De repente, um forte solavanco. Parecia que andávamos em três rodas. Pensamos que o pneu havia furado e quando fomos verificar.... NÃOOOOOOOOO!
Quando levamos a Gertrudes no mecânico ele olhou apenas a parte do motor e deixou de lado a suspensão, rodas e amortecedor. Eis que o facão havia quebrado, uma peça fundamental na suspenção da Kombi. Sem ela era impossível seguir viagem.
Facão antes e facão depois :( |
Mas como, se não tínhamos nenhum centavo?
A essa altura estávamos a 3 quilômetros de Mariri e a 10 quilômetros da cidade. Van pegou uma carona até Alto Paraíso enquanto o Vini ficou com a Gertrudes e o Meleca no meio da estrada esperando o desenrolar da situação.
Ao chegar à cidade, Van procurou ajuda em um posto de gasolina onde foram muito atenciosos e indicaram uma oficina que talvez pudesse ajudar. Na oficina o mecânico até se prontificou, mas estava sem carro para ir até o local :( a Van mostrou uma foto do ocorrido e recebeu o veredito: “Moça, essa peça é difícil de achar por aqui, só a mão de obra para tirar fica em R$180, fora o reboque”.
FU#$@
Van rodou de um lado pro outro. Precisava de internet e lembrou que havia uma “filial” do Mariri na cidade e foi lá pedir a senha do Wi-Fi. Acionou alguns amigos para levantar uma grana e arcar com os custos, já que não dava pra esperar a venda dos brigadeiros e também seria meio impossível, tendo em vista que tudo estava no meio da estrada a quilômetros de distância.
Amigos e familiares não nos deixaram na mão e logo enviaram uma ajuda $, mas não havia nenhum reboque na cidade. Van até ficou na beira da rodovia tentando parar algum para resgatar a Gertrudes, mas não teve sucesso.
Gertrudes durante o pouso forçado rs |
Foi quando um mecânico se dispôs a ligar para um reboque e “marcar uma horinha”. Tínhamos um horário, 20h, sendo que o imprevisto aconteceu às 12h e já eram 16h.
Enquanto isso, Vini não tinha nenhuma notícia sobre o desenrolar da situação, até que o Tadeu, um amigo que conhecemos no Mariri e com quem a Van havia cruzado momentos antes, passava pelo local e deixou a mensagem da Van: “O reboque vem às 20h!”. Ufa!
Muitas horas depois e nada! 20h, 21h, 22h, 23h e nada de reboque. A estrada no meio do mato é escura e deserta, a não ser por um ou outro carro que passava por ali. A Van ficou na saída da cidade com uma garrafa de água à espera de algum carro que pudesse levar pro Vini beber. Sem sucesso, foi dormir na casa do mecânico.
Não tinha jeito, Vini teria que passar a noite por ali mesmo, com fome, com sede e sujo, já que não tinha nenhum riozinho perto.
No dia seguinte, por volta das 7h da manhã, eis que chega Van com o reboque, falando do quão gentil o mecânico foi, que a acolheu na casa dele para que não passasse a noite na rua, do medo de vir a noite pela estrada e das andanças pela cidade atrás de ajuda.
Já com a Gertrudes em cima do reboque, fomos à cidade, ela precisando de um facão e nós de um banho urgente!
Tem que se envolver, né? |
Entramos em contato com amigos que possuem Kombi para perguntar sobre a possibilidade de soldar a peça. As opiniões se dividiam, uns dizendo que era confiável e outros que não.
Fazer o que, não tínhamos outra alternativa, decidimos pela solda, imaginando que aguentaria até a cidade que houvesse a peça, Formosa-GO.
Dissemos ao mecânico sobre nossa jornada por esse mundão, do dinheiro que estava curto, do sonho de seguir em frente, queríamos comover mesmo (rs).
Que felicidade ouvir coisas assim! Quase demos um abraço no moço. Além de acolher a Van e nos ajudar de todas as formas, ainda fez um preço mais que camarada pra gente. Nossa certeza de que há gente boa nesse mundo se confirma a cada experiência.
Era hora de matar a fome e enfim tirar toda a terra do corpo.