terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Tamo voltando, MG!


Fomos surpreendidos por Brasília. Um dos motivos que nos levaram a largar a vida na cidade grande é que as cidades pequenas ou até acampamentos no meio do mato nos proporcionam um aconchego especial, e há muito tempo uma cidade grande não nos deixava fascinados. Já estávamos acostumados com o sossego das cidades pequenas, mais afastadas do movimento.

Buscamos por essas cidades pequenas e na manhã seguinte ao tour por Brasília levantamos acampamento. Dali, seguiríamos para Minas Gerais pela rodovia BR 040, que atravessa todo o estado até o Rio de Janeiro, nosso destino final.



Apesar das ótimas indicações sobre essa rodovia nos pesavam os pedágios, pois tudo ficava em torno de R$ 100 golpinhos.

Seguimos com a grana contada e acreditando no bom desempenho e economia de gasolina da Gertrudes. A próxima cidade seria Paracatu – MG.

O trecho de Brasília a Paracatu – MG é bem movimentado e urbano. Paramos na estrada e aproveitamos para tomar um lanche na padaria, além de ficar atento aos postos de combustíveis na beira da estrada para, quem sabe, aproveitar um bom valor. Mas foi em vão: o último bom valor foi no centro de Brasília, $3,19, e por lá o custo era a partir de 4,00.

Chegamos a Paracatu, percorremos algumas ruas e novamente paramos em uma padaria hahaha. Um dos motivos para a ansiedade de chegar em MG era o delicioso pão de queijo, que, claro, foi nossa 1ª aquisição assim que pisamos em solo mineiro.

Ainda na padaria, pedimos sugestões de lugares para conhecer e nos indicaram um museu no centro da cidade.

Fomos até lá e entramos numa casinha aconchegante. Bom, na verdade, o quesito conhecimento cultural passou meio longe desse casal aqui (rs). Somos bem curiosos por história e costumes, mas não fazíamos ideia do conteúdo exposto no museu.

Tratava-se de uma exposição chilena, que contava a história do país e de alguns personagens marcantes... OI?! A gente esperava algo sobre a cidade haha. Mas tudo bem, ficamos admirados com a casa, piso de madeira, telhado muitooooo alto, janelas e portas antigas, um jardim e até um coreto. Uma lindeza.

Saímos dali fazendo cara de conteúdo e andamos um pouco pelas ruas no entorno. Não dava pra ir muito longe, pois o Meleca ficou na Kombi e já sabíamos que ele não se comportava muito bem.
Retornamos à Kombi e optamos por parar num posto de combustível para cozinhar. Pretendíamos pousar por ali mesmo, mas o posto fechava as 22h e não poderíamos estacionar por ali.

Vini foi conversar com os frentistas sobre algum posto 24 horas para passarmos a noite e nos indicaram um às margens da rodovia. Lá fomos.

Estacionamos e, novamente, Vini foi conversar com o frentista para se informar sobre aquelas dicas iniciais - banho, água, segurança, etc. Pasmem: a frentista nos sugeriu não dormir por ali, pois era perigoso :O Em todo nosso tempo de estrada nenhum frentista tinha sido tão sincero. Ela disse que aquela era uma região violenta e no posto já haviam rolado alguns assaltos.



Conselho dado e agradecido, seguimos viagem, apesar de lamentarmos deixar a cidade. Nos arredores tinham algumas cachoeiras que gostaríamos de conhecer no dia seguinte, mas não seria dessa vez.
Seguimos e paramos próximo à cidade de João Pinheiro – MG, não muito distante da anterior, mas dessa vez o frentista nos de a certeza de que era segura, ufa!

Seguimos até Três Marias –MG no dia seguinte. Pesquisamos sobre a cidade e vimos que ela era cortada pelo rio São Francisco e ficamos afim de encontra-lo mais uma vez.

Chegamos ainda a tempo de tomar um café com pão de queijo hahah e porque não? Além de ser um típico pão de queijo mineiro, é tudo baratinho. Por vezes o café saia de graça \o/

Perguntamos se às margens do São Francisco teria alguma prainha para passarmos o dia (nos acostumamos com as praias de rio) e para nossa alegria tinha sim.

Ficava na hidrelétrica da cidade e não era muito longe de onde estávamos.  Passamos no mercado, nos abastecemos para o almoço, pois pretendíamos passar a tarde por ali, e fomos para lá.

O São Francisco se mostra lindo e imponente nos dois estados em que o encontramos, Pernambuco e Minas Gerais. Por ali, alguns pescadores, banhistas e muitos, muitos caminhões pipas (que transportam água) se abastecendo.

rio São Francisco <3 nbsp="" td="">

Deixamos o Meleca à vontade. Ele se esbaldou de correr de um lado para o outro e com tanta água ahaha. Deve ter gostado tanto quanto a gente.

Almoçamos, observamos o movimento e não queríamos ir embora. Perguntamos para os motoristas dos caminhões se era seguro parar ali e disseram que sim, vez ou outra uns carros apareciam para namorar hahaha ok!

Aproveitamos para tomar um banho. Precisamos, inclusive, dar um banho no Meleca, que passou a tarde inteira rolando nos restos dos peixes que os pescadores deixavam por ali e estava cheirando carniça rs.

O tempo passou e paralisamos para ver o pôr do sol. Que cena incrível! Já estávamos satisfeitos de estar ali só por esse momento.

Preparamos a Gertrudes para dormimos, mas os mosquitos não nos deixavam a vontade. Depois do calor, os mosquitos são nossos piores inimigos de estrada. Vini fez uma fogueira para tentar espantar
e ficamos na areia o resto da noite, na maior tranquilidade. Só nós e o rio - e os mosquitos.

Céu lindo, fogueira, som de água. Fórmula perfeita para o sono chegar e a gente descansar sabendo que no dia seguinte tinha outra aventura.

Sai, mosquito :P

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Hotel bom pra cachorro

Voltamos para casa cansados depois de passar o dia. Fizemos algumas pizzas de frigideira (receita mestre da estrada) e fomos dormir.

Nosso destino agora era fazer uma visita e se hospedar por alguns dias em um Hotel para Cães, que ficava na saída de Brasília.

Os donos do Hotel eram amigos que o Vini também havia conhecido em sua ida para Brasília para Convenção da Juventude. Julie e Thiago eram do DIOCÁ, um projeto de viagem pelo mundo no qual viajaram pelo leste Europeu e parte da Ásia Menor, e do Rio de Janeiro até Brasília, tudo de bicicleta.

O casal deixou a vida agitada da capital e agora moram em um condomínio rural afastado do centro de Brasília e lá fizeram um hotel bom para cachorro (literalmente rs). O Meleca se esbaldou com os novos amigos, Ventoinha, Mandioca e Hiena.

Nós quatro e a cachorrada

Os cães tem um quintal enorme para brincar com a terra vermelha, e apesar de ter abrigo para dormir insistem em acompanhar Thiago e Julie nas noites na própria casa.
Nós ficamos pela Kombi, apesar da oferta de uma cama. Já estamos acostumados com o nosso cantinho rs.

Thiago e Julie são mega receptivos e adoram receber viajantes em casa para trocar experiências de viagem.

Passamos três dias por lá, nós dormindo na Kombi e o Meleca com a cachorrada. Observávamos a Julie treinar a Mandioca para obedecer comandos básicos e imaginávamos  como seria bom se o Meleca entrasse na brincadeira e também fosse adestrado....hahaha. Sonho nosso.

Aproveitamos para conhecer a Cachoeira do Tororó, onde, inclusive, levamos a cachorrada para se divertir.

A cachoeira ficava a cerca de 3 kms do Hotel e fomos de carona com uma amiga do casal que morava próxima e também queria conhecer a cachoeira.

O acesso é bem fácil, pois a trilha é bem demarcada e curta. A princípio, no início da trilha, mantivemos o Meleca preso para que ele não se enfiasse no meio do mato ou perturbasse outros visitantes da cachoeira, mas ele deu uns ataques de pelanca, latia como se estivéssemos maltratando-o, e por fim nos venceu pelo cansaço e o soltamos.

É claro que ele saiu em disparada. Quando conseguimos alcança-lo ele estava na beira da queda da cachoeira, que era giganteeeeee.... louco!

Descemos para dar uns mergulhos. A queda é muito alta, o que nos garantiu um banho delicioso. Os dogs também se divertiram e se esbaldaram na água.

Cachoeira mara <3 nbsp="" td="">

Em um dos dias, pegamos uma carona com o Thiago até o Eixo Monumental, onde encontraríamos uma prima do Felipe para entregar a chave da casa dele e aproveitaríamos para conhecer mais um pouco da cidade.

Enquanto andávamos pelas ruas observamos que os prédios não tinham o andar térreo. Era um vão onde ficava a recepção e dava para atravessar de um lado a outro. Depois pesquisamos e descobrimos que esse detalhe fazia parte do planejamento da cidade, pois visava que os espaços públicos fossem igualitários e todos poderiam transitar por todos os espaços da cidade. Ótima sacada.

Pelas nossas andanças também percebemos que Brasília é a capital de todos os costumes, culturas e gostos. Vimos anúncios de manifestações culturais de todos os tipos, shows dos mais variados gostos, além da programação musical que atende a gregos e troianos. Com certeza não faltam opções de diversão pela cidade.

Por todos os gramados que passamos algum movimento estava acontecendo, ora um jogo estranho, onde as crianças ficavam dentro de uma bolha gigante e se jogavam de um lado para o outro, ora uma fanfarra ensaiando alguma apresentação.

Brasília além de projetada é setorizada, ou seja, se você quiser ir a um bar tem o setor dos bares, farmácias, mecânicas, comércios, etc. Além de que toda a arquitetura da cidade é de cair o queixo: muito arborizada, apesar de os tons de cinza predominarem, prédios e mais prédios de ministérios ao longo do Eixo Monumental.





O Eixo monumental é uma avenida gigantesca e abriga diversos monumentos de Brasília, assim como órgãos do governo federal. São 16 quilômetros de extensão e pudemos conhecer a Torre de TV, onde você pode subir e observar a cidade do alto, a Praça dos Três Poderes, o planalto, catedral, rodoviária, planetário. Com certeza vale a visita e a caminhada.

Andamos muito, mas muito mesmo. Fomos ao Museu da República, que estava fechado, e conhecemos a Catedral de Brasília. Não chegamos a passar pelo Congresso Nacional porque já estávamos mortos de cansaço. E da Catedral mesmo esperamos o Thiago para carona de volta.

Como o Hotel ficava afastado da cidade ou de qualquer centro comercial ficamos de molho e não pudemos vender os brigadeiros, o que foi ótimo para descansarmos e aproveitarmos a companhia dos amigos e dos dogs.

Trocamos algumas figurinhas com o Thiago quanto às melhores estradas para chegarmos à próxima cidade. Seguiríamos para Paracatu – MG. Que saudade que estávamos de Minas!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Partiu, Brasília!

Partimos rumo à Vila de São Jorge depois de passarmos alguns dias descansando e curtindo as cachoeiras.

O caminho é fascinante: chapadões a perder de vista e muitas veredas, ficamos extasiados com a visão. Pelo cerrado, as paisagens são muito parecidas: chapadas, árvores frutíferas e areia, e a mistura de tudo isso que deixa o cenário lindo.

Chegando em São Jorge, porém, não sentimos o ar “roots” que todos tanto falam - achamos bastante comercial na verdade. Pousadas, restaurantes, bares em todas as ruas, que por sinal apresentavam valores salgadinhos, muito longe do nosso alcance. Essa é uma das partes ruins de viver com o $ contado: não podemos aproveitar a gastronomia local ou parar para tomar aquela cervejinha naquele barzinho que parece aconchegante.

Estacionamos a Gertrudes e andamos um pouco. Vila pequena, muitas árvores frutíferas nas praças com plaquinhas indicando o nome, coisa bem bacana.

Sentamos na praça meio que desolados, pois o horário de entrada no Parque Estadual da Chapada dos Veadeiros já havia passado, e só conseguiríamos visitar no dia seguinte. Pensamos um pouco e, avaliamos nossas opções, que seriam voltar a Alto Paraíso - GO, já que por ali não encontramos um lugar bacana para estacionar, ou seguir viagem e tentar aproveitar o fim de semana na próxima cidade... sem muito pestanejar, decidimos: pé na estrada para Brasília-DF.

Capital do país :D 

A estrada nos mostrava o quanto a Gertrudes estava debilitada. Nas subidas ela perdia força e chegava a andar em torno de 15km/h. Era triste, mas ela tinha que aguentar até o RJ, e ela sabia disso.
Por outro lado, andar em menor velocidade nos deixava menos preocupados com o facão que havia sido soldado recentemente (lembra?).

Vini havia entrado em contato com um amigo, o Felipe, que conheceu em 2015 durante sua passagem para o Congresso Nacional da Juventude. Ele estava embarcando naquele dia para uma viagem aos EUA, mas mesmo assim se dispôs a nos receber. Teríamos que chegar em Brasília antes dele embarcar, mas com a Gertrudes fraquinha seria difícil.

Comemos asfalto o dia todo para conseguir chegar a tempo. Chegando em Brasília, aquela mesma agonia de sempre ao chegar em cidade grande: o fluxo intenso de carros e não saber a localização exata sempre geram uma agonia.

Depois de nos perdermos algumas vezes, chegamos no início da noite....UFA! Ficaríamos na casa do Felipe enquanto ele viajava para cuidar do lugar. Foi só o tempo de uma cervejinha num bar próximo de sua casa e ele já precisava seguir para o aeroporto. A pergunta agora era: como voltar para casa?

Para quem não conhece, Brasília-DF é uma cidade projetada. A princípio, o entendimento de ruas e bairros pode parecer muito simples, mas não é tão fácil assim.

A casa ficava em uma cidade satélite, que é como um bairro, e estávamos no Plano Piloto, que é como o centro da cidade.  Se pra você foi difícil de entender imagine nossa situação naquele momento tentando se localizar...

Confuso? Magine...

Após algumas explicações do Felipe conseguimos seguir caminho. Quando chegamos, reparamos que ali próximo tinha um restaurante muito movimentado, e pensamos que seria um lugar excelente para vender os brigadeiros. Conversamos com o gerente, que foi muito receptivo e nos permitiu abordar os clientes. Eba!

Estávamos planejando ir até um encontro de carros antigos que aconteceria no Parque da Cidade, então demos uma bela geral na Gertrudes. Tiramos toda a terra conquistada na Chapada dos Veadeiros e deixamos ela brilhando e cheirosa (rs).

Ficamos sabendo, porém que, o grupo que organizava o encontro havia se separado, então decidimos participar de um encontro do grupo de CouchSurfing de Brasília, onde poderíamos aproveitar para vender brigadeiros.

Eis que no dia em que deveriam acontecer o encontro de carros antigos e do CoushSurfing um fusquinha passou ao nosso lado e nos cumprimentou.  Passamos em frente a um dos estacionamentos do Parque e avistamos alguns carros antigos estacionados e algumas pessoas acenando para gente se juntar a eles.

O povo cercou a Gertrudes e começou a nos perguntar de onde éramos e o que estávamos fazendo por ali. Contamos nossa história e eles ficaram maravilhados, e nós boquiabertos com os diversos carros lindos e em perfeito estado.

Gertrudes e as amigas (rs)

As celebridades do rolê hahaha
Ficamos a tarde toda por lá. O grupo, conhecido como VW Boxer, fez pão com linguiça, símbolo dos encontros, e fizeram questão que confraternizássemos com eles. No fim, ouvimos e contamos causos e nem participamos do encontro do CoushSurfing.

Como não vendemos nenhum brigadeiro a tarde, como planejado, corremos para o restaurante badalado. Só que quando oferecíamos os clientes mostravam a mesa cheia de outras coisas que haviam comprado de outras pessoas que haviam passado por ali mais cedo, como balas, poemas e cartões. “Se tivessem chego mais cedo, até compraríamos”, diziam.

Mesmo assim, a maioria dos brigadeiros foram vendidos. Passamos algumas horas por lá esperando novos clientes chegarem e valeu a pena.  O resto que sobrou ficou por nossa conta (rs).

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A cachoeira de Loquinhas

Depois de termos sido expulsos pelo pessoal do circo resolvemos passar a noite em um posto de gasolina. Aproveitamos para preparar os brigadeiros para nossa operação infalível, que consistia em usar o dinheiro das vendas para pagar a entrada das atrações e a gasolina da Gertrudes.


Todo esse trampo pra curtir umas cachoeiras :) 

Todas as cachoeiras ficavam em áreas particulares e o acesso era pago com valores exorbitantes, entre R$10 e R$30. Precisaríamos suar, então partimos para uma avenida movimentada.

O primeiro dia de venda foi sucesso. Para cada pessoa que abordávamos contávamos nossos causos e que gostaríamos de conhecer a região, e que para isso precisaríamos desembolsar uma graninha que não tínhamos. Saímos com a bandeja vazia e a causa abraçada por todos,

Após alguns dias nessa pegada entre posto/avenida/posto, nos informamos com um pessoal que expunha trabalhos na praça sobre uma cachoeira de acesso gratuito onde eles se reuniam. A Cachoeira Panteras, para nossa surpresa, ficava ainda mais próxima da cidade do que o posto de gasolina.

Próximo à trilha de acesso, um grande campo de futebol, e uma Kombi estacionada... Seria ali o local indicado pelos amigos da Kombi Sacica, que conhecemos pelo Facebook e nos passou algumas dicas.

E era, uma grande área para estacionar, com sombra, caixa d’agua, mangueira e um grande “banheiro verde” (moitinha mesmo).

Estacionamos e Vini foi logo ver a outra Kombi que estava estacionada. Encontrou Maria, que junto com seu companheiro Lucco viajava com o projeto Viajá y Reite a bordo da Blanquita.

Era o nosso primeiro encontro com outra Kombi viajante, então teríamos muito o que conversar, mas antes, queríamos tomar aquele banho de cachoeira.

Seguimos por uma trilha até a cachoeira. No caminho, que era local de criação dos artesanatos e de lazer da malucada, tinha um pessoal acampado, e o Meleca já estava alucinado latindo para todo mundo.

Chegamos até uma queda e um pequeno poço. A água estava geladíssima, criamos coragem e demos aquele TIBUM. Quando o Vini saiu da água percebeu que perdeu uma de suas lentes de contato. Ficou difícil de ver algo... haha.

Olha essa água!

Passamos algum tempo por ali tentando nos recuperar no sol e voltamos até o campo de futebol.

O local era ideal para passar alguns dias.  No período em que estivemos por lá trocamos altas ideias com o casal da outra Kombi e fizemos até uma noite da pizza, todas preparadas artesanalmente em nossa “Komzinha”. Até fomos convidados a tomar um café da manhã típico argentino, com chapati e chimarrão.

Café da manhã tradicional, com direito a chapati ;)

Eles nos contaram que iniciaram a viagem a cerca de seis meses e procuravam por trabalho em todas as cidades que estacionavam, além de vender algumas peças que criavam, como carteiras e cadernos. O objetivo deles é chegar ao Alaska, no ritmo tranquilo que só quem está a bordo de uma Kombi entende rs.

Recebemos também a visita do Tadeu, amigo que conhecemos dias antes no Mariri Jungle Lodge, e as conversas sobre elevação espiritual e experiências de estrada iam longe.

Pela manhã, acordávamos com o barulho das araras que sobrevoavam o local em busca de frutos de cagaita, fruta típica do cerrado. Estávamos, inclusive, cercados de frutas: haviam pés de caju, cajuí, ingá, e a própria cagaita, como o próprio nome sugere a consequência de se comer muitas... haha

O campo ficava na rua de trás da avenida principal, então todos os dias, initerruptamente, vendemos brigadeiros. Depois de juntar a grana era hora de escolher qual cachoeira íamos conhecer. Escolhemos a Loquinhas, que ficava a uns 5Km, os quais decidimos percorrer a pé.

O caminho é realmente muito fascinante. Árvores imponentes e algumas frutíferas, o que nos garantiu alguns cajus no caminho, e chapadões monstruosos. Mas, para não perder o costume, a estrada era de uma areia finíssima que parecia poeira, e a cada passo subia aquele poeirão na nossa cara.

Chegando a portaria da cachoeira, Van ficou com o Meleca, já que era proibida a entrada de animais, enquanto Vini foi perguntar e dar aquela “chorada” básica no valor. E funcionou: a entrada caiu de $30 para $18, e até arrumamos uma sombrinha e água pro Meleca.

Apesar do rio incrível, de águas verde-esmeralda e com inúmeras quedas d’agua (umas oito no total), era irreal a ideia de cobrar esse valor para visitação. O lugar é seletivo, explorado como opção de lazer que apenas alguns podem usufruir, já que para muitos o custo torna o local inacessível. Mas, infelizmente, presenciamos muitas vezes no caminho que nem sempre a natureza é de graça.

Cara, porém linda

Concordamos que por vezes manter a manutenção de um local como esse envolve custo, tempo e dedicação. Contudo, não concordamos com o lucro em cima de um bem natural. A cobrança de uma taxa que minimamente cobrisse os custos seria o ideal.

E claro que esse sentimento influenciou no modo que apreciamos o local. Apesar de muito bonito e bem cuidado não nos impressionou e até nos despertou duvidas a respeito da “naturalidade” do local. Os poços, por exemplo, estavam tão bem desenhados que até pareciam terem sido manipulados.

Enquanto voltávamos da cachoeira para o campo de futebol um carro na estrada se dispôs a nos dar uma carona. Era um casal de São Paulo que largou tudo e resolveu cair na estrada e se mantinham fazendo alguns grafites por ai.

Apesar dos quase dez dias de tranquilidade e descanso, chegara a hora da partida. Como destino, uma vila que ficava ali mesmo em Alto Paraíso-GO, a uns 45Km, a Vila de São Jorge.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O Grande Circo chegou - e nos expulsou!

No último post fizemos um aparato de todo nossa perrengue por conta do facão, uma peça fundamental na locomoção da Gertrudes.

Era hora de comer e banhar. Ficamos o fim de semana todo só correndo atrás desse problema com a Kombi. A Van até conseguiu tomar um banho, mas o Vini estava necessitado, e o calor também não ajudava. A comida foi escassa nesse período.

Alto Paraíso-GO nos prometia boas vibrações. Conhecer a cidade se tornou um desejo nosso por conta dos relatos de amigos e por ser um destino imperdível para quem admira natureza e cachoeiras.
Alto Paraíso carrega essa carga mística, pois foi construída sobre a maior placa de cristal no país. Gente de todo o Brasil vai conhecer a cidade por conta da fama de atrair energia cósmica.

Fomos a uma feira de produtos orgânicos fazer umas comprinhas para matar a fome. Parecíamos dois malucos andando pela feira, completamente vermelhos, cobertos de terra - resquício do dia anterior. Já que a feira era de orgânicos, lá estávamos nós, do jeitinho mais “orgânico” possível (rs).

Gertrudes tava necessitada de uma limpeza depois de passar horas na estrada de terra

Levamos o Meleca junto no colo, já que ele ficaria doidão se estivesse no chão, como já aprontou antes quando resolveu latir para a galera e marcar território no local. Um segurança, então, pediu para o Vini – que estava com ele – se retirar, pois não era permitida a entrada com animais. Vai entender.

O Meleca é a parte causadora da viagem. Late pra tudo, corre atrás de tudo, faz xixi em tudo... meio difícil manter ele de boas, tanto solto quanto na coleira.

Enquanto a Van percorria a feira em busca de algo que pudéssemos usar para nosso café da manhã e almoço, Vini rolava no chão com o Meleca do lado de fora. Ótimo, mais terra na roupa para completar nosso look orgânico hahaha

Compras boas, mas os preços eram bem salgados. Levamos beterrabas, alface e até ganhamos brindes, pois paramos numa banquinha e escolhemos umas cenourinhas miudinhas, o moço viu que eram poucas e não cobrou :)

Hora de procurar algum lugar para encostar.  Lembramos da dica dos amigos da Kombi Sacica, que semanas antes passaram por ali e ficaram no campo , onde havia sombra e água fresca direto da torneira.... Ouro para nós.

Chegamos onde acreditávamos ser o campo  - apesar do ginásio de esportes no meio - e havia uns trailers de um circo que estava fazendo espetáculos na cidade. Estacionamos e fomos trocar uma ideia com o pessoal do circo. Inicialmente eles foram receptivos, até que um senhor nos viu de acampamento armado, com toda a bagunça da Gertrudes pra fora e prestes a começar a cozinhar. Percebemos que ele comentou com outras pessoas, mas não falou conosco.

Gertrudes tinindo após uma mega faxina e barriga cheia.  Quando nos preparávamos para planejar a venda dos brigadeiros o dono do circo veio conversar com a gente:

“Vocês não podem ficar aqui não, estamos pagando por esse espaço!”

O espaço que estavam ocupando foi alugado pela prefeitura e havia uma fiscalização em relação à quantidade de carros estacionados no espaço.
Achamos estranho, pois todas as dicas que recebemos batiam com aquele espaço.

Desconfiados, saímos de lá, mas queríamos nos informar sobre o espaço na prefeitura. Como era sábado, teríamos que esperar até segunda, então optamos por passar a noite no posto de gasolina à margem da rodovia. Até lá, vamos preparar mais brigadeiros ;)

Olha nóis no posto de novo! 

terça-feira, 22 de novembro de 2016

O drama do Facão

No post anterior contamos como foi nossa passagem pelo Mariri e que decidimos encurtar nossa estadia, retornando assim à estrada.

De repente, um forte solavanco. Parecia que andávamos em três rodas. Pensamos que o pneu havia furado e quando fomos verificar.... NÃOOOOOOOOO!

Quando levamos a Gertrudes no mecânico ele olhou apenas a parte do motor e deixou de lado a suspensão, rodas e amortecedor. Eis que o facão havia quebrado, uma peça fundamental na suspenção da Kombi. Sem ela era impossível seguir viagem.



Facão antes e facão depois :(  
Tentamos de tudo e quebramos até uma chave de boca na tentativa de retirar a peça, mas não era assim tão fácil. Decidimos, então, pegar uma carona até Alto Paraíso-GO para procurar ajuda e, quem sabe, um reboque.

Mas como, se não tínhamos nenhum centavo?

A essa altura estávamos a 3 quilômetros de Mariri e a 10 quilômetros da cidade. Van pegou uma carona até Alto Paraíso enquanto o Vini ficou com a Gertrudes e o Meleca no meio da estrada esperando o desenrolar da situação.

Ao chegar à cidade, Van procurou ajuda em um posto de gasolina onde foram muito atenciosos e indicaram uma oficina que talvez pudesse ajudar. Na oficina o mecânico até se prontificou, mas estava sem carro para ir até o local :( a Van mostrou uma foto do ocorrido e recebeu o veredito: “Moça, essa peça é difícil de achar por aqui, só a mão de obra para tirar fica em R$180, fora o reboque”.

FU#$@

Van rodou de um lado pro outro. Precisava de internet e lembrou que havia uma “filial” do Mariri na cidade e foi lá pedir a senha do Wi-Fi. Acionou alguns amigos para levantar uma grana e arcar com os custos, já que não dava pra esperar a venda dos brigadeiros e também seria meio impossível, tendo em vista que tudo estava no meio da estrada a quilômetros de distância.

Amigos e familiares não nos deixaram na mão e logo enviaram uma ajuda $, mas não havia nenhum reboque na cidade. Van até ficou na beira da rodovia tentando parar algum para resgatar a Gertrudes, mas não teve sucesso.

Gertrudes durante o pouso forçado rs

Foi quando um mecânico se dispôs a ligar para um reboque e “marcar uma horinha”. Tínhamos um horário, 20h, sendo que o imprevisto aconteceu às 12h e já eram 16h.

Enquanto isso, Vini não tinha nenhuma notícia sobre o desenrolar da situação, até que o Tadeu, um amigo que conhecemos no Mariri e com quem a Van havia cruzado momentos antes, passava pelo local e deixou a mensagem da Van: “O reboque vem às 20h!”. Ufa!

Muitas horas depois e nada! 20h, 21h, 22h, 23h e nada de reboque. A estrada no meio do mato é escura e deserta, a não ser por um ou outro carro que passava por ali. A Van ficou na saída da cidade com uma garrafa de água à espera de algum carro que pudesse levar pro Vini beber. Sem sucesso, foi dormir na casa do mecânico.

Não tinha jeito, Vini teria que passar a noite por ali mesmo, com fome, com sede e sujo, já que não tinha nenhum riozinho perto.

No dia seguinte, por volta das 7h da manhã, eis que chega Van com o reboque, falando do quão gentil o mecânico foi, que a acolheu na casa dele para que não passasse a noite na rua, do medo de vir a noite pela estrada e das andanças pela cidade atrás de ajuda.

Já com a Gertrudes em cima do reboque, fomos à cidade, ela precisando de um facão e nós de um banho urgente!


Tem que se envolver, né? 
Chegando na oficina o mecânico deu uma olhada, ligou para alguns contatos para ver se achava a peça e nada. Provavelmente só na semana seguinte e a 250km dali.

Entramos em contato com amigos que possuem Kombi para perguntar sobre a possibilidade de soldar a peça. As opiniões se dividiam, uns dizendo que era confiável e outros que não.

Fazer o que, não tínhamos outra alternativa, decidimos pela solda, imaginando que aguentaria até a cidade que houvesse a peça, Formosa-GO.

Dissemos ao mecânico sobre nossa jornada por esse mundão, do dinheiro que estava curto, do sonho de seguir em frente, queríamos comover mesmo (rs).

 Vini se prontificou a ajuda-lo na desmontagem e assim fez. Algum tempo depois o facão já estava soldado e de novo no lugar, montado. O mecânico olhou pra Gertrudes, o desespero bateu, era hora de dar o valor do serviço: “Vocês têm muita coragem em rodar esse Brasil numa Kombi. Não estou aqui para ganhar dinheiro, quero ser amigo de vocês. Deixa R$40 e fica tudo certo”.

Que felicidade ouvir coisas assim! Quase demos um abraço no moço. Além de acolher a Van e nos ajudar de todas as formas, ainda fez um preço mais que camarada pra gente. Nossa certeza de que há gente boa nesse mundo se confirma a cada experiência.

Era hora de matar a fome e enfim tirar toda a terra do corpo.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Alto Paraíso e a viagem nada paradisíaca

No dia que chegaríamos a Alto Paraíso acordamos cedo. Estrada era o que não faltava, então precisávamos começar as atividades logo. Logo na saída de Arraias, cruzamos a fronteira Tocantins/Goiás.

O desempenho da Gertrudes estava ficando cada vez pior. Muito fraquinha, nossa velocidade média não passava de 55km/h e nas subidas ela mal atingia 20km/h no velocímetro. Era preocupante, a jornada se tornaria mais longa, mas nos mantivemos firmes.

Chegamos em Alto Paraíso quase no final da tarde. Tínhamos combinado de passar alguns dias em uma pousada trabalhando em troca de hospedagem. O local ficava há 13 quilômetros da cidade, mas não imaginávamos a situação da estrada que nos esperava.

-_-

Estrada péssima, no velho estilo Jalapão....muita areia, buracos enormes camuflados na areia e só pra ajudar, muita subida.

A medida que avançávamos imaginávamos como seria ir e voltar da cidade para vender os brigadeiros, pois com certeza iriamos abusar da disposição da Gertrudes.

Apesar da preocupação a vista nos encantou, já que a estrada corta uma floresta linda.

Demos uma canseira grande na Gertrudes, mas ela foi muito bem :)  

Chegamos à pousada, e ficamos pasmos. Estávamos no pé da serra, com um paredão surpreendente a nossa frente.

O Mariri Jungle Lodge, pousada em que ficaríamos, é uma reserva que oferece estadia diferenciada no meio da floresta, retiros para artistas e vivências inusitadas em suas casas na arvore.

As trilhas que te levam para o meio da floresta, ou ao pé da serra te envolvem, pois só é possível ouvir o barulho das arvores e dos pássaros.

Conversamos com os demais voluntários, conhecemos um pouco do espaço, o Meleca ficou intimidado com o casal de cães que o recebeu, mas logo se enturmou.

Só foi o tempo de cozinharmos algo e fomos dormir - numa cabana de bambu! Trocamos a Gertrudes por uma noite rs.
O dia começava cedo, tínhamos que tomar café, lavar nossa louça ou fazer qualquer outra atividade pessoal antes da reunião inicial às 9h com os voluntários para que todos soubessem suas atividades diárias.


Nossa vista <3 td="">

A cozinha fica em meio à floresta e bem no alto. Tomar café com essa vista com certeza te deixa mais agradecido pela oportunidade de mais um dia.

A reunião, para nossa alegria (só que não!), era em inglês, pois a maioria dos voluntários eram estrangeiros e os brasileiros eram fluentes no idioma.  Logoooo, aguçamos os ouvidos para nos ambientarmos na conversa rs. Até que não foi difícil.

Apesar de toda belezura do lugar, o trabalho chamava e tomava boa parte do dia.
Bom, uma semana se passou e começamos a nos perguntar onde nos enfiamos. Por conta do problema da estrada resolvemos que não iriamos à cidade com a frequência que planejamos (toda noite) para vender os brigadeiros e garantir o suficiente para nossa alimentação. Enquanto permanecíamos no Mariri começamos a nos preocupar.

Com certeza o lugar era lindo, e não teríamos acesso a conhecê-lo se não fosse pela troca de trabalho por hospedagem. Mas pensando bem, para nós a troca não estava sendo justa.
As verduras e legumes produzidas no local não podiam ser consumidas, pois ficavam para a dona do espaço e para o caseiro.

Algumas coisas produzidas eram descartadas, como café, algodão e feijão. Nos disseram que eram plantadas no intuito de seguir o conceito de agrofloresta, onde se busca manejar a terra com o plantio de diversas espécies, frutas/verduras/legumes, e não apenas um única espécie que degradaria o solo com o tempo.




Nossas atividades não envolviam trabalho com permacultura e agrofloresta. Estávamos envolvidos somente com a harmonização do espaço para os clientes provenientes do Airbnb.

Talvez tenha sido uma falta de comunicação da nossa parte em não esclarecer todas as condições inicialmente.

Buscamos alternativas para retornar a cidade, carona, a pé...rs. Seria possível retornar com o ônibus escolar, mas só durante o dia ou de táxi, que cobra em torno de R$80,00... sem chance!

Infelizmente precisamos diminuir nossa passagem pelo Mariri. O que seriam 15 dias se tornou uma semana. Esclarecemos à Anne, que nos acolheu, que precisávamos retornar a cidade para buscar trabalho – até mesmo nossa comida estava acabando por ali!

Anne entendeu e nos sugeriu lugares para visitar na cidade.

Sim, o lugar é surpreendente e quem tiver condições $ de custear uma estadia por lá faça! A piscina natural, a casa na arvore, a sauna tailandesa, as cabanas e claro, a vista, valem a pena.

Pouco mais de três quilômetros à frente a Gertrudes se revoltou e nos cobrou por todos os esforços que a fizemos passar. Aguarde o drama no nosso próximo post ;)

terça-feira, 15 de novembro de 2016

O caminho rumo a Alto Paraíso: Chapada da Natividade e Arraias

Pé na estrada, graninha no bolso e um montão de kms até o próximo destino, Alto Paraíso – GO, mas em um dia só seria muito cansativo. Pra que a pressa?


Estrada longa, sem muitos pontos de apoios ou paradas, a mata era predominante em ambos os lados e a ganância também: à margem da estrada, escritórios anunciavam serviços voltados à exploração do agronegócio na última fronteira agrícola do Brasil (Matopiba) até um anúncio de Correntão para desmatamento, prática ilegal e de grande dano ao meio ambiente.


Apesar dos pesares, a vista era linda <3 nbsp="" td="">

Chegando a Chapada da Natividade - TO, ficamos impressionados com a arquitetura colonial e como estão preservadas as casinhas e ruas estreitas.

A cidade foi tombada pelo IPHAN em 1987, talvez por isso os traços do século XVIII ainda estejam tão preservados. Conhecemos as ruínas da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, construída por escravos no século XVIII, mas que não foi terminada por falta de recursos.  

No local, havia uma imensa mangueira carregada de mangas maduras. Van e Meleca se esbaldaram.


Manga madura = muito amor! 

Procuramos informações a respeito de uma cachoeira que havia no local, mas no caminho nos informaram sobre a seca e que não daria pra banhar. Fazer o que... deixamos para outra oportunidade e resolvemos seguir estrada.

A vista era realmente incrível. Em alguns lugares cruzávamos com largos rios, outros com imensos paredões, tudo muito fascinante.

Chegando a cidade de Arraias - TO, a mais alta da região norte do país, o que nos garantiria um climinha mais confortável. Todo o percurso pelo Tocantins foi regado a dias bem quentes, o que nos deixava numa busca insana por sombra, e chegar à última cidade desse estado sem ter de se preocupar com sobra nos confortava.

Arraias é uma cidade de ritmo pacato, e que foi área de exploração de ouro e prata no período colonial. Muitas casas ainda trazem características dessa arquitetura colonial portuguesa. Nas ruas mais afastadas do centro já chegaram as construções mais novas, o que nos indicou que a cidade vem crescendo.

Estacionamos pela praça em frente a igreja e os olhares para o interior da Kombi eram furtivos, todos passavam desconfiados, outros tiravam fotos, cumprimentavam.

Era sábado e todos estavam indo à igreja para os festejos em comemoração à padroeira Nossa Senhora dos Remédios. Passamos com os brigadeiros, na esperança de aproveitar o movimento, já que a Gertrudes estava bebendo um pouco a mais do que o planejado. Apesar da cidade estar cheia os doces demoraram a sair, mas no final tivemos sucesso.

Os postos de gasolina não funcionavam 24 horas, então resolvemos passar a noite no estacionamento da rodoviária. Antes, porém, fomos checar com algumas pessoas sobre a “tranquilidade” da noite no local. Eis que um rapaz a quem o Vini pediu informação disse para passarmos a noite no estacionamento da pousada em que ele trabalhava e ainda nos convidou para jantar.

Convite aceito! Sentamos em um barzinho, no qual estava ele e o pai, o Seu Juca, um matuto criado a vida inteira na roça que contava milhões de causos e contos, e nos deixava boquiabertos com tantas vivencias.

“No tempo de gente besta que não sabia ler nem escrever”, “Inteligente era gente de antigamente, hoje em dia é só cópia do que inventaram lá atrás”, “Pensa num moinho de cana-de-açúcar... foi base para construir tudo que temos hoje”, “Sobe em cima do cupinzeiro pra fechar o corpo”, “Gente com olho ruim faz as coisas darem errada, pode até ser gente de bem, mas tem o olho ruim, aí tem de levar a pessoa na benzedeira pra desfazer o olho” .... Eram causos que não acabavam mais e nos deixavam ansiosos por mais histórias, mas o sono nos consumiu e fomos dormir.

Ainda em Natividade, a igreja em ruínas de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.


Apesar de ser uma cidade convidativa e na qual facilmente prolongaríamos nossa estadia, precisávamos lembrar do nosso compromisso e data marcada  para chegar em Alto Paraíso – GO. O dia seguinte, portanto, seria de estrada logo cedo! Acompanhe para saber como foi J


quinta-feira, 10 de novembro de 2016

As cartas e o mecânico (e estamos de volta!)

Estamos sumidos, não é? Pedimos desculpas :( a correria, mil coisas para fazer e preocupações com a Gertrudes fizeram com que nosso tempo para o blog ficasse escasso. Mas voltamos para contar nossas aventuras diárias Brasil afora e manter vocês atualizados sobre as novidades!

Ainda em Taquaralto/TO (lembra que a gente precisava de dinheiro pra dar um trato na Gertrudes?), a Van aproveitou a ida até o Centro para comprar a reposição dos materiais do brigadeiro e postar algumas cartas no correio (SIM, CARTAS!).

Van concentrada na produção dos brigadeiros rs
Van passou por uma situação interessante  por lá. Foi postar algumas cartas e mencionou que seriam cartas sociais (o selo custa R$ 0,01, o envelope deve ter como remetente e destinatário pessoa física e o conteúdo pode pesar até 10g).

A atendente olhou surpresa e foi procurar os selos. Ao retornar questionou para quem seriam as cartas e a Van informou que seriam para algumas amigas e seu sobrinho. Ela sorriu e afirmou que não cobraria os selos, pois há muito tempo que não vê alguém postar cartas.

Realmente... em tempos de internet e toda a facilidade do contato imediato, acreditamos que as correspondências tenham caído em desuso, e a moça dos correios nos incentivou a manter esse hábito.

E porque escrever cartas? Porque recebemos muito incentivo e carinho de quem nos acompanha pela página e escrever para essas pessoas foi a forma que escolhemos de retribuir essa atenção de uma forma mais pessoal. Assim, todos que se manifestaram na página com interesse de receber as cartinhas podem ter certeza de que elas foram postadas :D

Enquanto isso, o Vini levava a Gertrudes para receber uma atenção no mecânico, conforme havíamos prometido a ela quando chegamos do Jalapão. Carburador, velas, bobinas, revisão mais do que merecida. E Vini, claro, acompanhando tudo atentamente, para zelar por ela e também para aprender - na próxima, quem sabe, já não precisaremos do colega mecânico.

Olhaí a Gertrudes descansando! 
Van chegou na oficina e o mecânico Antônio logo quis apresentar sua obra de arte. Ele cria projetos para modificação em carros e lá estava estacionada a mais nova: um fusca (hot road) totalmente transformado, teto rebaixado, laterais alongadas, motor 8 cilindros, direção, etc. E ainda prometia mais modificações até que ficasse pronto.

Conversamos um pouco e em pouco tempo ele finalizou a Kombi, mas na hora do teste...não pegava. Ei, moço, tem gasolina? Kkkkk... ô mania de andar na reserva.

Lá vai Vini buscar um cadinho de gasolina no posto ao lado, abastecida e testada. Já notávamos diferença no ronco do motor, Vini saiu para uma volta e comprovou: estava bem melhor.

Por sorte as vendas na região foram ótimas e conseguimos saudar a dívida da oficina. O amigo mecânico com quem já tínhamos feito o orçamento antes também foi beeem compreensivo e cobrou um preço camaradíssimo e possível para nós.

Bom, nossa esperança ao retornar à estrada é que a Gertrudes diminuísse o consumo de combustível, pois frequentemente estávamos ficando sem gasolina - e o pior, sem dinheiro.  Vamos conferir!

Já de volta ao posto de gasolina, só foi o tempo de Van fazer uma boquinha, e estradaaaaaa. Nosso próximo destino seria Porto Nacional/TO, cidade que ficava a uns 50 Km de Palmas. Para verificar o consumo colocamos gasolina em um galão e seguimos viagem, e eis que nem 30 Km à frente a Gertrudes parou. Estava fazendo 8,6 Km por litro, muito pouco ainda, precisávamos que ela fizesse no mínimo uns 10 Km por litro.

A grana estava curta, reabastecemos com a gasolina do galão e continuamos o caminho.  Percebemos que apesar dos ajustes na oficina, o consumo não melhorou. Mas, sentíamos que ela estava mais forte em subidas, o que já era um alívio.

Seguimos em frente. Vamos ver como a Gertrudes vai se portar daqui para a frente. Vem com a gente!

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Baita Cachoeira...


Quando acordamos, preparamos o café e ajeitamos a Kombi para irmos comprar os materiais para o brigadeiro.

Na avenida, encontramos outra loja de artigos de festa e muito mais em conta que na loja que estávamos comprando anteriormente.
O dono ficou curioso e começou a perguntar e sugerir outros materiais, Van começou a contar sobre a viagem e como a venda dos brigadeiros nos mantinha no caminho.
Rolou um desconto bacana e já sabíamos onde voltaríamos nas próximas compras.

Ah e sobre a Gertrudes, durante esses dias entre idas e vindas para Palmas, Taquaruçu e arredores, percebemos que o consumo de combustível estava absurdo, cerca de 7kms por litro. O que tornaria um grande sacrifício o próximo trecho da viagem.

Resolvemos consultar um mecânico que ficava próximo do posto que estávamos estacionados e informou que não mexia em carburadores e nos indicou outro mecânico, fomos até lá e contamos todo o problema que a Kombi tinha enfrentado e sugeriu algumas hipóteses (velas, carburador e válvula), mas para que pudesse dar aquela “olhadinha” ficaria pela bagatela de 150$.

Que isso amigo, a gente tá pastando aqui para juntar o dimdim do botijão e do combustível.
Bom, por menos de 100$ eu não consigo mexer.

Acordamos que verificaríamos o resultado das vendas no fim de semana e o procuraríamos na segunda.
Estávamos cientes que a Gertrudes precisava de uma mexidinha para retomar sua capacidade total, e que não poderíamos adiar isso. Mas, que era dinheiro pra caramba, era.
Era hora de redobrar os esforços de vendedores haah.

Retornamos para o posto e aproveitamos o sinal de wifi, atualizamos o blog e almocinho.
Como era sábado, aproveitaríamos uma apresentação de circo que aconteceria em Taquaruçu, passaríamos o fim de semana por lá, pois na segunda Van faria um exame.

Antes de seguirmos, abusamos mais um pouco da estrutura do posto, lavamos a louça, tomamos um banho e armazenamos água gelada rs.

Abastecemos e seguimos para Taquaruçu, o caminho para a cidade é muito bonito e surpreende a cada vez que o percorremos.

Chegamos no fim da tarde e na praça já começavam a montar as barracas de comidas, a medida que o palco começava a ser preparado para o circo.

Fomos até a Carlinha, mas não estavam em casa. De qualquer forma estacionamos por ali e seguimos para a praça, e já tinha um bom movimento.

Vini começou a conversar com o pessoal e os brigadeiros pouco a pouco iam saindo, garantindo alguns quilômetros a mais de viagem.

Pela praça algumas pessoas expunham trabalhos de artesanato e um deles se interessou pelos brigadeiros para suas 2 filhas, rolou uma troca por um item de artesanato, que levaríamos como lembrança na cidade.

O espetáculo de circo iniciou, e paramos para assistir. Era uma companhia de Porto Alegre que estava se apresentando pelo norte do Brasil, com o Circo de Horrores e Maravilhas.




A plateia estava cheia e todos vidrados nos movimentos da apresentação, inclusive nós rs.



Término de apresentação, aproveitamos o movimento, mas o interesse pelo “docinho” começou a diminuir e também o fluxo de pessoas.

Como já tínhamos vendido além da nossa meta e já estávamos famintos, voltamos para a Gertrudes e requentamos o almoço.

Demos uma ajeitadinha na bagunça e dormimos, nem chegamos a ver se a Carlinha e Fernando haviam chegado.

Acordamos e preparamos um café na Kombi, Van foi procurar pela Carlinha que estava de saída com a Açucena para leva-la para andar de bicicleta, Sussu estava toda equipada na bike de rodinhas, capacete e joelheiras...só faltava a coragem em pedalar rs.

Enquanto andavam de bicicleta, tomamos café e depois as encontramos na varanda, proseamos um pouco sobre a região e ela comentou que Fernando foi fazer uma prova que levaria o dia todo, só o encontraríamos no período da noite.

Relatamos como ficamos encantados com a cidade e o movimento na praça na noite anterior.
Aparentemente a cidade tem a veia cultural bem aflorada, muitas famílias estavam prestigiando a apresentação e Carlinha comentou que optaram em se mudar para Taquaruçu após a chegada da Açucena, por  ser uma região mais tranquila.

Carlinha começou a preparar o almoço e a Van um cuscuz para acompanhar, pós almoço e aquela preguicinha bateu.

Ficamos pela varanda até que um casal de amigos chegou a casa e convidou para irmos a Cachoeira da Roncadeira, apesar de estarmos ansiosos para conhecer, não poderíamos naquele momento, pois logo prepararíamos os brigadeiros para irmos à praça.

Açucena logo estava pronta para banhar rs e se foram.

Enquanto lavávamos a louça do almoço, a Ju que nos recebeu em São Félix apareceu haha, eita saudade braba.

Que nada, ela estava iniciando uma viagem e havia acabado de chegar do Jalapão com destino ainda incerto.

Conversamos um pouco e preparamos os brigadeiros, a deixamos em casa e fomos a praça.

Para nossa surpresa estava lotada, com muito mais pessoas do que na noite anterior que teve apresentação.
Em pouco tempo Vini já havia vendido uma boa quantidade e arrecadado ótimas dicas de lugares para conhecer na região e que não são indicados pelo CAT.

Informaram que inúmeras propriedades possuem cachoeiras, mas os donos não abrem para o público, mesmo que seja sob o pagamento de taxas de manutenção. Agora sim entendemos.

Vendas finalizadas, voltamos pra casa e finalmente encontramos o Fernando, que por todos esses dias em que estivemos em sua casa, saia cedo e voltava tarde do trabalho.

Todos na varanda, com causos de viagem, dando pitacos no roteiro da Ju de ir até o Peru, discutindo sobre a situação do Tocantins pelo agronegócio, assuntos a perder de vista.

Pudemos conhecer a Ester, que os amigos da Cia Pé de Cana nos sugeriram como figura a ser conhecida.

Ester é palhaça e está à frente do Ponto de Cultura que fica na Cachoeira da Roncadeira.
Como já havíamos percebido por todas as pessoas que conhecemos em Taquaruçu, o lado artístico pulsa fortemente.

Bom, apesar da boa prosa e das grandes trocas, estávamos com aquele sono que gente idosa nos entende haha, fomos dormir.

Infelizmente acordamos com o celular despertando, já tínhamos perdido esse costume, mas foi por uma boa causa, íamos a Cachoeira finalmente.

Entramos na casa e Ju já estava acordada com o café a postos, logo toda a casa acordou e tomamos café juntos.
Nos preparamos para ir a cachoeira e convidamos a Ju, que aceitou. Bora lá!

A cachoeira ficava na descida da serra, aquela por onde passamos e na curva quase deu ruim.
Subimos tranquilos e sem pressa, logo chegamos sem muito esforço da Gertrudes.

Na entrada, aquela taxa de 10$ e as orientações da trilha até a queda da cachoeira, como a Ju já conhecia, fomos tranquilos.

De cara uma baita escadaria, com uns degraus que desagradaram o joelho da Van rs. Após a escadaria uma trilhazinha bem demarcada e bem sombreada. Só o caminho já fascina.


Todo o percurso tem pouco mais de 1km, e alguns metros de chegarmos a Roncadeira, tem uma outra cachoeira a esquerda a do Escorrega Macaco, que deixamos para conhecer no retorno.

Chegamos a tão famosa Roncadeira, uma queda bem alta e o entorno surpreendente.



Infelizmente o Sol ainda não havia chego ali, e soubemos que a água é bem fria. Faltou coragem para enfrentar a queda.

Ficamos admirando, admirando, andando no entorno, molhamos os pés, joelho até que finalmente vimos uma fresta de Sol e tomamos coragem de entrar de vez e depois se aquecer no Sol.




Realmente a água congela, em determinado momento você deixa de sentir os dedos e para de se mexer para a água não te congelar por completo hahaha.
Ficamos ali por um tempo, nos aquecemos, banhamos e vice versa. Era hora de voltarmos e paramos na cachoeira do Escorrega Macaco, tão gelada quanto. Van não se arriscou dessa vez hahah.

O poção dessa é bem menor e para mergulho é inviável, mas a queda garante uma boa massagem nas costas.


Já com o Sol cozinhando retornamos pela trilha e a baita escadaria.
Van estava um pouco apressada, pois tinha um exame no posto de saúde.

Passamos pela casa da Carlinha, Van tomou uma ducha, se despediu de todos, pois após o exame seguiríamos para Taquaralto, onde as vendas eram melhorzinhas.
Fomos ao posto, o atendimento foi bem rápido e pegamos a via.

Impressionante como o clima muda em cerca de 16kms, Taquaruçu tem um clima delicioso de serra, rola aquele Sol e calor durante o dia com uns ventos para aliviar e a noite aquele geladinho que não te deixa agoniado.
Mas, chega em Taquaralto nossa o Sol desce na Terra.

Deixamos os brigadeiros prontos a tempo de esfriarem para a venda a noite.

Enquanto ajeitávamos algumas coisas na Gertrudes, a Ju estava a nossa procura por Taquaralto, indicamos o posto e quando menos esperamos, eis que surge.
Ela já havia se decidido quanto ao destino e aguardaria o horário do ônibus ali conosco.
Proseamos um pouco sobre o trecho que viajaria, e sobre nossos próximos destinos.

Já no nosso horário, tomamos um banho ajeitamos a Kombi e lá fomos nós, demos uma carona pra Ju até a praça de Taquaralto, pois de lá seguiria para rodoviária.
Novamente nos despedimos, rs...sabendo que em breve nos revemos.

Vini partiu pra venda, mas havíamos chegado cedo e o movimento ainda estava fraco. Na segunda feira anterior a praça estava lotada e a venda foi rápida.

Bom, as horas foram passando e as vendas seguiam devagar...apesar de a fome já bater na porta, tínhamos que finalizar todos os brigadeiros, pois do contrário teríamos que estender nossa estadia pela região para completarmos o valor do mecânico e da gasolina.
Com um pouco mais de insistência, começou a dar certo.

Vini proseava com os clientes a medida que se interessavam pela história e queriam contribuir. Inclusive comentaram que na região há diversos donos de carros antigos, mas que os deixam na garagem, vez ou outra que saem para exposições ou no encontro anual. Uma pena, a rua deveria ter esses carros transitando rs.

Bom, meta atingida, retornamos ao nosso pouso no posto de gasolina e estávamos mortos de fome e com sono. Logo, a comida teria que ser rápida.

Van aproveitou uma sugestão da Carlinha de preparar uma “farofa” de cuscuz com feijão, unimos o útil ao agradável, rápido e provavelmente delicioso.


E assim foi, realmente o preparo rápido e ficou muito bom, além da boa sustância que o cuscuz dá ahahah. Mesmo sem arrumar nossa bagunça fomos dormir.

Calmem, que logo acertamos nosso "diário" hahah, até mais...