terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Tamo voltando, MG!


Fomos surpreendidos por Brasília. Um dos motivos que nos levaram a largar a vida na cidade grande é que as cidades pequenas ou até acampamentos no meio do mato nos proporcionam um aconchego especial, e há muito tempo uma cidade grande não nos deixava fascinados. Já estávamos acostumados com o sossego das cidades pequenas, mais afastadas do movimento.

Buscamos por essas cidades pequenas e na manhã seguinte ao tour por Brasília levantamos acampamento. Dali, seguiríamos para Minas Gerais pela rodovia BR 040, que atravessa todo o estado até o Rio de Janeiro, nosso destino final.



Apesar das ótimas indicações sobre essa rodovia nos pesavam os pedágios, pois tudo ficava em torno de R$ 100 golpinhos.

Seguimos com a grana contada e acreditando no bom desempenho e economia de gasolina da Gertrudes. A próxima cidade seria Paracatu – MG.

O trecho de Brasília a Paracatu – MG é bem movimentado e urbano. Paramos na estrada e aproveitamos para tomar um lanche na padaria, além de ficar atento aos postos de combustíveis na beira da estrada para, quem sabe, aproveitar um bom valor. Mas foi em vão: o último bom valor foi no centro de Brasília, $3,19, e por lá o custo era a partir de 4,00.

Chegamos a Paracatu, percorremos algumas ruas e novamente paramos em uma padaria hahaha. Um dos motivos para a ansiedade de chegar em MG era o delicioso pão de queijo, que, claro, foi nossa 1ª aquisição assim que pisamos em solo mineiro.

Ainda na padaria, pedimos sugestões de lugares para conhecer e nos indicaram um museu no centro da cidade.

Fomos até lá e entramos numa casinha aconchegante. Bom, na verdade, o quesito conhecimento cultural passou meio longe desse casal aqui (rs). Somos bem curiosos por história e costumes, mas não fazíamos ideia do conteúdo exposto no museu.

Tratava-se de uma exposição chilena, que contava a história do país e de alguns personagens marcantes... OI?! A gente esperava algo sobre a cidade haha. Mas tudo bem, ficamos admirados com a casa, piso de madeira, telhado muitooooo alto, janelas e portas antigas, um jardim e até um coreto. Uma lindeza.

Saímos dali fazendo cara de conteúdo e andamos um pouco pelas ruas no entorno. Não dava pra ir muito longe, pois o Meleca ficou na Kombi e já sabíamos que ele não se comportava muito bem.
Retornamos à Kombi e optamos por parar num posto de combustível para cozinhar. Pretendíamos pousar por ali mesmo, mas o posto fechava as 22h e não poderíamos estacionar por ali.

Vini foi conversar com os frentistas sobre algum posto 24 horas para passarmos a noite e nos indicaram um às margens da rodovia. Lá fomos.

Estacionamos e, novamente, Vini foi conversar com o frentista para se informar sobre aquelas dicas iniciais - banho, água, segurança, etc. Pasmem: a frentista nos sugeriu não dormir por ali, pois era perigoso :O Em todo nosso tempo de estrada nenhum frentista tinha sido tão sincero. Ela disse que aquela era uma região violenta e no posto já haviam rolado alguns assaltos.



Conselho dado e agradecido, seguimos viagem, apesar de lamentarmos deixar a cidade. Nos arredores tinham algumas cachoeiras que gostaríamos de conhecer no dia seguinte, mas não seria dessa vez.
Seguimos e paramos próximo à cidade de João Pinheiro – MG, não muito distante da anterior, mas dessa vez o frentista nos de a certeza de que era segura, ufa!

Seguimos até Três Marias –MG no dia seguinte. Pesquisamos sobre a cidade e vimos que ela era cortada pelo rio São Francisco e ficamos afim de encontra-lo mais uma vez.

Chegamos ainda a tempo de tomar um café com pão de queijo hahah e porque não? Além de ser um típico pão de queijo mineiro, é tudo baratinho. Por vezes o café saia de graça \o/

Perguntamos se às margens do São Francisco teria alguma prainha para passarmos o dia (nos acostumamos com as praias de rio) e para nossa alegria tinha sim.

Ficava na hidrelétrica da cidade e não era muito longe de onde estávamos.  Passamos no mercado, nos abastecemos para o almoço, pois pretendíamos passar a tarde por ali, e fomos para lá.

O São Francisco se mostra lindo e imponente nos dois estados em que o encontramos, Pernambuco e Minas Gerais. Por ali, alguns pescadores, banhistas e muitos, muitos caminhões pipas (que transportam água) se abastecendo.

rio São Francisco <3 nbsp="" td="">

Deixamos o Meleca à vontade. Ele se esbaldou de correr de um lado para o outro e com tanta água ahaha. Deve ter gostado tanto quanto a gente.

Almoçamos, observamos o movimento e não queríamos ir embora. Perguntamos para os motoristas dos caminhões se era seguro parar ali e disseram que sim, vez ou outra uns carros apareciam para namorar hahaha ok!

Aproveitamos para tomar um banho. Precisamos, inclusive, dar um banho no Meleca, que passou a tarde inteira rolando nos restos dos peixes que os pescadores deixavam por ali e estava cheirando carniça rs.

O tempo passou e paralisamos para ver o pôr do sol. Que cena incrível! Já estávamos satisfeitos de estar ali só por esse momento.

Preparamos a Gertrudes para dormimos, mas os mosquitos não nos deixavam a vontade. Depois do calor, os mosquitos são nossos piores inimigos de estrada. Vini fez uma fogueira para tentar espantar
e ficamos na areia o resto da noite, na maior tranquilidade. Só nós e o rio - e os mosquitos.

Céu lindo, fogueira, som de água. Fórmula perfeita para o sono chegar e a gente descansar sabendo que no dia seguinte tinha outra aventura.

Sai, mosquito :P

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Hotel bom pra cachorro

Voltamos para casa cansados depois de passar o dia. Fizemos algumas pizzas de frigideira (receita mestre da estrada) e fomos dormir.

Nosso destino agora era fazer uma visita e se hospedar por alguns dias em um Hotel para Cães, que ficava na saída de Brasília.

Os donos do Hotel eram amigos que o Vini também havia conhecido em sua ida para Brasília para Convenção da Juventude. Julie e Thiago eram do DIOCÁ, um projeto de viagem pelo mundo no qual viajaram pelo leste Europeu e parte da Ásia Menor, e do Rio de Janeiro até Brasília, tudo de bicicleta.

O casal deixou a vida agitada da capital e agora moram em um condomínio rural afastado do centro de Brasília e lá fizeram um hotel bom para cachorro (literalmente rs). O Meleca se esbaldou com os novos amigos, Ventoinha, Mandioca e Hiena.

Nós quatro e a cachorrada

Os cães tem um quintal enorme para brincar com a terra vermelha, e apesar de ter abrigo para dormir insistem em acompanhar Thiago e Julie nas noites na própria casa.
Nós ficamos pela Kombi, apesar da oferta de uma cama. Já estamos acostumados com o nosso cantinho rs.

Thiago e Julie são mega receptivos e adoram receber viajantes em casa para trocar experiências de viagem.

Passamos três dias por lá, nós dormindo na Kombi e o Meleca com a cachorrada. Observávamos a Julie treinar a Mandioca para obedecer comandos básicos e imaginávamos  como seria bom se o Meleca entrasse na brincadeira e também fosse adestrado....hahaha. Sonho nosso.

Aproveitamos para conhecer a Cachoeira do Tororó, onde, inclusive, levamos a cachorrada para se divertir.

A cachoeira ficava a cerca de 3 kms do Hotel e fomos de carona com uma amiga do casal que morava próxima e também queria conhecer a cachoeira.

O acesso é bem fácil, pois a trilha é bem demarcada e curta. A princípio, no início da trilha, mantivemos o Meleca preso para que ele não se enfiasse no meio do mato ou perturbasse outros visitantes da cachoeira, mas ele deu uns ataques de pelanca, latia como se estivéssemos maltratando-o, e por fim nos venceu pelo cansaço e o soltamos.

É claro que ele saiu em disparada. Quando conseguimos alcança-lo ele estava na beira da queda da cachoeira, que era giganteeeeee.... louco!

Descemos para dar uns mergulhos. A queda é muito alta, o que nos garantiu um banho delicioso. Os dogs também se divertiram e se esbaldaram na água.

Cachoeira mara <3 nbsp="" td="">

Em um dos dias, pegamos uma carona com o Thiago até o Eixo Monumental, onde encontraríamos uma prima do Felipe para entregar a chave da casa dele e aproveitaríamos para conhecer mais um pouco da cidade.

Enquanto andávamos pelas ruas observamos que os prédios não tinham o andar térreo. Era um vão onde ficava a recepção e dava para atravessar de um lado a outro. Depois pesquisamos e descobrimos que esse detalhe fazia parte do planejamento da cidade, pois visava que os espaços públicos fossem igualitários e todos poderiam transitar por todos os espaços da cidade. Ótima sacada.

Pelas nossas andanças também percebemos que Brasília é a capital de todos os costumes, culturas e gostos. Vimos anúncios de manifestações culturais de todos os tipos, shows dos mais variados gostos, além da programação musical que atende a gregos e troianos. Com certeza não faltam opções de diversão pela cidade.

Por todos os gramados que passamos algum movimento estava acontecendo, ora um jogo estranho, onde as crianças ficavam dentro de uma bolha gigante e se jogavam de um lado para o outro, ora uma fanfarra ensaiando alguma apresentação.

Brasília além de projetada é setorizada, ou seja, se você quiser ir a um bar tem o setor dos bares, farmácias, mecânicas, comércios, etc. Além de que toda a arquitetura da cidade é de cair o queixo: muito arborizada, apesar de os tons de cinza predominarem, prédios e mais prédios de ministérios ao longo do Eixo Monumental.





O Eixo monumental é uma avenida gigantesca e abriga diversos monumentos de Brasília, assim como órgãos do governo federal. São 16 quilômetros de extensão e pudemos conhecer a Torre de TV, onde você pode subir e observar a cidade do alto, a Praça dos Três Poderes, o planalto, catedral, rodoviária, planetário. Com certeza vale a visita e a caminhada.

Andamos muito, mas muito mesmo. Fomos ao Museu da República, que estava fechado, e conhecemos a Catedral de Brasília. Não chegamos a passar pelo Congresso Nacional porque já estávamos mortos de cansaço. E da Catedral mesmo esperamos o Thiago para carona de volta.

Como o Hotel ficava afastado da cidade ou de qualquer centro comercial ficamos de molho e não pudemos vender os brigadeiros, o que foi ótimo para descansarmos e aproveitarmos a companhia dos amigos e dos dogs.

Trocamos algumas figurinhas com o Thiago quanto às melhores estradas para chegarmos à próxima cidade. Seguiríamos para Paracatu – MG. Que saudade que estávamos de Minas!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Partiu, Brasília!

Partimos rumo à Vila de São Jorge depois de passarmos alguns dias descansando e curtindo as cachoeiras.

O caminho é fascinante: chapadões a perder de vista e muitas veredas, ficamos extasiados com a visão. Pelo cerrado, as paisagens são muito parecidas: chapadas, árvores frutíferas e areia, e a mistura de tudo isso que deixa o cenário lindo.

Chegando em São Jorge, porém, não sentimos o ar “roots” que todos tanto falam - achamos bastante comercial na verdade. Pousadas, restaurantes, bares em todas as ruas, que por sinal apresentavam valores salgadinhos, muito longe do nosso alcance. Essa é uma das partes ruins de viver com o $ contado: não podemos aproveitar a gastronomia local ou parar para tomar aquela cervejinha naquele barzinho que parece aconchegante.

Estacionamos a Gertrudes e andamos um pouco. Vila pequena, muitas árvores frutíferas nas praças com plaquinhas indicando o nome, coisa bem bacana.

Sentamos na praça meio que desolados, pois o horário de entrada no Parque Estadual da Chapada dos Veadeiros já havia passado, e só conseguiríamos visitar no dia seguinte. Pensamos um pouco e, avaliamos nossas opções, que seriam voltar a Alto Paraíso - GO, já que por ali não encontramos um lugar bacana para estacionar, ou seguir viagem e tentar aproveitar o fim de semana na próxima cidade... sem muito pestanejar, decidimos: pé na estrada para Brasília-DF.

Capital do país :D 

A estrada nos mostrava o quanto a Gertrudes estava debilitada. Nas subidas ela perdia força e chegava a andar em torno de 15km/h. Era triste, mas ela tinha que aguentar até o RJ, e ela sabia disso.
Por outro lado, andar em menor velocidade nos deixava menos preocupados com o facão que havia sido soldado recentemente (lembra?).

Vini havia entrado em contato com um amigo, o Felipe, que conheceu em 2015 durante sua passagem para o Congresso Nacional da Juventude. Ele estava embarcando naquele dia para uma viagem aos EUA, mas mesmo assim se dispôs a nos receber. Teríamos que chegar em Brasília antes dele embarcar, mas com a Gertrudes fraquinha seria difícil.

Comemos asfalto o dia todo para conseguir chegar a tempo. Chegando em Brasília, aquela mesma agonia de sempre ao chegar em cidade grande: o fluxo intenso de carros e não saber a localização exata sempre geram uma agonia.

Depois de nos perdermos algumas vezes, chegamos no início da noite....UFA! Ficaríamos na casa do Felipe enquanto ele viajava para cuidar do lugar. Foi só o tempo de uma cervejinha num bar próximo de sua casa e ele já precisava seguir para o aeroporto. A pergunta agora era: como voltar para casa?

Para quem não conhece, Brasília-DF é uma cidade projetada. A princípio, o entendimento de ruas e bairros pode parecer muito simples, mas não é tão fácil assim.

A casa ficava em uma cidade satélite, que é como um bairro, e estávamos no Plano Piloto, que é como o centro da cidade.  Se pra você foi difícil de entender imagine nossa situação naquele momento tentando se localizar...

Confuso? Magine...

Após algumas explicações do Felipe conseguimos seguir caminho. Quando chegamos, reparamos que ali próximo tinha um restaurante muito movimentado, e pensamos que seria um lugar excelente para vender os brigadeiros. Conversamos com o gerente, que foi muito receptivo e nos permitiu abordar os clientes. Eba!

Estávamos planejando ir até um encontro de carros antigos que aconteceria no Parque da Cidade, então demos uma bela geral na Gertrudes. Tiramos toda a terra conquistada na Chapada dos Veadeiros e deixamos ela brilhando e cheirosa (rs).

Ficamos sabendo, porém que, o grupo que organizava o encontro havia se separado, então decidimos participar de um encontro do grupo de CouchSurfing de Brasília, onde poderíamos aproveitar para vender brigadeiros.

Eis que no dia em que deveriam acontecer o encontro de carros antigos e do CoushSurfing um fusquinha passou ao nosso lado e nos cumprimentou.  Passamos em frente a um dos estacionamentos do Parque e avistamos alguns carros antigos estacionados e algumas pessoas acenando para gente se juntar a eles.

O povo cercou a Gertrudes e começou a nos perguntar de onde éramos e o que estávamos fazendo por ali. Contamos nossa história e eles ficaram maravilhados, e nós boquiabertos com os diversos carros lindos e em perfeito estado.

Gertrudes e as amigas (rs)

As celebridades do rolê hahaha
Ficamos a tarde toda por lá. O grupo, conhecido como VW Boxer, fez pão com linguiça, símbolo dos encontros, e fizeram questão que confraternizássemos com eles. No fim, ouvimos e contamos causos e nem participamos do encontro do CoushSurfing.

Como não vendemos nenhum brigadeiro a tarde, como planejado, corremos para o restaurante badalado. Só que quando oferecíamos os clientes mostravam a mesa cheia de outras coisas que haviam comprado de outras pessoas que haviam passado por ali mais cedo, como balas, poemas e cartões. “Se tivessem chego mais cedo, até compraríamos”, diziam.

Mesmo assim, a maioria dos brigadeiros foram vendidos. Passamos algumas horas por lá esperando novos clientes chegarem e valeu a pena.  O resto que sobrou ficou por nossa conta (rs).

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A cachoeira de Loquinhas

Depois de termos sido expulsos pelo pessoal do circo resolvemos passar a noite em um posto de gasolina. Aproveitamos para preparar os brigadeiros para nossa operação infalível, que consistia em usar o dinheiro das vendas para pagar a entrada das atrações e a gasolina da Gertrudes.


Todo esse trampo pra curtir umas cachoeiras :) 

Todas as cachoeiras ficavam em áreas particulares e o acesso era pago com valores exorbitantes, entre R$10 e R$30. Precisaríamos suar, então partimos para uma avenida movimentada.

O primeiro dia de venda foi sucesso. Para cada pessoa que abordávamos contávamos nossos causos e que gostaríamos de conhecer a região, e que para isso precisaríamos desembolsar uma graninha que não tínhamos. Saímos com a bandeja vazia e a causa abraçada por todos,

Após alguns dias nessa pegada entre posto/avenida/posto, nos informamos com um pessoal que expunha trabalhos na praça sobre uma cachoeira de acesso gratuito onde eles se reuniam. A Cachoeira Panteras, para nossa surpresa, ficava ainda mais próxima da cidade do que o posto de gasolina.

Próximo à trilha de acesso, um grande campo de futebol, e uma Kombi estacionada... Seria ali o local indicado pelos amigos da Kombi Sacica, que conhecemos pelo Facebook e nos passou algumas dicas.

E era, uma grande área para estacionar, com sombra, caixa d’agua, mangueira e um grande “banheiro verde” (moitinha mesmo).

Estacionamos e Vini foi logo ver a outra Kombi que estava estacionada. Encontrou Maria, que junto com seu companheiro Lucco viajava com o projeto Viajá y Reite a bordo da Blanquita.

Era o nosso primeiro encontro com outra Kombi viajante, então teríamos muito o que conversar, mas antes, queríamos tomar aquele banho de cachoeira.

Seguimos por uma trilha até a cachoeira. No caminho, que era local de criação dos artesanatos e de lazer da malucada, tinha um pessoal acampado, e o Meleca já estava alucinado latindo para todo mundo.

Chegamos até uma queda e um pequeno poço. A água estava geladíssima, criamos coragem e demos aquele TIBUM. Quando o Vini saiu da água percebeu que perdeu uma de suas lentes de contato. Ficou difícil de ver algo... haha.

Olha essa água!

Passamos algum tempo por ali tentando nos recuperar no sol e voltamos até o campo de futebol.

O local era ideal para passar alguns dias.  No período em que estivemos por lá trocamos altas ideias com o casal da outra Kombi e fizemos até uma noite da pizza, todas preparadas artesanalmente em nossa “Komzinha”. Até fomos convidados a tomar um café da manhã típico argentino, com chapati e chimarrão.

Café da manhã tradicional, com direito a chapati ;)

Eles nos contaram que iniciaram a viagem a cerca de seis meses e procuravam por trabalho em todas as cidades que estacionavam, além de vender algumas peças que criavam, como carteiras e cadernos. O objetivo deles é chegar ao Alaska, no ritmo tranquilo que só quem está a bordo de uma Kombi entende rs.

Recebemos também a visita do Tadeu, amigo que conhecemos dias antes no Mariri Jungle Lodge, e as conversas sobre elevação espiritual e experiências de estrada iam longe.

Pela manhã, acordávamos com o barulho das araras que sobrevoavam o local em busca de frutos de cagaita, fruta típica do cerrado. Estávamos, inclusive, cercados de frutas: haviam pés de caju, cajuí, ingá, e a própria cagaita, como o próprio nome sugere a consequência de se comer muitas... haha

O campo ficava na rua de trás da avenida principal, então todos os dias, initerruptamente, vendemos brigadeiros. Depois de juntar a grana era hora de escolher qual cachoeira íamos conhecer. Escolhemos a Loquinhas, que ficava a uns 5Km, os quais decidimos percorrer a pé.

O caminho é realmente muito fascinante. Árvores imponentes e algumas frutíferas, o que nos garantiu alguns cajus no caminho, e chapadões monstruosos. Mas, para não perder o costume, a estrada era de uma areia finíssima que parecia poeira, e a cada passo subia aquele poeirão na nossa cara.

Chegando a portaria da cachoeira, Van ficou com o Meleca, já que era proibida a entrada de animais, enquanto Vini foi perguntar e dar aquela “chorada” básica no valor. E funcionou: a entrada caiu de $30 para $18, e até arrumamos uma sombrinha e água pro Meleca.

Apesar do rio incrível, de águas verde-esmeralda e com inúmeras quedas d’agua (umas oito no total), era irreal a ideia de cobrar esse valor para visitação. O lugar é seletivo, explorado como opção de lazer que apenas alguns podem usufruir, já que para muitos o custo torna o local inacessível. Mas, infelizmente, presenciamos muitas vezes no caminho que nem sempre a natureza é de graça.

Cara, porém linda

Concordamos que por vezes manter a manutenção de um local como esse envolve custo, tempo e dedicação. Contudo, não concordamos com o lucro em cima de um bem natural. A cobrança de uma taxa que minimamente cobrisse os custos seria o ideal.

E claro que esse sentimento influenciou no modo que apreciamos o local. Apesar de muito bonito e bem cuidado não nos impressionou e até nos despertou duvidas a respeito da “naturalidade” do local. Os poços, por exemplo, estavam tão bem desenhados que até pareciam terem sido manipulados.

Enquanto voltávamos da cachoeira para o campo de futebol um carro na estrada se dispôs a nos dar uma carona. Era um casal de São Paulo que largou tudo e resolveu cair na estrada e se mantinham fazendo alguns grafites por ai.

Apesar dos quase dez dias de tranquilidade e descanso, chegara a hora da partida. Como destino, uma vila que ficava ali mesmo em Alto Paraíso-GO, a uns 45Km, a Vila de São Jorge.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O Grande Circo chegou - e nos expulsou!

No último post fizemos um aparato de todo nossa perrengue por conta do facão, uma peça fundamental na locomoção da Gertrudes.

Era hora de comer e banhar. Ficamos o fim de semana todo só correndo atrás desse problema com a Kombi. A Van até conseguiu tomar um banho, mas o Vini estava necessitado, e o calor também não ajudava. A comida foi escassa nesse período.

Alto Paraíso-GO nos prometia boas vibrações. Conhecer a cidade se tornou um desejo nosso por conta dos relatos de amigos e por ser um destino imperdível para quem admira natureza e cachoeiras.
Alto Paraíso carrega essa carga mística, pois foi construída sobre a maior placa de cristal no país. Gente de todo o Brasil vai conhecer a cidade por conta da fama de atrair energia cósmica.

Fomos a uma feira de produtos orgânicos fazer umas comprinhas para matar a fome. Parecíamos dois malucos andando pela feira, completamente vermelhos, cobertos de terra - resquício do dia anterior. Já que a feira era de orgânicos, lá estávamos nós, do jeitinho mais “orgânico” possível (rs).

Gertrudes tava necessitada de uma limpeza depois de passar horas na estrada de terra

Levamos o Meleca junto no colo, já que ele ficaria doidão se estivesse no chão, como já aprontou antes quando resolveu latir para a galera e marcar território no local. Um segurança, então, pediu para o Vini – que estava com ele – se retirar, pois não era permitida a entrada com animais. Vai entender.

O Meleca é a parte causadora da viagem. Late pra tudo, corre atrás de tudo, faz xixi em tudo... meio difícil manter ele de boas, tanto solto quanto na coleira.

Enquanto a Van percorria a feira em busca de algo que pudéssemos usar para nosso café da manhã e almoço, Vini rolava no chão com o Meleca do lado de fora. Ótimo, mais terra na roupa para completar nosso look orgânico hahaha

Compras boas, mas os preços eram bem salgados. Levamos beterrabas, alface e até ganhamos brindes, pois paramos numa banquinha e escolhemos umas cenourinhas miudinhas, o moço viu que eram poucas e não cobrou :)

Hora de procurar algum lugar para encostar.  Lembramos da dica dos amigos da Kombi Sacica, que semanas antes passaram por ali e ficaram no campo , onde havia sombra e água fresca direto da torneira.... Ouro para nós.

Chegamos onde acreditávamos ser o campo  - apesar do ginásio de esportes no meio - e havia uns trailers de um circo que estava fazendo espetáculos na cidade. Estacionamos e fomos trocar uma ideia com o pessoal do circo. Inicialmente eles foram receptivos, até que um senhor nos viu de acampamento armado, com toda a bagunça da Gertrudes pra fora e prestes a começar a cozinhar. Percebemos que ele comentou com outras pessoas, mas não falou conosco.

Gertrudes tinindo após uma mega faxina e barriga cheia.  Quando nos preparávamos para planejar a venda dos brigadeiros o dono do circo veio conversar com a gente:

“Vocês não podem ficar aqui não, estamos pagando por esse espaço!”

O espaço que estavam ocupando foi alugado pela prefeitura e havia uma fiscalização em relação à quantidade de carros estacionados no espaço.
Achamos estranho, pois todas as dicas que recebemos batiam com aquele espaço.

Desconfiados, saímos de lá, mas queríamos nos informar sobre o espaço na prefeitura. Como era sábado, teríamos que esperar até segunda, então optamos por passar a noite no posto de gasolina à margem da rodovia. Até lá, vamos preparar mais brigadeiros ;)

Olha nóis no posto de novo!