Estávamos no posto sem lenço, sem documento
rsrs.
O sonho de conhecer o Jalapão começou a virar
pesadelo...hahah. Paramos e pensamos nossas possibilidades, que beiravam o
zero.
Não tínhamos saída, pois não dava para voltar
ou seguir em frente, bora pedir ajuda pro povo.
E a cada caminhoneiro que encostava nós
contávamos a situação e sugeríamos que poderíamos escambar os produtos que
tínhamos, vinhos, mel e rapadura por gasolina.
Algumas recusas, outra ajuda sem interesse
nos produtos, convites para jantar e aquele receio de que tivéssemos que ficar
por ali mais uma noite até alcançarmos o valor que precisávamos.
Resolvemos esfriar a cabeça, tomamos banho,
cozinhamos e enquanto lavávamos a louça alguns caminhoneiros se aproximaram e
observavam a Gertrudes, queriam conhece-la. Fizeram algumas perguntas e nos
convidaram a se juntar a eles. Convite aceito!
Cabe um adendo: enquanto cozinhávamos o Meleca rolou numa matinho ali perto e ficou com a barbixa cheiaaaaaa de um tal agarra pinto, parece carrapixo mas tem uma colinha que não desgruda por nada, e ele ficou cheio disso, na barba, bigode e no corpo. E claro que não deixava a gente tentar tirar, ficou assim.
Enquanto íamos até seus caminhões encontramos outros 2 caminhoneiros e
aproveitamos para conversar a respeito da nossa situação, ambos estavam em
situação parecida, pois ainda não haviam descarregado e não tinham recebido o
pagamento pelo frete e precisariam aguardar o fim de semana todo para
retornarem à fazenda.
Ficaram curiosos sobre nossa viagem e
começaram a nos orientar que seria impossível irmos de Kombi para o Jalapão por
dentro das fazendas. Como assim moço? Não piora nossa situação.
Comentaram que o caminho é complicado, pois
corta várias fazendas e que não há qualquer indicação de direção, além de que o
caminho é cheio de atoleiros e que caso ficássemos em algum, dificilmente
avistaríamos outro carro para nos socorrer no fim de semana, somente na segunda
quando os caminhões retomam o trafego.
Aí sim ficamos mais preocupados ainda, mas
iriamos insistir em fazer esse trajeto, pois qualquer outro caminho aumentaria
cerca de 600kms e não pensamos nisso como opção.
O moço percebendo nossa teimosia se rendeu e
desenhou um mapa do caminho todo, com aviso de placas, bifurcações, nome de
fazendas e tudo mais. Até entrou em contato com gerentes de outras fazendas
para indicar o melhor caminho.
Pronto! Já tínhamos um mapa, só faltava a
gasolina. Hahaha...
Chegamos ao caminhão do amigo que nos
convidou, fomos recebidos com pinga típica de não lembro qual região, carne de
sol e cerveja.
Foi uma noite de longa prosa, causos de
estrada, receitas da Ana Maria da BR rsrsr....e enquanto conversávamos alguém
corria por entre os caminhões atrás de uma galinha, e ela claro muito sagaz,
não foi pega.
Ficávamos atentos a todos os caminhões que chegavam, pois abordamos todos e aos
poucos as ajudas iam crescendo, já estávamos com uma quantia considerável.
Mas, o cansaço ia batendo e já íamos dormir
quando fizeram um novo convite para o café da manhã com o típico cuscuz de beira
de estrada.
A prosa se estendeu e o entrosamento foi tão bom, que nem pensamos em registrar com fotos :/
Nos recolhemos à Gertrudes, e a noite foi
longa. Pensando as possibilidades para sairmos dessa enrascada...poderíamos
pegar carona com um caminhoneiro e ir até a cidade mais próxima com caixa
eletrônico e voltar também de carona, ou ficarmos estacionados aqui forever. O
sono chegou!
Ainda sem sol no céu, acordamos e a Ana Maria
da BR já nos chamou pro café, realmente o melhor cuscuz até hoje, com direito a
receita.
Dessa vez o café foi rápido e a prosa curta,
pois eles já estavam de saída. Mas, antes contribuíram com a gente, cheios de
generosidade nos desejaram uma boa estrada, assim como desejamos a eles com o
coração cheio de gratidão.
Sim! Nós já tínhamos o suficiente para
abastecer e pegarmos estrada com o mapa em mãos.
Agradecemos a todos os motoristas que nos
ajudaram e que nos recomendaram inúmeros cuidados no caminho, assim como
deixaram várias dicas do que fazer no Jalapão.
Lá fomos....
A frente areia, ao lado plantação de grãos e
do outro só o horizonte tomou o lugar de onde, a poucos dias era plantação
também.
Seguimos rigorosamente o mapa com medo de nos
perdermos e não ter para onde pedir socorro.
Em alguns momentos o coração gelava ao ver tanta
areia e pensávamos, vamos atolar. Mas, Gertrudes é bicha braba e nos levou
tranquilamente.
Cruzamos com um caminhão, pedimos orientação
e nos indicou que mais à frente uns 3 kms, estava a fazenda que procurávamos.
Muitas fazendas depois, nos perdemos...e
entramos fazenda adentro até que avistamos no retrovisor um carro atrás de nós buzinando.
Onde vocês vão?
Pra Mateiros.
Moço, essa estrada não leva a lugar nenhum não, se seguir em frente vão cair na
serra. Tem que voltar e lá na porteira virar à direita.
Poxa, já tínhamos andado uns 5kms adentro e a
gasolina estava contadinha.
Voltamos e seguimos pelo caminho correto, não
cruzávamos com nada no caminho. Até que poucos quilômetros à frente começamos a
ver algumas casas, e uma pousada paramos e pedimos informações, finalmente
estávamos chegando.
A paisagem já estava modificando também, o
cerrado tomava forma, a areia deu espaço a uma poeira vermelha e nós quase
esgotados, seguíamos.
Até que a Gertrudes parou, não porque quis,
mas porque o combustível foi embora mais rápido do que imaginamos.
Ô Jalapão bruto!
Sabíamos que estávamos próximos – cerca de
20/25 kms – decidimos esperar um pouco para talvez alguém passar, e depois
tentaríamos ir andando até a cidade.
Em poucos minutos uma caminhonete passou
cheia de pessoas na caçamba, mas no sentido contrário, ela parou explicamos o
que estava acontecendo e ele nos orientou a aguardar, pois ia a um povoado
próximo numa reza e retornaria para nos ajudar.
Menos mal, vamos aguardar. Enquanto isso
preparávamos um cuscuz de almoço.
Até que avistamos uma moto, parou ao nosso
lado e novamente contamos a situação, e o moço muito prestativo se comprometeu
a nos ajudar mesmo informando que não tínhamos um tostão.
Estrada afora o moço sumiu e em alguns
minutos voltou com 2 litros de gasolina a troco de um muito obrigado.
Terminamos de comer e seguimos estrada e em pouco tempo a gasolina novamente acabou, e isso já esperávamos, pois
na areia a Kombi estava consumindo muito mais.
Como já estávamos próximos da cidade, logo
nos preparamos para ir andando até o posto, quando o moço da caminhonete nos
parou de novo e ofereceu carona até o posto.
Van foi na caçamba com outras pessoas que
disseram que poderíamos usar um banco na cidade para sacar e comprar a
gasolina. Pense numa aventura?!
O motorista dirigia sem medo de ser feliz,
passava em alta velocidade em buracos, atoleiros e arrochava, todos pulavam uns
metros da caçamba e voltavam com aquela sensação de que os órgãos saíram do
lugar.
Enfim, Mateiros a primeira cidade do Jalapão.
O moço da caminhonete deixou as orientações para o frentista: A turista tá com
uma Kombi parada ali na ponte, sem gasolina e tá procurando o banco, explica aí
pra ela e não deixa ela voltar sozinha.
Eis que vem o frentista: Então moça, aqui não
tem banco só o posto bancário no supermercado e hoje está fechado. Tenta
conversar com aquele moço ali que é o dono do posto, ele talvez possa ajudar.
Oh céus!
Lá vai a Van interromper a cerveja da galera,
do outro lado da rua embaixo de uma arvore tinha uma mesinha e 2 casais
sentados.
O dono do posto estava no celular, desligou e
a Van começou a contar tudo novamente.
Ele meio receoso orientou o frentista a
encher o galão que depois acertaríamos.
Galão em mãos a Van já estava no caminho
quando um moço a alcançou e disse ser muito perigoso a estrada.
Então moço não tenho outra forma de ir se não
for andando.
Calma moça, vou te dar uma carona.
Caminhonete traçada, ar condicionado em
poucos minutos estávamos na Kombi e o moço ainda se dispôs a nos acompanhar até
o posto de gasolina de volta para auxiliar caso acontecesse qualquer outro
problema. E teve!
Vini tinha dado uma vistoria na Gertrudes minutos antes, e ela começou a andar
beeem fraquinha.
Paramos, orientamos o rapaz que poderia seguir que tentaríamos verificar qual
era o “problema” da Kombi. Ele insistiu que nos aguardaria, e nós insistimos
que não tomaríamos seu tempo no domingo, ele seguiu.
Vini mexeu num parafuso aqui e outro ali e em
minutos já estávamos com ela a todo vapor.
Poucos quilômetros à frente e chegamos
finalmente em Mateiros, paramos no posto, conversamos com o dono novamente,
contamos todo o causo e ele nos passou os dados da conta para pagarmos nossa dívida.
Paramos, olhamos em volta e até onde enxergávamos
só víamos areia e mais areia. Caracas!
Bom, conversamos com o frentista e nos disse que poderíamos estacionar no posto
e ficarmos por ali o quanto fosse necessário, o dono era tranquilo e já estava
acostumado a receber viajantes. Também nos informou a distância para as cidades
mais próximas que poderíamos encontrar agências bancárias, e todas muito longe.
Seria possível arriscar uma carona que era difícil, segundo ele ou pagar a van
que tem dias e horários restritos, ou ainda fretar uma moto que sairia em torno
de uns $ 350,00. Como?
Estacionamos e começamos a matutar o que
faríamos, a princípio para pagar a gasolina e depois para abastecer e seguir
viagem.
No dia seguinte fomos até o centro de
informações turísticas, afim de saber um pouco sobre a cidade e possíveis
possibilidades de trabalho, só conseguimos uma água gelada por lá.
Conversamos bastante sobre a cidade, sobre a
nossa surpresa com a estrutura que encontramos versus a que esperávamos.
Mateiros seria o ponto de partida para a maioria dos atrativos do Jalapão,
pensando nisso o fluxo de turistas é constante, e por isso imaginamos que teria
comércio, bares, etc.
Teimosos fomos atrás, andamos, conversamos,
perguntamos e nada!
Pelo que soubemos quem trabalha formalmente,
são os servidores públicos e os demais nas poucas pousadas pela cidade.
E claro, foi aumentando a preocupação, como
vamos sair daqui? ´
Aos poucos fomos conversando com o máximo
possível de pessoas e indo em todos os comércios, arrumamos um amigo Sr.
Murrão, um almoço na Dona Rosa e uma oferta de trabalho com a Dna. Bibi,
finalmente.
Na verdade Bibi não tinha um trabalho propriamente dito, mas frente a nossa
história queria nos ajudar e acordou que poderíamos cozinhar na pousada,
ofereceu a alimentação e até um cantinho para estacionarmos a Kombi.
Agradecidos pelo espaço, optamos em ficar
pelo posto de gasolina, pois o Meleca poderia arrumar alguma confusão com os
gatos de Bibi. Mas, as refeições com certeza foram muito bem vindas.
Os dias passando e aquela vontade de seguir
viagem só aumentava, mas seguir como?
A princípio só tínhamos a comida garantida,
mas nenhum trabalho que nos rendesse ao menos um tanque de gasolina.
Entre idas e vindas da pousada ao posto de
gasolina, conhecemos dois irmãos Andrei e Álvaro, ainda crianças, que curiosos
se aproximaram da Kombi e dispararam perguntas sobre tudo, como vivíamos ali? Por
onde viemos? Onde cozinhávamos, dormíamos, comíamos, banhávamos?
Perguntas respondidas, passávamos todas as tardes em sua companhia
observando-os rolarem na areia com suas bicicletas e proseando sobre a roça do
pai, os avós no Rio Grande do Sul, a égua recém adquirida pelo pai e como era
mansa, escola, até que o pai os vinha chamar para dormirem.
Apesar do passatempo, ainda não tínhamos
ideia como ir embora. Bibi não comentava e nós desajeitados com o assunto $
também não.
Ainda tínhamos a divida com o dono do posto, e isso nos incomodava, mesmo que
ele não tocasse no assunto em momento algum.
Foi quando decidimos pedir um help pros mais próximos, liga pra um, liga pra
outro e nos emprestaram o dimdim da nossa dívida com o posto. Ufa!
Até que num sábado ao chegarmos na pousada
ela comenta que precisa de uma boa faxina na cozinha, arregaçamos as mangas e
lá fomos a lida.
Geladeiras, fogão, freezers e chão limpos, no
fim do dia estávamos acabados literalmente. Mas, Bibi agradecendo nos pagou pela faxina e nos
orientou a tirar o domingo de “folga” e irmos até o fervedouro para conhecermos...enfim!
Sugestão aceita e apesar de termos o dinheiro pra gasolina, não era o
suficiente. Optamos em ir, mas de carona.
No dia seguinte, saímos cedo para conseguirmos alguma carona, afinal 17kms, no
caminho encontramos Murrão que não acreditava que iriamos nos arriscar com uma
carona e era enfático: Larga de bestagem, vão torrar nesse sol.
Relaxa Murrão, vai dar certo.
Já no segundo dedão, uma caminhonete parou e
lá fomos na caçamba e com aquele sol na moringa.
Quando chegamos no Fervedouro dos Buritis, um
senhor se apresentou e explicou sobre o fervedouro e indicou o caminho, durante
essa conversa um outro rapaz se aproximou e se lembrou de nós.
Ele trabalha numa borracharia ao lado do
posto que estávamos estacionados, e por onde Vini passou pedindo emprego, ou
seja, já sabia o perrengue.
Ele então sugeriu que fossemos ao fervedouro
e na volta parássemos para almoçar com eles, pois tinha um churrasco sendo
preparado.
Fomos ao fervedouro, e claro ficamos extasiados
com o que vimos. Como pode a água brotar da terra dessa forma e não deixar você
afundar? Doido. E próximo ainda há uma cachoeira...zinha, claro que passamos
por ela.
Voltamos e novamente nos convidaram ao
churrasco, e dessa vez foram diretos: relaxa que é por nossa conta.
Comemos, conversamos com todos que estavam
por ali, a família estava reunida e fomos muito bem recebidos.
O fervedouro pertence a essa família que
cuida do local e vive dessa renda, todos são remanescentes de quilombolas e que
mantem tradições de comunidade, tão esquecidas hoje em dia nas grandes cidades.
A casa feita em adobe, a criação de galinhas,
a confecção de blocos em adobe para uma futura reforma na casa.
Fato é que o tempo passou enquanto estávamos envolvidos
na prosa, que a carona que nos deixou ali já havia ido embora e já estava próximo
do pôr do sol, resolvemos pegar estrada.
Preocuparam-se em nos dar água para o caminho e agradeceram nossa visita,
desejando boa sorte na estrada e ainda não nos cobraram a entrada.
Lá fomos...a caminhada até a estrada
principal seria de uns 7kms, com sol a pino. Andamos, paramos, apreciamos,
tiramos fotos, bebemos água, e já chegando na estrada principal recebemos a
carona de 2 motos.
De volta a Mateiros, chegamos na Kombi cansados, mas agradecidos pelo dia que
só nos surpreendeu com pessoas e atitudes de bem.
E lá nos esperava o Meleca, que segundo o frentista dormiu o dia todo. Preguiçoso!
Ao chegar em casa (ráá), no posto, o dono nos
chamou e disse que iria nos ajudar: “Também já comi o pão que o diabo amassou,
vou dar 30 litros de gasolina a vocês!”
Opa.... era o que precisávamos!
Sem hesitar, agradecemos e decidimos, vamos
embora amanhã!
Preparamos aquela jantinha marota e fomos dormir tranquilos, tudo havia se
resolvido, todos nos ajudaram.
Na manhã seguinte, acordamos não muito cedo,
começamos a arrumar tudo pra partida, eis que, vários jipes encostaram para
abastecer, eram quase 10h, continuamos a arrumação, até que o dono do posto
chega e nos fala: “A gasolina acabou.... o caminhão tanque só chega à
noite."
Eita poxa!
Passamos o dia meio que a espera do dia seguinte...
ficamos sabendo de um córrego que dava para banhar, e lá fomos nós, ficava
próximo a cidade, dava pra ir a pé.
Durante a tarde, Álvaro e Andrei (irmãos) apareceram
pra uma prosa e nos despedimos.
Vamos dormir que amanhã tem chão!
E no meio da noite o caminhão trazendo a
gasolina nos despertou.... “que som maravilhoso!”
No dia seguinte, acordamos bem cedo, tudo já estava
arrumado, encostamos na bomba de combustível e abastecemos os 30 litros,
agradecemos ao Barretão e sua esposa Kelly pela “hospedagem” e presente.
Dali fomos até Dna. Bibi nos despedir também,
ela meio tímida não queria fotos, tanto insistimos que ela se rendeu, com
certeza não tínhamos palavras para agradece-la por toda força.
Não poderíamos deixar de despedir do Seu Murrão, que mesmo não acreditando que fizéssemos a viagem numa kombi, sempre nos cedeu aquela água geladinha e umas horas de prosa.
Partimos para
estrada.
Como já havíamos “mapeado” parte da estrada
dias antes fomos tranquilos, mas sempre muito atentos, nosso objetivo era a comunidade
da Mumbuca, berço do capim dourado. A estrada estava péssima, mas a Gertrudes
seguiu firme.
Chegando lá, estacionamos embaixo de uma
árvore e fomos buscar informações do lugar. Um senhor nos levou até a
Associação onde funcionava uma lojinha, começamos a apreciar os artesanatos
feitos com o capim, até que em um CD com músicas tradicionais, vimos o nome de “Dna.
Santinha”, fomos procura-la para saber mais a respeito.
Chegando na casa de Dna. Santinha, fomos
recebidos por ela, que nos contou um pouco sobre a origem do nome “Jalapão”,
falou de alguns remédios do cerrado e claro, cantou pra gente. Nos convidou para
almoçar, e aceitamos.
Ficamos uma parte da tarde por lá proseando
até voltarmos a Kombi e esticar a rede pra um cochilo.
De repente, nos deparamos cercados de
crianças por todos os lados, perguntavam sobre cada detalhe da Gertrudes e da
gente.
Nos chamaram para banhar no brejo e jogar
bola no campinho, e lá fomos nós.
Chegando lá, brincamos, corremos, ouvimos as
lendas.... uma tarde de criança!
Sophia, uma das crianças que nos envolveu
durante toda a tarde, nos convidou para um copo d’água e apresentou sua casa e
sua família.
Tomamos água, café, conversamos com sua mãe
que ficou surpresa com nossa casa e nos fez inúmeras perguntas.
Depois ainda fomos participar da brincadeira
de casinha das crianças, cantaram e se apresentaram para nós.
A casa da Sophia é o principal ponto de
encontro das mulheres da comunidade, que se reúnem ali para trabalharem com o
capim dourado, todas em roda e proseando a medida que as peças em capim são confeccionadas.
Enquanto isso acontece, as crianças se cuidam,
os mais velhos dos mais novos...”não sai sozinho”, “dá banho nele”, “troca sua
roupa”, “dá de comer pra ela.”
A casa vai ficando cheia, e nós observávamos a
facilidade com que manejavam o capim e criavam peças lindas.
Bom, noite chegando nos indicaram tomar banho
no banheiro da associação que fica aberto, ufa!
Já era hora de cozinharmos, enquanto fazíamos a janta as crianças retornaram e
começaram a explorar a Kombi, centímetro por centímetro. Talvez foi nesse
momento que nos convenceram a esticar nossa estadia.
Outro adendo: o mocinho com o violão na mão se encantou pelo violão, e a gente coração mole e que por sinal não arranha uma nota, presenteou o Daniel que com certeza fará um bom uso dele.
E assim foi, íamos ficar uma noite e ficamos
5 dias, mas toda a experiência adquirida com essas crianças, nos preencheu de
motivação novamente.
Os dias foram regados a exploração da região,
conhecendo arvores e plantas típicas do cerrado, brincadeiras de crianças, vídeos sobre educação ambiental, cantorias sem fim, rodas de conversa na confecção do artesanato de capim,
oficina de artesanato com buritis, moda de viola de buriti, brincadeiras no parquinho da associação, convites para
almoço/janta, caça aos ovos de galinha, procura por mandioca pra janta, brigadeiros, comer
biju pela 1° vez e para fechar a nossa gratidão pela comunidade que nos recebeu
com tanto amor, plaquinhas de agradecimento por todas as arvores.
(gongo do babaçu - bichinho que come o interior da semente do coco)
Depois de tanto adiar nossa saída, nos
despedimos com aquele nozinho na garganta e cheios de vontade de ficar.
Não tínhamos nos preparado para tanto tempo na Mumbuca, era preciso ter
armazenado um pouco mais de mantimento.
E Gertrudes já tinha descansado um bocado
também para retomar a estrada, mas antes era necessário um tranco....a dita da
bateria descarregada!
Estrada afora, sentido São Félix do
Tocantins, mas no caminho pretendíamos parar na cachoeira do formiga, tão
sugerida por todos.
Espera só mais um pouco que logo vem mais história!