usam da mesma técnica.
Persistindo um bucado, Van logo arrumou uns freelancers de
garçonete nos finais de semana e Vini ainda procurava algo, após algumas
semanas, Vini arrumou trabalho de ajudante de cozinha em um pequeno
restaurante.
A medida que trabalhávamos, também procurávamos casa/quarto
para alugar e ficamos assustados com os valores dos alugueis, valores típicos
de cidade grande, nem em Morro São Paulo – BA vimos valores tão altos.
Surgiram algumas opções de quartos, camping e casa. A
princípio pensamos no camping por ser mais econômico, mas ao fim do mês seria o
mesmo valor de alugarmos uma casa.
Até que achamos uma casinha que nos apeteceu, mas o seu moço
proprietário pediu um baita dinheiro de entrada na casa...facilitar para quê,
né?! E sabe quem salvou a gente? O Serjão, claro! Nos emprestou uma parte e a
diferença corremos atrás.
Visto a necessidade, Van arrumou outro emprego, um de
camareira de dia e garçonete a noite... era bem puxado.
Restaurante que a Van estava trabalhando. |
Vini trocou de trabalho, agora de garçom, mas só começaria
depois de algumas semanas, como não havia se adaptado ao anterior de ajudante
de cozinha, optou por sair, e nesse meio tempo arrumou um bico para pintar um
barco na praia.
Finalmente estávamos com o valor para alugarmos a casa, o
Sérgio nos presenteou com um chaveiro de boa sorte <3 .="" span="">
As semanas foram passando, Van ficou só em um trabalho
(garçonete) e Vini começou a trabalhar de garçom em um quiosque na praia.
De casa nova, em um lugar tranquilo, no bairro em que
trabalhávamos, uma casinha de frente pro mangue, tínhamos como vizinhos os
caranguejos e os pássaros que cantavam de manhã.
Em poucas semanas chegamos a conclusão...Paraty é um lugar
incrível, reúne pessoas de todos os lugares em uma sintonia parecida, muitos
mochileiros, artistas de rua, artesãos e moradores de Kombi e outros carros.
Isso mesmo, muitos moradores de Kombi, a primeira que vimos
já estava a pouco mais de um mês estacionada, com o casal Moha e Larissa do
Moçambique Arte.
Em uma semana reunimos umas 5 Kombis que estão rodando pelo
Brasil, umas a pouco tempo como a Antônia da Jacque que estava em sua viagem
inaugural até a Bahia e outras a anos, como a Gabriela, Kombi do DJ Carlos que
está rodando a uns 6 anos com o projeto Vibe na Kombi.
Carlos recuperando a kombi companheira e Vini bisbilhotando. |
Muito amor numa foto só <3 .="" td=""> |
Conhecemos muita gente
numa sintonia incrível e partilhamos ótimos momentos de alquimia na cozinha,
nas preparações de jantares com toda galera rs.
Serjão! |
No réveillon recebemos a visita dos pais do Vini, que
ficaram alguns dias matando a saudade e curtindo a cidade. Mas, como de praxe
não tivemos Natal ou Reveillon, passamos trabalhando.
Mas, de certa forma, decidimos que esse verão seria
diferente, conheceríamos o máximo possível da cidade e começamos turistando nas
nossas folgas.
Paraty Mirim |
Praia do Sono |
São Gonçalo |
Quiosque do Ademar |
Cachoeira Poço Azul |
A rodoviária de Paraty é o sonho de qualquer viajante,
qualquer ônibus te leva pra um lugar incrível. Logo, a Gertrudes repousava
enquanto conhecíamos os lugares de transporte público, aproveitando que a
passagem não passava de $4,00.
Bom, como nem tudo são rosas, apesar do lugares lindos que
estávamos conhecendo, nos outros 6 dias da semana trabalhávamos um bocado.
Porém, Vini teve um problema no quiosque em que trabalhava e
foi mandado embora.
O que aprendemos trabalhando em locais turísticos em alta
temporada: há quiosques, bares e restaurantes que não são muitos adeptos a leis
trabalhistas, em alguns, garçons não recebem salários, apenas aquela taxa de
10% do serviço, em outros, funcionários trabalham mais de 12 horas por dia, etc. São trabalhos fáceis de se conseguir, por isso muito
praticado por viajantes, apesar dos problemas.
Enfim, agora só com a Van trabalhando, Vini resolveu dar uma
atenção maior a Gertrudes, e a surpresa!
Paraty chove muito, praticamente todo dia no final da tarde,
e, ai a surpresa, os móveis estavam
cheios de água, o assoalho, as roupas, e o pior, como usamos MDF para fazer os
móveis, deu mofo, além de a madeira inchar e apodrecer. Sim, todos os moveis apodreceram.
Lamentavelmente, tivemos que desmontar todos os móveis,
acabamos com nossa casa :’(
Como era... Como ficou. |
Ficamos um tempo assimilando o baque da perda, mas não podíamos desanimar, chegada a hora de fazer uma reforma.
Logo, se a ideia inicial era juntarmos dinheiro para a manutenção mecânica, agora o dinheiro teria que render para essa emergência também.
Aos poucos íamos pensando a melhor forma de refazer a parte interna, aproveitar o ocorrido e incluir a isolação térmica, que nos fez muita falta no caminho.
E para alegrar nossos dias longe da família e dos amigos, os compadres da Van, Aricélia e Rodrigo, vieram nos fazer uma visita, e trouxeram a Bia afilhada da Van e a Sarah sua prima.
As duas pequenas se divertiram bastante, pra falar a verdade todos nós! Na medida do possível, íamos com eles às praias e curtir um pouco a cidade.
Foi só uma semana e passou mega rápido, deixaram a saudades de toda animação da casa.
Pra nossa sorte também tivemos outra visita inesperada, um casal que
conhecemos em Salvador – BA, Nath e Marcos, nos fizeram uma visita rapidinha.
A principio tinham saído de Salvador para uma esticadinha até o Espirito Santo, mas quando perceberam já estavam no Rio hahaha.
Detalhe que estão fazendo a viagem a bordo de um Uno...sem tempo ruim!
Aproveitamos as visitas para distrair um pouco, mas passado isso, retomamos as rédeas da Gertrudes.
Tínhamos quase tudo planejado, Van continuaria trabalhando no restaurante e Vini aproveitando que estava desempregado agilizaria a reforma.
Mas, tínhamos 2 empecilhos, não tínhamos qualquer ferramenta para trabalhar hahah e por outro lado quando colocamos na ponta do lápis todos os gastos entre reforma, manutenção mecânica, custos em Paraty, percebemos que só com a Van trabalhando não juntaríamos o suficiente.
Que dureza!
O jeito seria Vini procurar outro trabalho, por sorte começou a fazer alguns bicos de aj. de cozinha no mesmo restaurante que a Van estava.
O trabalho engrenou de um jeito que Vini permaneceu no trabalho com pizzaiolo.
Agora sim poderíamos planejar melhor a reforma da Gertrudes, o saldo em caixa iria contribuir.
Mas, temos que confessar o trabalho foi ficando tão cansativo que não nos restava energia pra mais nada rsrs...
Não insistimos, e decidimos adiar para quando passássemos por Duque de Caxias, na casa dos pais do Vinicius.
Trabalho seguia firme, vezes com pouco movimento, vezes com mais movimento. E a medida que os dias iam passando também aumentava aquele faniquito de pegar logo a estrada, ainda mais que se aproximava nossa data de partida, na Páscoa.
Mas, o gerente sairia de ferias e sugeriu uma forcinha nossa até que ele voltasse. Pensando que isso envolveria trabalhar nos feriados e que nos renderia uma graninha a mais. Por que não? Assim, estendemos nossa estadia até o fim de abril.
Apesar da decisão em não mexer na kombi, Vini queria arriscar ao menos fazer o bagageiro. Tínhamos a ideia de fazer uma especie de deck para podermos desfrutar o céu lá de cima.
Ideias foram e vieram, e finalmente optamos pelo bambu. Principalmente porque achamos bem barato em Paraty.
Uns dias de dedicação do Vini e záz...bagageiro prontinho! Ficou no capricho.
Bagageiro prontinho e testado, aguentava nós dois em cima haha.
Outra coisa nos preocupava, a enxurrada de água dentro da Gertrudes aconteceu, pois as janelas laterais estavam sendo corroídas por ferrugem, somando maresia e chuvas constantes a situação foi piorando.
Resolvemos procurar alguém que pudesse resolver e conversando com o pessoal dos carros mais de idade da região, nos indicaram um funileiro/ lanterneiro acostumado a trabalhar com fuscas e kombis.
Fizemos um orçamento, ficou num valor razoável, e valia o investimento.
O moço retirou as janelas, removeu o ferrugem, soldou e tacou-lhe massa.
Nossssa, primeira vez que vimos a kombi com massa e foi de cortar o coração.
A principio tinham saído de Salvador para uma esticadinha até o Espirito Santo, mas quando perceberam já estavam no Rio hahaha.
Detalhe que estão fazendo a viagem a bordo de um Uno...sem tempo ruim!
Aproveitamos as visitas para distrair um pouco, mas passado isso, retomamos as rédeas da Gertrudes.
Tínhamos quase tudo planejado, Van continuaria trabalhando no restaurante e Vini aproveitando que estava desempregado agilizaria a reforma.
Mas, tínhamos 2 empecilhos, não tínhamos qualquer ferramenta para trabalhar hahah e por outro lado quando colocamos na ponta do lápis todos os gastos entre reforma, manutenção mecânica, custos em Paraty, percebemos que só com a Van trabalhando não juntaríamos o suficiente.
Que dureza!
O jeito seria Vini procurar outro trabalho, por sorte começou a fazer alguns bicos de aj. de cozinha no mesmo restaurante que a Van estava.
O trabalho engrenou de um jeito que Vini permaneceu no trabalho com pizzaiolo.
Agora sim poderíamos planejar melhor a reforma da Gertrudes, o saldo em caixa iria contribuir.
Mas, temos que confessar o trabalho foi ficando tão cansativo que não nos restava energia pra mais nada rsrs...
Não insistimos, e decidimos adiar para quando passássemos por Duque de Caxias, na casa dos pais do Vinicius.
Trabalho seguia firme, vezes com pouco movimento, vezes com mais movimento. E a medida que os dias iam passando também aumentava aquele faniquito de pegar logo a estrada, ainda mais que se aproximava nossa data de partida, na Páscoa.
Mas, o gerente sairia de ferias e sugeriu uma forcinha nossa até que ele voltasse. Pensando que isso envolveria trabalhar nos feriados e que nos renderia uma graninha a mais. Por que não? Assim, estendemos nossa estadia até o fim de abril.
Apesar da decisão em não mexer na kombi, Vini queria arriscar ao menos fazer o bagageiro. Tínhamos a ideia de fazer uma especie de deck para podermos desfrutar o céu lá de cima.
Ideias foram e vieram, e finalmente optamos pelo bambu. Principalmente porque achamos bem barato em Paraty.
Uns dias de dedicação do Vini e záz...bagageiro prontinho! Ficou no capricho.
Bagageiro prontinho e testado, aguentava nós dois em cima haha.
Outra coisa nos preocupava, a enxurrada de água dentro da Gertrudes aconteceu, pois as janelas laterais estavam sendo corroídas por ferrugem, somando maresia e chuvas constantes a situação foi piorando.
Resolvemos procurar alguém que pudesse resolver e conversando com o pessoal dos carros mais de idade da região, nos indicaram um funileiro/ lanterneiro acostumado a trabalhar com fuscas e kombis.
Fizemos um orçamento, ficou num valor razoável, e valia o investimento.
O moço retirou as janelas, removeu o ferrugem, soldou e tacou-lhe massa.
Nossssa, primeira vez que vimos a kombi com massa e foi de cortar o coração.
A gente olhava e olhava e não se acostumava com aqueles borrões, mas tivemos que nos acostumar, pois não teríamos grana para fazer a pintura. Esperaria um pouco mais.
Enfim, o mês de abril com tantos feriados passou rápido e logo já estávamos ajeitando a Gertrudes com toda a tralha que havíamos acumulado nesse tempinho em Paraty.
A kombi parecia um carro de cigano com muamba em todos os lugares, mas assim mesmo seguiríamos estrada.
Infelizmente não conseguimos nos despedir pessoalmente de todos que conhecemos, mas com certeza cada um marcou a gente de um jeito especial.
Nossa passagem por Paraty foi ótima, por todas as pessoas e por todos os lugares que conhecemos.
Saímos satisfeitos e agradecidos por todos que de alguma forma contribuíram conosco nesse período.