Depois de horas e horas pra sair do Jalapão...
Chegamos a Novo Acordo e ao asfalto. Mas,
antes de seguir viagem paramos na prainha para tirarmos toda a areia do corpo e
para nos refrescar do calor que já estava nos consumindo.
Meleca nos acompanhou e pareceu
entusiasmado com o tamanho da praia ao seu dispor hahah.
Nadou e nem nos deu
bola, pra lá e pra cá.
Já estávamos revigorados e decidimos que
ainda tínhamos gás para seguirmos viagem. Pedimos orientações no posto de
combustível sobre o caminho até Taquaruçu e nos informaram cerca de 80kms a
frente, abastecemos e seguimos.
Gertrudes estava com um desempenho ótimo no
asfalto, a 2ª marcha funcionava a todo vapor, mas nós estávamos a beira do
nível zero de energia, inclusive o Meleca, contávamos quilometro por
quilometro.
Sem muita sombra pelo caminho, depois de
mais de 50kms, paramos numa à margem da rodovia para um pouco de água, e para
todos esticarem o corpo. Meleca andou e andou até esticar todo o esqueleto.
E ele esperto não queria voltar a Kombi,
insistimos e nada...tivemos que captura-lo hahah...
Vini bateu a chave na Gertrudes e não
funcionou :o
Tentou de novo, e de novo e nada...óh céus,
tão pertinho. Será que ela também estava cansada?
Vini deu uma olhada no motor, reapertou uns cabos e a bonita funcionou, era
charme só pode!
Pouco a frente na estrada uma moça pediu
carona e apesar da Gertrudes estar toda bagunçada e só a poeira oferecemos
carona e ela nos indicou que Taquaruçu estava logo a frente.
Iniciamos a descida da serra com umas curvas sinistras, inclusive em uma delas
Vini não acreditou nas indicações das placas de “utilize freio motor”, e por
bem pouco a curva não dá errado. Felizmente tudo correu bem.
Logo chegamos a cidade, demos uma volta e
claro a maioria dos comércios estavam fechados, havia um movimento pela praça
com barracas de comida e muitas crianças. Mas, nós só queríamos descanso.
Meleca andou um pouco e decidimos ir em
busca de um posto para passarmos a noite, de volta a estrada não havia postos
próximos a Taquaruçu, seguimos e chegamos a Taquaralto já em Palmas.
Encontramos um posto maravilhoso, água,
banheiro, chuveiro e até um cafezinho e o melhor segundo o frentista o sono
mais tranquilo que teríamos em nossas vidas hahah.
Estacionamos e quando abrimos a Gertrudes
não era possível enxergar nada, só poeira, muita e muita mesmo.
Não seria possível dormir naquelas
condições, foi aí que começamos a tirar tudo pra fora e limpar almofadas,
armários e geladeira.
O trabalho começou a não render, a fome ia
batendo...a sorte que na esquina do posto tinha uma barraca de refeição, sem
pensar Vini foi até lá e a placa anunciando o chambari brilhou os olhos, com a
grana curta compramos um para ambos dividirmos.
E nossaaaaa....como não existe uma barraca
com chambari em toda esquina? Hahah...a Ju lá em São Félix já tinha comentado
que esse prato é a maior sensação no Tocantins, agora entendemos porquê.
Chambari nada mais é do que arroz, feijão e carne cozida hahahah....simples né
a alegria de 2 viajantes? Mas, a carne derrete na boca e o tempero?! Poxa,
demais! Recomendamos.
Alimentados, seguimos a arrumação, e aqui
cabe um adendo pro calor....caçarola! Pra não falar outra coisa rs.
Talvez seja tão quente quanto São Félix,
mas acreditamos que o asfalto deixe a sensação de calor pior ainda.
Terminamos, banhamos num banheiro limpinho,
limpinho e ajeitamos a Gertrudes com as portas abertas e ventilador na nossa
cara para dormirmos, sim dormimos com as portas abertas, porque o ventilador
não era suficiente. Sei que dormimos por volta das 20:30, tipo idoso mesmo rs.
E como disse o amigo frentista, foi um sono tranquilo, nem parecia que
estávamos a margem de uma rodovia.
Como o Sol não brinca em serviço, nos
acordou bem cedo. Levantamos da cama por pura obrigação, mas sem desejo
nenhum...estávamos quebrados, com o corpo dolorido. A Van mal se mexia, até
para falar era meio lenta rs.
Mesmo se arrastando fomos cuidar da vida, o
café da manhã foi com o pão que a Ju nos presenteou e o café que o posto dá de
cortesia.
Após o café fomos no mercado na esquina ao
lado do posto e ao ver os valores, a vontade era de gritar assalto. Caracas,
tudo com preço exorbitante, reduzimos nossa lista pela metade e só ficou o mais
necessário.
Tínhamos planejado comprar os itens para o
brigadeiro, mas a grana só daria para os nossos alimentos.
Bom, era o momento de reorganizarmos a
grana que tínhamos no caixa, a princípio compraríamos as velas para substituir
na Gertrudes, mas como ficaríamos estacionados isso poderia esperar.
Fomos então pechinchar pela cidade e
achamos todos os itens do brigadeiro bem mais acessíveis, em compensação o kit
de vela para Gertrudes bem caro.
Voltamos para o posto e começamos preparar
o almoço, aproveitado a ideia de que a refeição com uma panela só nos poupa
trabalho de lavar a louça rs. Fizemos a receita que aprendemos com a Cléia lá
em São Félix, um macarrão na panela de pressão, é só botar tudo lá e tirar
loguinho que pegar pressão. E claro, comer!
Foi rápido e delicioso.
Bom, ainda estávamos quebrados...Van não
aguentou e mesmo naquele calor dormiu com o ventilador na cara.
Vini, aproveitou para dar uma olhadinha
marota na Getrudes, garantir que ela não tinha sofrido tanto no caminho.
Pós soneca, era hora de preparar os
brigadeiros e procurar onde vender. Conversamos com uma frentista que nos
indicou a praça da igreja, relatando que tem um movimento bom todos os dias e
ficava bem próximo do posto que estávamos.
Preparamos os brigadeiros, deixamos gelando
na geladeira enquanto banhávamos e levantamos acampamento para irmos até a
praça.
Realmente a praça fica bem próximo, iriamos
a pé, mas sempre abordamos as pessoas para vender os brigadeiros e apontamos a
Kombi, um ou outro até fica curioso para conhece-la.
Dessa vez apostamos numa quantidade maior
de brigadeiros e para isso algumas horas a mais de trabalho rs.
Vini saiu na captura dos clientes, e a
adesão foi um pouco vagarosa, mas estava acontecendo o que nos estimulava a
permanecer mais tempo para vender todos os brigadeiros.
A praça tem várias barracas de lanches,
churrasquinho e o movimento de pessoas é bem grande para uma segunda, que bom
para nós.
Em cerca de 2hrs vendemos 30 brigadeiros,
para o nosso alivio trocaríamos o óleo da Gertrudes e já guardaríamos para as
velas.
Missão cumprida, enquanto voltávamos ao
posto, ainda demos sorte do mercado estar aberto, contamos uns trocados e fomos
comprar ovos, na saída uma moça nos abordou pedindo um auxílio para a
alimentação dela e seus 3 filhos.
Já tínhamos experimentado na estrada que
quando a gente divide o que temos, por fim dobramos a alegria. Dividimos então.
Retornamos ao posto de combustível, fizemos
uma gororoba rapidinha e cama.
De novo, dormimos com as portas abertas
acreditando no frentista e no segurança do posto.
Noite tranquila para a nossa sorte, porque
já acordamos ainda doloridos mas, mais dispostos.
Procuramos uma padaria e não tinha por
perto, fomos ao mercado vizinho e aquela padaria gigante com tantas opções
rs...ainda lembro quando o pão francês custava $0,10 hahah.
Tomamos o café gentilmente cedido pelo
posto, pãozinho, lavamos a louça da noite anterior.
Vini, foi então trocar o óleo da Gertrudes
e recebeu aqueles bons elogios que nos deixam inspirados.
Bom, seguindo a ideia de manutenção na
Gertrudes, em todos os lugares que pesquisamos o jogo de velas estava bem caro,
muito além do que costumamos pagar pelo Sudeste, e como tínhamos um jogo usado,
mas ainda funcionando optamos em não comprar nesse momento.
Vini, trocou o jogo e aparentemente Gertrudes
respondeu muito bem, mas ainda está na nossa lista a troca definitiva.
Gertrudes reparada, a deixamos estacionada
no posto e fomos até a avenida principal comprar os artigos para o brigadeiro,
conseguimos um desconto bacana, ufa!
Voltamos a Gertrudes e estacionamos na
sombra para cozinharmos, Meleca se acabou no cuscuz e a gente no feijão
comprado do moço na rua.
Pós almoço, já tínhamos que preparar o
brigadeiro, pois pretendíamos ir a praça um pouco mais cedo, para quem sabe
retornarmos mais cedo para dormir.
Van agilizou os brigadeiros enquanto
estávamos estacionados a frente de uma borracharia que fica no espaço do posto,
e a galera toda curiosa e comentando do fogãozinho funcionando a todo vapor rs.
Brigadeiros prontos, um tempinho para
esfriarem, enquanto tomamos um banho e já partimos para a praça.
Apesar de termos chegado mais cedo, o
movimento era bem menor, muitas mesas vazias e uma ou outra pessoa que comprava.
Meleca estava alucinado com tanto movimento
de pessoas e carros, não parava de latir e um ou outro acaba resmungando,
achamos melhor deixa-lo na Kombi.
Com muito custo e em quase 3hrs, voltamos para
o posto com uns poucos brigadeiros que não foram vendidos, mas visto o
movimento menor foram boas vendas.
Requentamos o almoço, comemos e dormimos
ansiosos, no dia seguinte planejávamos ir a Taquaruçu conhecer as cachoeiras
tão faladas na região.
Acordamos e resolvemos que tomaríamos café
pelo caminho, só passamos no mercado para comprar os pães e seguimos.
Já na estrada a indicação de balneários,
com áreas de camping e restaurante, passamos por eles, pois imaginávamos serem
pagos. Mas, logo à frente a placa cachoeira Taquaruçu.
Essa nós tínhamos certeza que era paga, mas
apostamos na conversa para que pudéssemos conhece-la. Mas, nem a conversa
adiantou rsrs, nem todo mundo se compadece de viajantes.
Como já estávamos estacionados,
aproveitamos e preparamos o café, confessamos que o café fica até mais
delicioso porque a paisagem contribuiu.
Já alimentados, seguimos para o centro da
cidade a procura de maiores informações dos pontos turísticos, ou até tentarmos
encontrar a Carlinha, amiga da Ju que conhecemos enquanto estávamos em São
Félix, e que mora na cidade.
Chegamos ao centro, e nos sentimos
aconchegados, a cidade fica no meio de um vale e de qualquer ponto você
observar os paredões das montanhas em torno.
Passamos por duas praças e ambas bem cuidadas
e limpas.
Procuramos por Carlinha, mas não estava em
casa. Fomos ao CAT (Centro de Apoio ao Turista) que fica em uma das praças.
Questionamos quais eram os atrativos, pois
havíamos pesquisado na internet e à medida que encontramos a informação de mais
de 80 cachoeiras, só era fornecida informações a respeito da Cachoeira
Taquaruçu, Roncadeira, Evilson e da Fazenda Ecológica.
Bom, recebemos uma explicação estranha:
- Recentemente foram catalogadas mais
cachoeiras e os impressos com a relação ainda não foram disponibilizados.
- Ok, mas quais são as demais cachoeiras?
- Como estamos em época de seca, muitas
cachoeiras estão sem água, então os proprietários fecham o acesso e deixam em
manutenção. Assim, há um rodizio entre todas as cachoeiras, à medida que uma
retoma o funcionamento outra é aberta.
- Certo e quais são as que estão abertas?
- Essas que você citou mesmo: Evilson,
Roncadeira e Taquaruçu, a da Fazenda Ecologica está fechada.
- Mas, não são mais de 80? Como só tem 3
funcionando?
- É, porque se todas estiverem abertas,
quando o turista vem ele fica perdido para qual atrativo visitar.
Na verdade, nós ficamos perdidos foi com
essa explicação.
Bom, perguntamos sobre os valores e a
visita fica em torno de 7/8$, porque todas estão localizadas em propriedades
privadas.
Conversamos um pouco sobre o festival
gastronômico que haveria na cidade, e nos informou que a estrutura da praça já
está sendo trabalhada para receber o evento.
Ficamos sabendo sobre o Festival
Gastronômico pela Ju, é um evento anual onde há uma “eleição” dos melhores
pratos comercializados durante os dias do evento.
Mas, há uma seleção prévia dos pratos
inscritos, fiscalização da vigilância sanitária, etc. Pelo que percebemos bem
organizado e estruturado.
No período, a cidade também recebe shows de
bandas e um grande público, sendo um festival já esperado pelos moradores da
região.
Enfim, saímos do CAT com a sensação de que
se quiséssemos conhecer outros pontos turísticos deveríamos conhecer algum
morador manjador dos paranaues ou bancar um guia.
A segunda opção estava fora de cogitação,
mandamos mensagem para Carlinha e nos orientou a encontra-la no circo que
ficava próximo.
Fomos até o espaço da Cia Os Kacos e era
dia de reunião das mulheres, fomos recebidos pela Carlinha e Açucena, sua
filha.
Meleca já se ambientou com as crianças que
estavam por ali, e nós fomos convidados a almoçar e o melhor experimentar o
feijão, recém colhido na agroflorestal que tem no quintal.
Fomos conhecer o espaço e havia feijão,
milho, melão, couve, rúcula, abobrinha e todos plantados recentemente.
Colhemos algumas verduras para o almoço e
Vini ficou ajudando na preparação.
Enquanto a Van aproveitou que ficaríamos
estacionados por uns dias na região e foi até o posto de saúde, verificar como
andava o funcionamento do corpinho.
No posto, o atendimento era por ordem de
chegada. Até aí tudo bem, mas nenhuma senha era distribuída, ou seja, você
memorizaria a pessoa a sua frente, e se conseguisse umas outras a frente
também.
A bagunça mesmo começou quando a recepcionista
foi recolher os cartões do SUS por ordem de chegada.
Certo que algumas pessoas foram bem
honestas e respeitaram a sequência, mas apareceram umas figurinhas espertas, e
claro gerou aquela confusão.
Van conversando com a moça ao lado, ela
comentou que a anos é dessa forma, sempre sai uma briga, e eles nunca acatam a
sugestão de distribuir senhas à medida que os pacientes chegam.
Parece piada né?
Como não é sempre que rola atendimento
clínico, era necessário passar por isso.
No resumo da opera, foram 3hrs de espera
para uma consulta de 2min e uma guia para hemograma.
Vini havia ido encontrar a Van e de lá
foram à casa da Carlinha, Van enfrentou um marmitão de pedreiro que Vini tinha
reservado do almoço.
Pense numa comida boa? Dilicinha...
Conversamos com a Carlinha sobre o público
na praça para vendermos os brigadeiros, ela informou que o movimento é bem
menor que no fim de semana, mas que ainda sim existe.
Resolvemos arriscar a venda para garantir
pelo menos a entrada em uma das cachoeiras.
Preparamos os brigadeiros e deixamos
resfriando, tomamos uma ducha e fomos pesquisar os valores do leite condensado
nos mercados, e continuavam bem caros.
Voltamos a casa, e Carlinha recebia uns
amigos para assistirem e discutirem um documentário dos remanescentes do
cangaço, apesar do nosso interesse pelo assunto fomos a praça começar as
vendas, aproveitamos e levamos a Açucena para uma volta.
Realmente não era um grande movimento de
pessoas, mas haviam barracas de comida em volta da praça o que nos garantia um
ou outro cliente rs.
Vini começou a abordar a galera e Van
correndo atrás da Açucena que parecia ter rodinha nos pés rs.
Pouco a pouco os brigadeiros iam saindo,
vez ou outra voltávamos a casa e retornávamos a praça.
Todas as pessoas que compraram comentaram que
compravam para nos incentivar na viagem, nem tanto pelo doce em si. As vezes um
parava e perguntava sobre a viagem, ou contava uma experiência com uma Kombi na
família ou de algum amigo.
Uma das melhores partes é a troca com a
galera que contribui, cada história bacana.
A noite avançou e encerramos as vendas, na
volta encontramos o casal que estava na casa da Carlinha no ponto de ônibus,
aproveitamos e paramos para um bate papo.
Ambos falaram que estavam nos observando na
praça e comentando, que os planos deles com certeza dariam certo vendo o que
fazíamos.
Eles tinham a ideia de iniciar a venda de
brigadeiros à medida que viajavam.
Relatamos que não conseguimos um valor
considerável, mas que era o suficiente para a gasolina e nossa alimentação.
Também ficávamos na cidade enquanto precisávamos de valor “x” para
abastecermos, quando conseguíamos íamos embora.
Ambos comentaram também que no início do
relacionamento tudo foi acontecendo do zero quanto as aquisições para a casa,
situação que se repetia a medida que mudavam-se de casa.
E hoje perceberam que precisam de cada vez
menos, o que caiba numa mochila.
Trocamos figurinhas quanto as riquezas
culturais com que nos deparamos pelo caminho e como a nossa visão era deturpada
enquanto levávamos uma vida nos “padrões”.
Apesar da prosa estar ótima, era nossa hora
de descansar. Voltamos para casa de Carlinha e Vini fez uma janta rapidíssima,
comemos e preparamos a Gertrudes para dormirmos.
A Kombi não entrava pelo portão da garagem,
estacionamos na frente da casa e preferimos dormir dentro dela.
Um boa noite para as meninas e dormimos,
ainda bem cedo pois, no dia seguinte Van madrugaria para ir ao laboratório
coletar exame.
Van pulou da cama, o celular não tinha
despertado e o Meleca latia loucamente.
Felizmente ainda era tempo, levantamos e
fomos com o Meleca que ficou alucinado com os demais cachorros na praça
enquanto aguardávamos a Van.
Missão cumprida, passamos na padaria e
compramos uns pães para o café.
Quando retornamos, Carlinha ainda não tinha
acordado e a Gertrudes ainda estava numa temperatura agradável. Foi
irresistível e voltamos a dormir hahah.
Cerca de 1hr depois acordamos com o Sol
dando bom dia de novo, fizemos um café e tomamos ali mesmo, a medida que
observamos a vizinhança acordando.
Quando nos demos conta a Carlinha já tinha
saído, provavelmente enquanto dormíamos.
Lavamos a louça e decidimos que iriamos a
algum balneário e partiríamos para Palmas, vender os brigadeiros em alguma
faculdade.
Chegamos ao balneário que fica logo na
saída de Taquaruçu sentido Palmas, também contava com área de camping e
restaurante.
Em comparação com as cachoeiras o valor era
beeem mais acessível, sendo 3$ por pessoa. E o Meleca ainda podia nos
acompanhar rs.
Estacionamos a Gertrudes na sombra e lá
fomos preparados para um banho, e pasmem.
Na verdade o balneário é só o curso de um
rio, sem quedas ou poções que caibam ao menos uma pessoa dentro.
Ao menos o visual era lindo, o rio corre no
meio das árvores e sobre várias pedras, acompanhar o caminho é uma boa pedida.
Fomos insistentes e procuramos qualquer
piscininha que cobrisse ao menos os pés e encontramos, ficamos por ali
observando e conversando sobre teorias do céu e do mar rs.
Apesar de ser possível passar o dia inteiro
por ali, tínhamos que ir a Palmas ainda em tempo do horário de entrada na
faculdade.
Na estrada, arriscamos que a gasolina seria
o suficiente para chegarmos ao menos em Taquaralto, cerca de 20kms.
Mas, não foi bem assim, Gertrudes está
consumindo muitooo e a gasolina acabou pouco antes de chegarmos no posto de
gasolina.
Lá vai o Vini com o galão na mão comprar
gasolina, por sorte andou um pouco e uma moto parou para dar uma carona, o
reconheceu pela venda de brigadeiros na noite anterior.
Estávamos próximo do posto e foi rápido,
ufa!
Paramos em Taquaralto para comprar mais
material para os brigadeiros e acabamos com o estoque de copinhos da loja.
Sacanagem como faríamos sem os copinhos?
Bom, fomos atrás do leite condensado mais
barato e seguimos uma indicação da Carlinha de um mini atacado na saída para
Palmas, e bingo era muito mais barato.
Já abastecidos seguimos para Palmas, e no
caminho ficamos surpreendidos de como a cidade está rodeada de verde, por
quilômetros olhávamos em volta e só víamos o Cerrado reinando.
Pegamos a primeira entrada para a cidade e
procurávamos algum mercadinho para comprarmos algo para o almoço (esquecemos de
comprar enquanto estávamos em Taquaralto) e quem sabe uma sombra boa para
cozinharmos.
E aí surgiu nosso descontentamento, todas
as ruas são idênticas e não havia comércio algum por quadras e mais quadras. Já
tínhamos nos afastado muito da rodovia, onde tínhamos garantido um posto de
combustível com sombra, água e banheiro.
Parecia que estávamos andando em círculos e
não havia placa alguma de indicação de qualquer direção. Começamos a entrar em
ruas aleatórias, até que finalmente chegamos a um supermercado, e novamente
desapontados com a quantidade de grana que tínhamos e o valor do que queríamos
almoçar. Mudamos o cardápio rs.
Pelo caminho até o mercado não vimos
qualquer lugar com uma sombra convidativa, decidimos voltar ao posto na
rodovia, e lá vai aquele monte de rua igual. Várias ruas depois chegamos e
estacionamos.
Incrivel como cidade grande deixou de ser
convidativa para nós que viemos de grandes cidades.
Aquele movimento frenético de carros e
pessoas, aquela poluição sonora e as pessoas que não respondem quando você
cumprimenta com um Bom Dia.
E lá estávamos no posto, rodeados de
caminhões, onde todos se cumprimentam, o frentista é acolhedor e te indica
banheiro com ducha e água para bebermos, estávamos em casa.
Mesmo com a mudança de cardápio, o almoço
foi preparado e claro ficou delicioso.
Como estávamos atrasados para o horário de
entrada na faculdade, corremos com os brigadeiros e com o banho.
Nos informamos e a faculdade que
venderíamos, a ULBRA, ficava a uns 11kms e lá fomos nós imaginando que não
estava compensando ter que ir e voltar do posto até a faculdade para vender os
brigadeiros, a gasolina não estava com seu melhor valor e a Gertrudes estava
bebendo um bucado.
Chegamos bem atrasados sem nos perdermos,
estacionamos e começamos as abordagens.
Apesar de termos perdido o fluxo de alunos
na entrada, as barracas de comida na frente sempre ficavam com as cadeiras
ocupadas e eram nossa salvação.
Todos foram acolhedores com nossa história
e os que puderam contribuíram com a compra de um ou mais brigadeiros,
questionavam nossa rotina, queriam ouvir causos e até encontramos uma guria que
divide a direção de uma Kombi com seu pai. Foi momento de tecer elogios as
kombis rs.
Com a missão cumprida, ou quase, porque
voltamos com poucas unidades para casa.
Procuramos um posto de combustível mais
próximo e só nos indicaram o da rodovia, insistimos e saímos perguntando até
que nos recomendaram um que ficava poucos quilômetros à frente.
Lá fomos nós cerca de 5kms, e ao chegarmos
nos deparamos com um posto de bairro sem estrutura para pernoite, mas que
funcionava 24hrs.
Bom, resolvemos arriscar e perguntamos se
poderíamos passar a noite por ali e alguns funcionários se entreolharam e nos
afirmaram que sim.
Usamos o banheiro, impecavelmente limpo que
era capaz do nosso chinelo carregar mais terra do que o chão que pisamos hahah.
Preparamos a Gertrudes e o calor ainda
estava insuportável dentro dela, mesmo com ventilador ligado, novamente
dormimos com as portas abertas.
Meleca na madrugada latiu um bucado e
resolvemos colocá-lo para dentro da Gertrudes, vai que nos expulsam do posto
rs.
Por sorte estacionamos onde o sol não bate
pela manhã, nos garantiu algumas horas de sono a mais, finalmente.
Acordamos com uma galera nos observando,
frentistas, clientes...usamos o banheiro e percebemos que ali não era o local
para prepararmos o café.
Ajeitamos a Gertrudes e seguimos a procura de uma praia para ficarmos mais à
vontade e também para finalmente conhecer as praias de Palmas.
Abastecemos e perguntamos para o frentista sobre
a praia mais indicada, nos sugeriu a praia do caju e lá fomos nós.
Difícil é que na rodovia não há placas de
indicação, logo no primeiro rio que avistamos nós paramos.
Tinha um rapaz na
margem e nos informou que aquela não era a praia ainda, era apenas um lago que
mais a frente encontra com o Rio Tocantins.
Bom, como já estávamos por ali resolvemos
lavar ao menos a louça.
Louça lavada, pé na estrada e fomos meio
que por dedução até a praia, pedimos informação mais uma vez e ainda sem
nenhuma placa indicando chegamos a dita praia.
A vista é deslumbrante, rio a perder de
vista e outra margem quase não se pode ver e a água verde é encantadora.
Observamos o melhor lugar para pararmos e
banharmos, estacionamos a Gertrudes numa sombra e lá fomos.
Quando nos aproximamos na margem, as
pegadas do homem eram marcantes, tinha lixo para todos os lados, sacos de
carvão, embalagem de biscoito, latas de cerveja, garrafas de refrigerante,
vergonhoso.
Bom, apesar da primeira impressão o banho
foi muito bom.
Ficamos e ficamos por ali, até que nos
demos conta que tínhamos muito a fazer, lavar roupas, cozinhar e banhar a
Gertrudes que tinha areia por todos os lados.
Apesar do Sol que trabalhava intensamente,
ficar dentro da água aliviava o calor. Lavamos todas nossas roupas, armamos um
varal e começamos a preparar o almoço.
Talvez por ser sexta feira, não tinha
outras pessoas pela praia e ficamos no maior sossego por horas.
Conversando com a Ju pelo whatsapp, ela nos
deu o alerta:
- Cuidado! Esse rio tem PIRANHAAA!
Eita nós, banhávamos sem nos preocupar com
nada e agora essa, e pior, não havia nenhum aviso.
Terminamos de almoçar e preparamos os
brigadeiros para esfriarem enquanto começamos a operação faxina na Gertrudes,
detalhe que para pegarmos água no rio, agora com o maior cuidado por conta das
piranhas, tinha uma ladeirinha marota. Mas, como a Gertrudes merecia uma ducha
o esforço era necessário.
Começamos e imaginamos que nunca íamos
terminar, saia areia e terra vermelha por todos os lados e nunca mais
terminava, tínhamos aberto uma torneirinha que não sabíamos fechar rs.
Ficamos cerca de 2hrs nessa faxina, lavamos
toda por fora, limpamos todas as borrachas, cantinhos, chão, bancos e painel.
Ufa!
Esgotados, já não sentíamos nem os braços
hahaha...mas, restava o nosso banho, que por sinal foi uma delícia.
Todos banhados, íamos seguir até a ULBRA
para vendermos novamente os brigadeiros, e dessa vez chegaríamos a tempo de
vender na entrada dos alunos.
A recepção da galera para nossa história
foi bacana, todos comentavam e se mostravam dispostos a ajudar e de fato
ajudavam.
Entre uma venda e outra Vini proseou com os
motoristas dos ônibus universitários que sugeriram diversos destinos para
conhecermos enquanto estivermos pelo Tocantins, e para serem mais eficazes nos
argumentos mostraram fotos. Nossa, quanto lugar lindo e o comichão para
mudarmos o trajeto já se remexia dentro de nós.
Apesar da prosa boa, retomamos as vendas e
anotamos as dicas dos amigos motoristas.
Mas, o que não lembrávamos é que era sexta
feira e que segundo nossas lembranças de universitários, não são todos alunos
que frequentam as aulas haha.
Saímos de lá ainda com uma boa quantidade
de brigadeiros e tentaríamos vender no caminho.
Tínhamos decidido voltar para Taquaralto,
pois tinha um fluxo intenso de pessoas e a “estadia” no posto era mais
confortável.
No caminho, passamos por uma avenida
repleta de bares e mesas na calçada, ótimo para finalizarmos a venda.
Eram muitas, muitas pessoas e claro foi
sucesso. Mas, já era bem tarde e estávamos exaustos, seguimos voando para o
posto de gasolina e assim que estacionamos preparamos uma janta rapidíssima.
Por sorte achamos um lugar para estacionar
onde o Sol não batia pela manhã, provavelmente dormiríamos um pouco a mais.
Dormimos e o descanso foi merecido, até
passamos da hora.
Aeooo que estamos quase em dia!
Até mais ver!