sábado, 27 de agosto de 2016

Finalizando a expedição Jalapão

E pra nossa surpresa...não rolou irmos embora no domingo (07.08). 

Na verdade nem tanta surpresa assim haha. São Félix do Tocantins tem uma característica peculiar nesse sentido, tudo demora um pouco mais e não existe emergência, logo não adiantava alimentar nossa ânsia de pegarmos estrada.

O moço da prefeitura veio nos avisar que o caminhão não estava pronto e permanecia em Palmas, nos deu um novo prazo e ressaltou: “se tudo correr bem” o prazo é quarta feira.

Pensamos na possibilidade de irmos embora por conta, e fomos atrás do combustível. O moço que vende gasolina, só tinha uns poucos litros e só seria reabastecido durante a semana.

É, pensando bem não era pra sairmos mesmo da cidade e aproveitando Vini deu uma volta com a Gertrudes e ela estava fraquinha, provavelmente sofreria na estrada. Após umas mexidas aqui e ali, Vini percebeu que estava fora de ponto, única coisa que ainda não manja certinho como funciona e precisaríamos de um mecânico. Mas, o nosso colega mecânico não estava na cidade.

Ok, vamos esperar o caminhão da prefeitura!

E claro a Ju na maior paciência do mundo com a gente, que estenderíamos de novo nossa estadia.

Bom, sem ter para onde correr resolvemos que iriamos até a balsa durante a semana, que Vini já havia conhecido e convenceu a Van a andar até lá (uns 3/4kms).

Madrugamos e sem o Sol no céu ainda, saímos na caminhada...e o medinho de encarar o Cerrado no escuro?


Afinal de contas fomos no modo roots, sem lanterna (mentirinha nós esquecemos mesmo).

Logo, o céu clareou e a caminhada ficou uma lindeza só, entravamos e saímos por uns caminhos no meio de chácaras, até que chegamos a chácara do Sr. Nonato.


Fabrício, seu neto estava ali próximo ajeitando o cavalo para ir à escola e Nonato conversava com dois senhores à frente de casa.

Trocamos umas palavras e logo fomos a balsa, antes que o Sol castigasse mais. Andamos pouco e chegamos ao rio.

Como ainda estava bem cedo, aquela fumacinha ainda pairava sobre o rio e do outro lado um paredão de areia. Tiramos umas fotos e Vini já começou a preparar a balsa para atravessarmos, essa parte do rio tem as margens estreitas. Mas, o rio estava com o volume bem baixo e a balsa não alcançava a areia e apesar do frio logo pela manhã, tínhamos que molhar os pés hahah.


Enquanto isso, o senhor que havíamos encontrado no Sr. Nonato chegou a balsa. E já passou orientações para que todos pudéssemos atravessar, junto com a burra que o acompanhava.

Ele relatava que a burra estava amedrontada, pois dias antes ela havia se desequilibrado e caído da balsa.

Todos a postos, inclusive a burra que o Sr. Sambaiba fez questão que tirássemos foto e ressaltou: mostra na cidade que essas coisas é novidade por lá!


Conversamos e Sambaiba nos contou que mora no início do rio, sua casa fica à uns 40 mts da margem. E relata orgulhoso que a mais de 3 meses não põe o pé na cidade e nem faz questão, não gosta mesmo.

Chegando a outra margem, Sambaiba agradece a ajuda na balsa e relata que tem mais 1h30 de caminhada no lombo da burra, margeando o rio. Afirma que a vista é incrível.

Ficamos por ali e tiramos umas fotos, não arriscamos uma caminhada até o próximo povoado, seria em torno de 1h de estrada de areia e naquele Sol.



Rumamos de volta, e o Sol já castigando e deixando claro as belezuras do caminho que tínhamos feito ainda no escuro, todas as veredas com buritizeiros a perder de vista, todos os pássaros e as araras que fazem questão de encantar.


De volta a padaria, começou uma saga...a medida que avistávamos um caminhão passando pela praça, Vini pegava a bike da Ju e corria atrás.

Não é tão frequente caminhão na cidade, então tínhamos que aproveitar qualquer oportunidade.

Até que uma carreta da companhia de energia que estava fazendo a instalação dos postes na região, nos deixou de resposta um talvez. O rapaz conversaria com seu chefe e nos responderia no próximo dia.

Nessa ocasião até pomos certeza de nossa partida, tão certo que até despedida houve, Ju proporcionou uma baita noite de pizzas, convidamos o Eder, a Cléia e o tio deles Silvio que estava passando pelo Jalapão vindo de MG, que inclusive nos deixou um convite para quanto passássemos por lá, uma figura incrível, também o Mateuzinho, instrutor de rafting de Brotas que passa as temporadas no Jalapão, ô cara gente boa, de bom coração e uma piada só, sempre pronto a participar de tudo que ocorria, se propôs até a esticar as massas das pizzas, e claro, a risada foi garantida.





Mas, alarme falso, o caminhão não poderia nos levar, pois retornaria com alguns postes quebrados... :/

E enquanto isso tudo ia acontecendo nada de novo com o caminhão da prefeitura.

Até que soubemos de um senhor que pretendia ir até a próxima cidade com o caminhão vazio. Lá vamos nós conversar.

Ele iria até Novo Acordo buscar uns tijolos e concordou em nos levar. Aguardava apenas que seu chefe liberasse a grana do combustível. Ufa!

Enfim, respirávamos aliviados.

Os dias seguiam parecidos rs, para não dizer rotineiros. Ajudávamos em alguma coisa ou outra na padaria, começamos a saga dos cajus hahah.

Vez ou outra ficávamos namorando um caju para colher, mas os passarinhos chegavam antes.

Resolvemos envolver os cajus em um saquinho plástico e záz tínhamos cajus rs, teve suco a vontade.


Vini foi ficando cada vez mais apurado na cozinha, inventando umas modas vegetarianas que ficaram deliciosas.

Inclusive testamos uma receitinha meio pão meio pizza, que provavelmente vamos vender pela estrada.

Apesar da comilança, a procura pelo caminhão continuava, e a princípio ficamos nessas 2 opções. Sempre que encontrávamos o rapaz da prefeitura ele nos passava um novo prazo, pois o caminhão ainda estava na oficina. 

E o outro caminhão já havia recebido o valor do combustível, mas como o próprio moço disse: só tá me faltando coragem pra enfrentar essa estrada cheia de costela de vaca. Oh situação!

Mais uma semana estava acabando e nós cogitando a ideia de arriscar a estrada por conta, mas alguém sempre comentava que os atoleiros estavam cada vez piores, ora porque a máquina já não passava mais para fazer manutenção, visto ter acabado a temporada, ora porque os caminhões com os postes da cidade estavam transitando por ela e são extremamente pesados. O coração palpitava e resolvíamos não arriscar.

E o bom de aumentar a permanência é que íamos descobrindo um pouco mais da história da cidade e dos moradores.

O Cleiton, vizinho da Ju sempre parava para uma prosa e como toda sua família é da região tinha causos e causos para contar. 

Sobre as longas caminhadas até a capital, para recados, medicação, médicos, as descidas no rio a bordo de jangada de buriti levando toda a sorte de produtos, mantimentos e etc. Os animais que cruzam pela região, os lugares incríveis que nos mostrou fotos e até como foi feita a divisão das terras a anos atrás para as famílias que iniciaram a cidade.

Tudo enriquecedor e de ouvir com os ouvidos atentos e de boca aberta. Ótimos momentos.

Apesar do enriquecimento cultural, já estávamos ficando agoniados, ora por estarmos as custas da Ju, ora por estarmos “atrasados” com nosso roteiro e por várias caraminholas que a cabeça vai criando com o tempo ocioso.

Até que o moço do caminhão que estava sem coragem, veio até a padaria dizendo ter criado coragem e iria provavelmente em 2 dias.
Esperamos ansiosamente, mas nada do moço no dia combinado.

 Vini foi até ele que informou que estava sem tempo realmente, mas que o caminhão iria de qualquer forma. Ele verificaria a possibilidade do motorista da prefeitura conduzir o caminhão, assim que tivesse um retorno nos comunicaria. Tudo bem, não tínhamos opções.

E claro o caminhão da prefeitura também sem novidades, só ficamos sabendo que o prefeito foi até a capital tentar resolver a situação e não teve muito sucesso.

Aguardar, aguardar e aguardar virou nosso mantra hahah...

Finalmente o filho do dono do caminhão veio até a padaria e informou: Moço, o motorista da prefeitura vai levar o caminhão na segunda feira...mas, tem que levar uma mudança, não dá para levar a Kombi de vocês. Só que fica tranquilo ele vai ter que voltar essa semana ainda pra Novo Acordo e dá pra vocês irem na próxima. E foi embora lindamente.

Como assim? Mas, já não tínhamos acertado?

Detalhe que percebemos em São Félix do Tocantins, acordos de boca não valem lá muita coisa...se você encomendar uns litros de leite, provavelmente a pessoa não vai entregar. Se você fizer uma compra por telefone e aguardar a entrega, provavelmente ela não vai chegar. Se você acordar uma viagem com um caminhão, provavelmente não vai acontecer. E tudo isso acontece numa velocidade própria, não adianta ter pressa ou urgência por algo, muito menos grande necessidade.

Caso exista uma grande necessidade, VOCÊ deve se movimentar com o que for necessário para que as coisas aconteçam. Ou seja, chegada nossa hora. Todo o receio pela estrada sumiu nesse momento, medo de ficar quebrados no meio do nada, medo de atolar, medo de ter que ficar acampados aguardando socorro, mesmo sem ter verba alguma para cogitar um guincho.

Vini, foi dar uma volta com a Gertrudes para saber quão fraca ela estava, reforçou a hipótese de “dar o ponto” certo. Levou até o colega mecânico que em segundos ajustou.

Percorreu as ruas da cidade com muita areia e ela foi excelente, aproveitou para abastecer e claro não foi ao posto de combustível, mas no senhorzinho que vendia uma gasolina bacana.

Também já calibrou os pneus para enfrentar um mar de areia nos próximos 160kms.

E com toda coragem do mundo decidimos nos aventurar pelas estradas do Jalapão. Sairíamos no domingo de madrugada, pois era dia de saída de ônibus para a capital e caso algo acontecesse tínhamos certeza de ao menos um transporte.

Até estendemos o convite para Ju, que estava se programando ir a Palmas, mas acho que ela ficou receosa com a aventura rsrsr...

Com o tempo curto tentamos nos despedir das amizades que fizemos ao tempo que organizávamos tudo dentro da Kombi e também cozinhávamos alguns quitutes para comermos no caminho.

Infelizmente não conseguimos nos despedir de todos como gostaríamos, mas aqui fica nosso forte abraço para o Cleiton, Viltonse (não sei se é assim que escreve rs), Irá, Seu Zé, Biel, Fabrício, Sr. Nonato a criançada e o casal mineiro Eder e Cléia, amorzinho que passaram para nos dar um abraço e o Meleca que se despediu do Xerife.



Bom, tudo arrumado, era o tempo de uma soneca e ainda de madrugada, acordamos a Ju que nos preparou um café e nos deixou várias recomendações. Também nos presenteou com um forninho para aprimorarmos nosso pão de queijo na estrada.

E claro que nossa despedida não foi fácil...a Ju nos recebeu como alguém da família, ficamos tão à vontade que prorrogamos nossa estadia inúmeras vezes e ela em nenhum momento nos deu um sai fora hahahah....

Uma lágrima ou outra fugiram, mas ficou um até breve como promessa de nos encontramos pela estrada.


Seguimos caminho, passadinha rápida na padaria dos mineiros, uma despedida novamente e estrada.

E a Gertrudes na primeira subida nos assustou...não subiu e estávamos a menos de 1km da Ju.

Não era possível, ontem ela estava andando muito bem e de repente fraca, tão fraca que não conseguia ir adiante.

Tentamos 1, 2 e na 3 ela foi bem dificilmente...e para nossa tristeza a 2ª marcha não estava funcionando muito bem, não estava desenvolvendo.

Ainda andamos um pouco pela cidade e a marcha permanecia horrível. Teríamos que voltar pra Ju e dizer que foi uma pegadinha, que não iriamos embora.

Andamos mais um pouco e avaliamos, será possível seguir estrada sem uma marcha funcionando? Apesar do receio, resolvemos arriscar.

Lá fomos nós, ainda muito escuro...muita areia e muitos buracos, mas por enquanto nenhum atoleiro.

Estávamos a menos de 30km/h e mesmo assim a Gertrudes era castigada pela estrada, chacoalhava muito e nós na maior tensão, não se ouvia uma palavra, só nossa respiração e percebia-se os ombros rígidos.

Até que já próximo do Sol raiar, atolamos...quase no final do atoleiro, bora lá. Mãos na areia tirando toda a areia na frente das rodas e atrás e pegando galhos secos na beira da estrada para calçar o caminho da Kombi. Vini no volante enquanto a Van ajudava dando aquela empurradinha na Gertrudes.

E claro é uma receita de sucesso, desatolamos em minutos...vermelhos de areia dos pés à cabeça, retomamos.


Avançávamos poucos quilômetros a medida que as horas passavam, sem pressa e observando atentamente o caminho. Aparentemente a 2ª marcha começou a responder melhor o que facilitou que passássemos muito bem em alguns atoleiros, mas são muitos e ficamos em outros.

Em uma parte do caminho, a estrada é cortada por um riacho, há pontos que a água chega quase no joelho, do outro lado um barranquinho, íamos ter que forçar pra subir, mas como com aquela água? Tentamos na primeira e .... Atolamos! Cavamos por dentro d’água, até esquecemos de possíveis animais que podiam habitar o córrego, tentamos mais uma vez e nada, não tinha força suficiente, a água estava quase na altura do escapamento, demos ré, aceleraaaaamos e záz, saímos do atoleiro \o/

Mais um atoleiro, foi difícil, paramos no meio e ainda estávamos num buraco, empurrar não era o suficiente porque tinha uma espécie de degrau a frente, tentamos 1, 2 e nada. Mas, como estávamos destinados a ultrapassar esses obstáculos, assim que olhamos para a estrada uma picape se aproximava, parou ofereceu ajuda, amarramos a Kombi e nos desatolaram, rápido assim. Ufa!

O Sol começou a intensificar os trabalhos, mas estávamos avançando e isso nos alegrava imensamente, a paisagem em volta também nos surpreendia.




E como já falamos o Jalapão é bruto sim, e nos provou com o próximo atolamento. Esse foi tenebroso, não víamos o seu fim e a areia era muito fofa. Seguimos todos os procedimentos anteriores, mas tínhamos pouco sucesso. A Gertrudes andava só na parte que estava calçada por galhos e logo parava de novo. Haja braço pra tirar tanta areia do caminho, cadê a pá nessas horas?

Fizemos a mesma coisa umas 2 vezes e quase não saímos do lugar, percebemos que outras pessoas ficaram atoladas no caminho, pois tinha muitos galhos por todo o atoleiro.

Até que um Gol parou atrás de nós e 2 homens se ofereceram para empurrar, felizmente. Gertrudes estava pesadinha, ou a Van já estava cansada.

Bom, desatolados o rapaz alertou que nos seguiria para auxiliar caso atolassemos novamente.

Ficamos pensando, como esse carro baixinho desse jeito chegou até aqui? Hahaha...

Em poucos metros outro atoleiro imenso e ficamos de novo. O moço já logo parou atrás e perguntou vocês não são daqui não né? Não conhecem a estrada? (Sentimos aqui um tom gozador, do tipo esses amadores) hahahah e éramos viu, porque ele ainda não tinha atolado enquanto nos seguia.

Atolamos outras vezes, mas que foram rápidas e não precisamos de auxílio dos amigos do gol.

Até que chegamos a parte mais temida da estrada ao nosso ver, era uma subidinha boba, mas que tinha uma areia diferente, parecia talco, vermelha e muito, muito fofa.

Ouvimos vários relatos de pessoas atoladas nessa parte e claro nos assustamos.

Bom, nos preparamos e fomos, sim fomos sem ATOLAR....hahaha. Comemoramos tanto que até Gertrudes merecia uma medalha pelo desempenho e Vini pelo manejo kkk.

Logo a frente um barzinho, paramos para um banheiro, uma água e para nos precaver comprando um pouco mais de gasolina. (Pela bagatela de 6$ o litro).



Os companheiros do Gol pararam e avisaram que seguiriam viagem, mas nos tranquilizou que o restante do caminho seria tranquilo, já havíamos passado pelo pior. Agradecemos imensamente.

Respiramos um pouco, Meleca se lambuzou na areia e na agua, mas não queríamos perder tempo, pois tínhamos mais 80kms a frente.



Realmente não passamos por nenhum atoleiro monstruoso, uns poucos mas todos superáveis. Mas, por outro lado muito buraco, muita pedra e o terror das portas da Gertrudes....as costelas de vaca (são ondulações na estrada, causadas por tratores que passam para “melhorar” o caminho).


Com certeza melhora para os carros traçados que nem percebem a diferença, porque a estrada fica sem buracos e compactada, não há areia fofa. Só que essas ondulações fazem a Kombi balançar inteira, as coisas saem dos lugares, os armários abrem, as portas fazem um barulho ensurdecedor e a areia vai para todo o interior da Gertrudes.

Com calma e reduzindo a velocidade sempre que esses trechos surgiam, seguimos.




Na estrada, até que cruzamos com uma quantidade razoável de automóveis, ou seja, não esperaríamos muito tempo por socorro.

A paisagem em volta é linda, paramos várias vezes para fotos e para apreciar. Inclusive vimos um tucano e agradecemos por estarmos ali naquele momento.


Finalizamos a estrada de areia em 7horas (Saída 5:30/ Chegada 12:30), média de 22km por hora e 7 atolamentos, com um desempenho incrível da Gertrudes.

É isso galera, loguinho postamos a continuação das aventuras da Gertrudes.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Ô Cerradinho...Ô Cerradão!


Mumbuca e as crianças espoletas vão deixar saudades...

Assim que saímos da Mumbuca, logo na estrada há o Fervedouro das Bananeiras ou do Ceiça, e por lá paramos.


Estacionamos a Gertrudes e deixamos o Meleca por ali, mesmo com a choradeira que corta o coração.

Caminhamos por uma trilhazinha rápida e logo chegamos ao Fervedouro e encontramos o Ceiça, pediu que aguardássemos, pois há um limite de pessoas dentro do fervedouro.


Enquanto isso conversamos um pouco e logo era nossa vez, havia um grupo de senhores que logo puxaram assunto e no meio da conversa, um deles comenta que já nos acompanha pelo facebook...ahhh ficamos felizes demais. 
São um grupo de amigos de MG que fazem parte de um clube de jeep e nas férias exploram algum destino. Ficou o convite para visita-los em MG e nossa gratidão por estarem nos acompanhando.


Eles se foram e junto o Ceiça que nos deixou à vontade para permanecermos no fervedouro até que chegassem mais pessoas, e não chegou. Mas, logo tivemos que ir embora também, pois não queríamos deixar o sol ir embora antes de chegarmos a cachoeira.





(nesse momento imaginem a musiquinha do Fantástico hahaha)

De novo na Gertrudes, Meleca só dormia...retomamos a estrada. Muita areia, sem trafego de carros, o que de certa forma nos deixava preocupados...se algo acontecesse, íamos esperar um tempão por ajuda.

Seguimos e já próximo da entrada da Cachoeira do Formiga, estacionamos a Kombi e arriscaríamos uma carona até a cachoeira, cerca de 5kms.

Logo que paramos um rapaz abordou o Vini e perguntou de ferramentas, pois seu carro estava parado logo a frente e atolado.
Vini foi até lá, mexe aqui, mexe ali e não teve jeito o peito de aço havia entortado e forçar sair dali só pioraria a situação, a Gertrudes entraria em ação. 


Gertrudes deu uma puxadinha e logo o carro estava em terra firme rs. 



Na verdade era um Gol bolinha, e imaginamos como ele foi parar ali? Os carros tudo bruto e a gente com dó de colocar a Gertrudes em qualquer lugar.

Enfim, o moço que estava acompanhado de uma moça afirmou que tanto seu carro quanto a Gertrudes chegariam tranquilamente até a cachoeira, confiamos e fomos.



A estradinha péssima, quase não tinha caminho aberto para um carro, mas o Gol estava à frente e seguia...até que em poucos metros ele atolou novamente.

Claro que ficamos assustados, onde estávamos era areia pura se parássemos também atolaríamos, Vini sem pensar já voltou dali mesmo e de ré.

Caçarola, já tínhamos perdido um tempão e não ia rolar voltar e esperar carona, logo o sol já ia se por.
Com uma culpa danada, decidimos deixar a cachoeira pra outra oportunidade.
:(

De volta a estrada, parece até que estávamos nos acostumando com a quantidade de areia #SQN!
Um pouco mais a frente ficamos na areia.... mas não atolamos. Há sempre um tempo muito curto para decidir por onde vamos passar, ás vezes, acabamos escolhendo o caminho errado e daí o drama de cortar toda a areia.

Mas a estrada sempre recompensa o esforço, mais a frente nos deparamos com um rio enorme, largo e que nos convidava a um banho... escolha perfeita.





Seguíamos caminho e eis que havia uma subida, muito tenebrosa por sinal, parecia que tinha talco no chão, sem hesitar aceleramos e paramos poucos metros antes do topo, saímos de Gertrudes, ao pisar no chão os pés afundaram... Oh Good!
Tentamos acelerar um pouco mais e conseguimos sair sem muito esforço...UFA!  

 Estávamos sem pressa e até por isso finalmente chegamos em São Félix do Tocantins.

O que não havíamos comentado é que enquanto estávamos em Mateiros, avisamos a Marsha, lá de Tucano – BA que estávamos no Jalapão, se ela poderia verificar em sua rede de amigos alguém que pudesse nos receber e záz surgiu a Ju, ficamos acertados que em São Félix a procuraríamos.
Já na cidade, ficamos aliviados, pois as ruas principais são asfaltadas e não víamos isso a um tempo.

Fomos em busca da Ju, perguntamos na padaria da praça e logo a indicaram.
Estacionamos e fomos recepcionados por uma trupe de SP, inclusive Juliana e todos vieram parar nessa cidade.

A Juliana foi mega acolhedora e nos deixou à vontade em sua padaria que estava em reforma.
Meleca já logo conquistou a galera e também nos convenceram a deixá-lo solto, meio receosos arriscamos. É claro que o Meleca latiu pra tudo e todos que via, mas em pouco tempo se acostumou.


Juliana, passou pelo Jalapão gostou e resolveu morar e já está próximo de completar um ano por essas terras, assim como a galera que estava pela padaria quando chegamos um veio trabalhar com rafting, o outro já mora a anos no Tocantins.



Enfim, o Tocantins realmente é atraente seja para turismo ou pra residência.
Bom, estacionamos a Gertrudes, tomamos um banho, jantamos e fomos conhecer a prainha Alecrim que fica no fim da rua.



Muita prosa, viagens e viagens, tudo inspirador. Mas, cansados do caminho era chegada a hora de descansar e dormimos na Gertrudes.

Pela manhã, café e pão de queijo...pronto, não precisávamos de mais nada hahah.
Entre todas as conversas, nós não tínhamos definido data para irmos embora, e também não sabíamos por quanto tempo poderíamos ficar na Ju, visto que o posto de gasolina da cidade não é bem um posto :/

Até que a Ju propôs que ficássemos o mês das férias, visto que o movimento na cidade aumenta bastante e é a temporada de praia, que atrai muitas pessoas por conta de barracas de comidas e shows aos finais de semana. Assim, poderíamos dar uma força na padaria que reabriria ao público.
Bom, a proposta foi feita enquanto nos banhávamos no Rio Sono, depois de uma caminhadinha com uma visão linda. Claro, aceitamos!







E o que seria alguns dias, se estendeu por 2 meses...


E durante esse tempo o que rolou?

















Aprendemos a fazer uns pães, pão de queijo, aperfeiçoamos a tapioca, nossa companheira de estrada e a comida vegetariana.

Recebemos também a visita do "Herb do Cerrado", fusquinha que seria recuperado pra transportar os equipamentos para a galera do rafiting.







Vini treinou remada com o bote no rio Sono, fez rafting com a galera e até trekking no cerrado. Apareceu até um trampinho de motorista.












E claro muita prosa, muita mesmo, ora com a galera que passava pela padaria e perguntava pela Gertrudes, ora com a galera da região que nos contava sobre os costumes e sobre as belezuras do Cerrado.

Também rolava aquela chateação quando sabíamos que cada vez mais o agronegócio tem avançado e destruído o cerrado.

Enquanto tudo isso rolava, vez ou outra nos preocupávamos com a estrada que pegaríamos para ir embora, ora estava boa, ora ruim. Afinal, são 160 quilômetros de areia e atoleiros.

Até para não ficarmos neuróticos com isso, fizemos nossa despedida com a Ju e fomos conhecer o Fervedouro do Alecrim, bem próximo de onde estávamos. Ô que belezura!











Quando finalmente decidimos ir embora, fomos abastecer no posto da cidade, que já havíamos comentado que não era bem um posto...e aí nossa surpresa.
Logo na saída do posto, a Gertudes morreu e voltou a padaria com muito custo. Depois de estacionada não funcionou mais.

Aí sim bateu o desespero, o que será?

Por sorte o vizinho era mecânico e por boa vontade veio dar uma olhada na Kombi, após mexer daqui e mexer dali o veredicto: Moço, isso aqui num é gasolina não, sente o cheiro.

Quando tiramos um pouco da “gasolina” do tanque, que decepção!
O que faríamos?
Água e "gasolina" quase da mesma cor
Decidimos ir ao posto reclamar e o dono do posto queria ver com os próprios olhos, veio até a Gertrudes e alegou que não havia recebido nenhuma reclamação do combustível. Mas, que entraria em contato com seu fornecedor e conversaria a respeito e depois nós o procurávamos.

No dia seguinte retornamos ao posto e ele se isentou de qualquer responsabilidade, alegou inclusive que o problema seria nosso veículo, que provavelmente estava com problemas, pois já havíamos procurado por um mecânico na cidade.


Claro que procuramos, depois de abastecer a Kombi não funcionava.

Ele então entrou em contato com seu fornecedor e explicou o ocorrido, a pessoa do outro lado passou um telefone provavelmente de um SAC e orientou que entrássemos em contato.


Bom , a essa altura o dono do posto e sua esposa estavam alterados e diziam que sua gasolina não era o problema, retomando que não havia recebido qualquer outra reclamação.

Quisemos deixar claro que o problema não era com ele e sim com o combustível que ele estava comercializando, inclusive afirmamos que outros veículos não sentiriam problemas por serem injeção eletrônica.

Afirmávamos que não ficaríamos no prejuízo, pois havíamos conversado com outras pessoas que tiveram o mesmo problema, mas que por receio não procuravam por ele, pois tinham “medo” sendo ele dono do único posto de combustível da cidade.

Insistíamos que queríamos a devolução do dinheiro, e ele afirmava que não o faria. Daí solicitamos a nota fiscal, para procurarmos nossos direitos e ele não emitia.
Pedimos então que ele fizesse o teste no combustível para que pudesse atestar o que alegávamos e ele não tinha o material para o teste. Possuía apenas o teste que o motorista entrega assim que traz o combustível.

O proprietário estava cada vez mais alterado, como se o tivéssemos ofendendo.
Quando sugerimos que ele providenciasse uma nota fiscal e um código do consumidor para que então verificássemos nossos direitos junto a órgãos como ANP, Procon e afins. Sua esposa, finalmente cedeu...concordou que devolveria o valor que pagamos, assim que devolvêssemos o combustível.

O frentista do posto nos acompanhou até a Gertrudes e no caminho apanhou um outro rapaz na rua que o auxiliaria, eis que o rapaz não sabia do ocorrido, mas foi ele quem começou a extrair o combustível do tanque e sua primeira reação foi: Ô moço isso aqui não é gasolina não!

Nesse momento nada mais foi dito, a “gasolina” voltou pro posto e o valor que pagamos para a carteira.

Enfim, a Gertrudes ainda não estava funcionando e por fim não tínhamos de onde comprar combustível. E agora José?

A essa altura a maioria das pessoas da cidade já estavam envolvidas com a situação, quem passava pela rua parava e comentava a respeito, dava um pitaco do que poderíamos verificar no motor, até que um vizinho informou que um rapaz na cidade vende gasolina.

Fomos atrás dele e compramos um pouco de gasolina para testar e apesar de não ser combustível de um posto, tinha toda a aparência e cheiro de gasolina rsrs.

Começou uma operação hahaha....Vini assistia um vídeo no youtube e testava na Gertrudes, assistia outro e testava, depois o mecânico vinha e tentava algo diferente.

Bom, todos esses testes já perduravam uma semana e nós só pensávamos em como sair de São Félix.
Foi quando pedimos um help em grupos do facebook e cada um sugeriu algo, e todas as sugestões foram verificadas, assim como todas as hipóteses levantadas pela galera que passava pela rua e em todos os vídeos do youtube.

A Gertrudes ainda não funcionava, mesmo já tendo sido visto todo o motor e parte elétrica.







Até que testamos a Gertrudes com outra bobina e acabamos por incendiar o cano de descarga, um baita susto. Mas, depois disso ela começou a soltar uns tiros e finalmente deu sinal de vida. 
Ela funcionou! \o/

Só faltou soltarmos rojões hahah...com certeza comemoramos!

Pronto, vamos embora no dia seguinte, mas como tudo em São Félix do Tocantins tem um tempo próprio, como diz a Ju. Não poderíamos ser tão afoitos assim.


Testamos mais vezes a Gertrudes e ao que tudo indica ela havia se recuperado.

Mas, nessa prosa toda que rolou com os vizinhos, uma galera que trabalha na prefeitura sugeriu que verificássemos a possibilidade de irmos embora com o caminhão que faz o transporte de suprimentos da prefeitura. Para isso deveríamos ir até a prefeitura e agendar a data.

Pensando que estávamos receosos em sua recuperação 100% e que realmente a estrada não brinca em serviço, ficamos balançados.

Pensamos e optamos em tentar esse transporte, fomos a prefeitura explicamos todo o causo e o responsável informou que a próxima saída até Palmas, já teriam um carro para levar, chegando lá o caminhão iria para mecânica e quando retornasse seria nossa vez. Ufa!

Já imaginaríamos que não seria tudo a toque de caixa, demoraria a manutenção do caminhão em Palmas, assim como retornar a São Félix e depois então sair de novo.

Ou seja, lá se vai de uma semana pra cima. E cá estamos aguardando essa carona com o caminhão, prometida para o próximo domingo (07/08).

Pois é, ainda estamos por aqui. Mas, pelo menos estamos em dia com vocês hahah...

Até as próximas novidades!