E cá estamos novamente...
Após a retirada do motor e fuçada na
embreagem, a Gertrudes estava à todo vapor...ou quase, porque pouco tempo
depois de rodarmos um pouco, percebemos que o barulho na embreagem permanecia,
bem menor mas, estava lá.
Conversamos com o vizinho camarada e ele
disse ser normal, ela continuaria andando normalmente. Aliás, afirmou que Kombi
só para se não tiver gasolina ou se rolar uma pane elétrica.
Bom, ainda tínhamos que ajeitar todo o
interior, retiramos tudo que não nos serviria nos próximos meses, mandamos para
SP. E reorganizamos o que nos acompanharia.
Confessamos que depois dessa ajeitada, a
Gertrudes ficou um brinco...de banho tomado, encerada, bagageiro pintado, era
só cair na estrada.
Mas, antes tínhamos uma vontade tremenda de
levar a Gertrudes para dar uma passeada pelo Pelourinho, só não sabíamos se era
permitido circulação de carros ou não, resolvemos arriscar.
Andamos um pouquinho, mais um pouquinho e
começamos a entrar numas ruas beeem estreitas, com algumas mesas e cadeiras no
meio da rua, puxa pra cá, aperta pra lá e de repente Gertrudes no coração do
Pelourinho...hahahah.
E um pouco mais tarde propicio uma despedida
com os amigos que fizemos por Salvador na casa de Maicon e Guadalupe (Projeto
Otra Kombi), e com a presença também dos
amigos Marcos e Nath (já estão com a sementinha da Kombi plantada rs).
Rolou umas trocas de figurinhas sobre as
kombis, algumas ideias de roteiros e aquele desejo lindo de uma estrada para
todos.
No dia seguinte, ajeitação de um lado, de
outro e ainda de madrugada, era chegada a hora de retomar o vento na cara para
nós e para os pais da Van de retornar para SP. Deixamos eles no aeroporto, com
a promessa de passar por SP em breve.
E nessa despedida herdamos o Meleca, dog que
nos acompanharia até nossa passagem por SP.
Não pensávamos em seguir viagem, pois estava
de madrugada e preferíamos não dirigir no escuro e pela canseira da arrumação
durante o dia, decidimos parar no posto de gasolina logo a frente.
Noite tranquila, matamos a saudade de dormir
na Gertrudes e claro da estrada. Sem delongas, bora pro trecho rs.
Chegamos em Feira de Santana, baita cidade,
menos complicada que Salvador, trânsito mais tranquilo e sinalizado. Passamos
num supermercado e seguimos estrada e logo chegamos em Araci, uma das primeiras
cidades da Rota dos Sertões.
Detalhe que chegamos justamente no
aniversário da cidade, paramos na praça e rolava algum movimento, ficamos
esparramados pelos bancos só observando e descansando.
Mas, logo bateu aquela fome e fomos a um
posto de gasolina ali próximo, cozinhamos aquele almoço e os tradicionais
brigadeiros para vendermos à noite.
Alimentados, banhados e com brigadeiros
fresquinhos, voltamos a cidade e a praça, Vini atacou de vendedor e foi sucesso
de vendas. Pessoal muito acolhedor e colaborativo.
Voltamos ao posto para dormirmos, apesar de
ser as margens da rodovia era bem tranquilo e assim foi nossa noite.
No dia seguinte, com Meleca a bordo é difícil
dormir até tarde e até mesmo com o Sol cozinhante rs.
Enquanto fazíamos nosso café, um fusca
impecável parou próximo da Gertrudes e puxou assunto, conversa vai, conversa
vem...Ricardo se disponibilizou para nos mostrar a cidade e claro aceitamos.
Nos levou a praça principal e nos contou
alguns fatos da cidade, não parava de
tirar fotos do seu fusca lado a lado com a Gertrudes. Fomos ao cruzeiro, e a
vista é linda. A cidade é bem pequena mas bastante arrumadinha.
Ricardo ainda nos levou para conhecer sua casa,
nos apresentou sua filha Anita, uma gracinha de menina, nos mostrou também seu
jipe que estava em processo de reforma.
Fomos de volta até a praça principal, Ricardo
nos convidara a tomar um refrigerante, que passou a ser cervejas, e quando
vimos já estávamos almoçando..... a prosa perdurou por toda a tarde, Anita e
Meleca brincavam e nos davam motivos pra boas risadas. Já na hora de partir,
levamos Anita para conhecer o “Carrão”, assim denominou a Gertrudes, pulava,
brincava, atravessava de ponta a ponta nossa casa, e na hora de sair o choro,
ela não queria mais largar o “Carrão”.
Ricardo também presenteou o Meleca com alguns
quilos de ração e ainda nos levou até a casa de seus pais para nos mostrar seu
caminhão pipa, nos apresentou sua mãe. Gente acolhedora e generosa, nossa
retomada estava apenas começando e já nos deparávamos com pessoas maravilhosas.
Passamos no posto que dormimos a noite para
um banho e pé na estrada novamente!
O destino agora era acidade de Tucano, mas
antes ainda queríamos conhecer Caldas do Jorro, cidade no meio do sertão
baiano, fonte de aguas termais. Fomos até lá conferir!
Chegando
na cidade, fomos até a praça principal, conhecida como “Jorrão”, estacionamos e
ficamos sentados na praça observando o movimento, chega a ser engraçado, no
meio do sertão pessoas desfilando de biquínis e sungas, com toalhas jogadas ao
ombro, chegavam de carro, de moto e a pé, para tomar aquele banho quente, mas a
noite não estava fria, chegamos por volta de 18 hrs e ficamos esperando até às
23 hrs criando coragem de tomar um banho, a água é muito quente, algo em torno
de 42°.
Enquanto observávamos o movimento, uns
passavam e espiavam a Gertrudes, até que um senhor se aproximou e contou a
história de seu fusca.
No auge da paixão pelo fusca, ele o comprou
em pleno funcionamento, mas queria inovar seu automóvel. E aí iniciou uma
aventura e claro uma gastação de grana.
Ajeitou toda a lataria, mandou motor pro
fabricante, deu aquele trato...fusca pronto e quase 0km, chegada hora de dar
aquela volta e a decepção.
O fusca até podia estar impecável, arrancar
suspiros por onde passava, mas já não era um fusca e isso desmotivou nosso
colega. Conta que a paixão acabou-se e tão rápido como surgiu, se foi...exceto
o desfalque no bolso, que mesmo tendo sido um valor absurdo não o impediu de
vender para o primeiro que aparecesse. Triste fim do fusquinha!
As horas rolando e a gente pensando em passar
a noite por ali mesmo, aparentemente era uma cidade pacata e até tinha um posto
da guarda municipal, Vini foi se orientar quanto a possibilidade de passarmos a
noite ali pela praça mesmo. Mas, as recomendações foram tipo: cidade pequena,
boa, tranquila, mas sabe como é né?! Às vezes, na alta temporada acontece
alguma coisa e é bom se precaver.
Só o “às vezes” do Sr. Guarda já nos deixou
suficiente precavidos e partimos para o posto de gasolina a margem da rodovia e
no caminho tinha um céu incrível, tivemos que parar no acostamento pra apreciar
um cadinho, apagamos todas as luzes e passamos algum tempo observando o céu.
Até tentamos fazer umas fotografias com um cadin de técnica de longa exposição,
mas não rolou, só saiu um breu com pontinhos, nada a ver com o que víamos.
Seguimos caminho e fomos para o posto, já
haviam muitos caminhões estacionados, arrumamos um cantinho e encostamos a
Gertrudes também. O posto era mega estruturado, banheiros, chuveiros, sala de
TV, Wi-Fi, lavanderia... mas não utilizamos nada disso, só arrumamos a cama e
caímos no sono.
No dia seguinte, quase todos os caminhões já
haviam partido, estávamos praticamente sós naquele enorme estacionamento,
então, preparamos o café, arrumamos as coisas e voltamos pra estrada, sentido a
cidade de Tucano, poucos quilômetros a frente.
Estávamos ansiosos, pois havíamos feito algumas
pesquisas e ficamos sabendo a respeito da feira livre que ocorria na cidade, e
esse era o dia. Na chegada, ruas cheias, estacionamos a Gertrudes e partimos
pra feira, e que lugar incrível, todas as ruas do centro da cidade estavam
tomadas por barracas, vinha gente de todo o canto, cheio demais....
Meleca nos
acompanhava e não entendia nada o que acontecia, latia pra todo mundo, chorava,
corria, cansava e parava.
As pessoas nos olhavam e alguns até
comentavam que o bichinho estava sofrendo, que estava com sede. Assim,
preferimos voltar a Kombi e não abusar do Meleca.
Quando voltamos a Gertrudes, sentamos na
calçada para tomarmos nosso café da manhã com o requeijão que havíamos acabado
de comprar.
Nesse momento, duas garotas se aproximaram e
ficaram de boca aberta com a Kombi, começamos a conversar e contar da viagem, e
como chegamos até aquela cidade. E para nossa surpresa, ambas faziam parte do
coletivo que havia desenvolvido os vídeos sobre a cidade de Tucano e suas
atrações.
A princípio tínhamos nos encantado e ficados
curiosos com o vídeo da feira livre, e depois com o Epicentro Marizá, os demais
vídeos só garantiram que a passagem por Tucano seria obrigatória.
Conversamos mais um pouco e pediram que
aguardássemos por ali, logo depois outra moça nos abordou, Cris era líder do
coletivo da cidade, o COAJ (Coletivo de Ação Juvenil) e comentou sobre todos os
projetos que vem sendo desenvolvidos na cidade por iniciativa da juventude e
apoio da prefeitura.
Depois de muita prosa e troca de figurinhas,
surgiu o convite para passarmos a noite na sede do coletivo. Convite aceito!
A casa muito bem cuidada, organizada e com
aquela alegria jovial. Enfim, tínhamos um cantinho para podermos relaxar rs.
A tarde toda foi regada a muitas visitas de
adolescentes e jovens, todos curiosos por histórias da viagem, e nós animados
em poder compartilhar.
Ficamos impressionados como a organização do
Coletivo tem rendido bons frutos, o projeto Sarau na Rua e a ocupação de uma
praça local são provas disso. Todos muito empenhados.
Inclusive acompanhamos o grupo até a praça
onde ocorreria a ocupação, onde fizeram a coleta de amostras do solo que seriam
enviadas para estudo, afim de saber as condições da terra.
Mais tarde, já alocados era hora de
prepararmos uns brigadeiros para vendermos a noite na praça, pois nos
informaram que tinha um bom movimento devido à falta de opções de diversão na
cidade.
Chegando na praça, vazia! Esperamos,
esperamos e continuava vazia, o caso foi que nessa noite estava rolando na
igreja um casamento comunitário, ou seja, a cidade inteira estava lá, e como
tinha pra mais de 10 noivos se casando, capaz de durar a noite toda.
Dessa vez, voltamos pra casa com todos os
brigadeiros...
Uma noite fora da Gertrudes até que poderia
ser confortável se não fosse a preocupação tremenda de saber que a deixamos
sozinha hahha.
Já no dia seguinte, andamos um pouco pela
cidade, mas o calor não permitia se estender muito na caminhada.
Voltamos,
fizemos um almoço, Meleca passou por uma ducha (até parecia outro cachorro rs),
ajeitamos uma baguncinha na Gertrudes e esperamos um pouco o Sol baixar para
pegarmos estrada novamente.
Então galera.... está ficando cada vez mais difícil o acesso a internet pelo caminho, desculpem a demora, assim que possível vamos atualizando as histórias e os causos.
Gratidão pela compreensão e paciência!
Inté mais chão!
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