terça-feira, 15 de novembro de 2016

O caminho rumo a Alto Paraíso: Chapada da Natividade e Arraias

Pé na estrada, graninha no bolso e um montão de kms até o próximo destino, Alto Paraíso – GO, mas em um dia só seria muito cansativo. Pra que a pressa?


Estrada longa, sem muitos pontos de apoios ou paradas, a mata era predominante em ambos os lados e a ganância também: à margem da estrada, escritórios anunciavam serviços voltados à exploração do agronegócio na última fronteira agrícola do Brasil (Matopiba) até um anúncio de Correntão para desmatamento, prática ilegal e de grande dano ao meio ambiente.


Apesar dos pesares, a vista era linda <3 nbsp="" td="">

Chegando a Chapada da Natividade - TO, ficamos impressionados com a arquitetura colonial e como estão preservadas as casinhas e ruas estreitas.

A cidade foi tombada pelo IPHAN em 1987, talvez por isso os traços do século XVIII ainda estejam tão preservados. Conhecemos as ruínas da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, construída por escravos no século XVIII, mas que não foi terminada por falta de recursos.  

No local, havia uma imensa mangueira carregada de mangas maduras. Van e Meleca se esbaldaram.


Manga madura = muito amor! 

Procuramos informações a respeito de uma cachoeira que havia no local, mas no caminho nos informaram sobre a seca e que não daria pra banhar. Fazer o que... deixamos para outra oportunidade e resolvemos seguir estrada.

A vista era realmente incrível. Em alguns lugares cruzávamos com largos rios, outros com imensos paredões, tudo muito fascinante.

Chegando a cidade de Arraias - TO, a mais alta da região norte do país, o que nos garantiria um climinha mais confortável. Todo o percurso pelo Tocantins foi regado a dias bem quentes, o que nos deixava numa busca insana por sombra, e chegar à última cidade desse estado sem ter de se preocupar com sobra nos confortava.

Arraias é uma cidade de ritmo pacato, e que foi área de exploração de ouro e prata no período colonial. Muitas casas ainda trazem características dessa arquitetura colonial portuguesa. Nas ruas mais afastadas do centro já chegaram as construções mais novas, o que nos indicou que a cidade vem crescendo.

Estacionamos pela praça em frente a igreja e os olhares para o interior da Kombi eram furtivos, todos passavam desconfiados, outros tiravam fotos, cumprimentavam.

Era sábado e todos estavam indo à igreja para os festejos em comemoração à padroeira Nossa Senhora dos Remédios. Passamos com os brigadeiros, na esperança de aproveitar o movimento, já que a Gertrudes estava bebendo um pouco a mais do que o planejado. Apesar da cidade estar cheia os doces demoraram a sair, mas no final tivemos sucesso.

Os postos de gasolina não funcionavam 24 horas, então resolvemos passar a noite no estacionamento da rodoviária. Antes, porém, fomos checar com algumas pessoas sobre a “tranquilidade” da noite no local. Eis que um rapaz a quem o Vini pediu informação disse para passarmos a noite no estacionamento da pousada em que ele trabalhava e ainda nos convidou para jantar.

Convite aceito! Sentamos em um barzinho, no qual estava ele e o pai, o Seu Juca, um matuto criado a vida inteira na roça que contava milhões de causos e contos, e nos deixava boquiabertos com tantas vivencias.

“No tempo de gente besta que não sabia ler nem escrever”, “Inteligente era gente de antigamente, hoje em dia é só cópia do que inventaram lá atrás”, “Pensa num moinho de cana-de-açúcar... foi base para construir tudo que temos hoje”, “Sobe em cima do cupinzeiro pra fechar o corpo”, “Gente com olho ruim faz as coisas darem errada, pode até ser gente de bem, mas tem o olho ruim, aí tem de levar a pessoa na benzedeira pra desfazer o olho” .... Eram causos que não acabavam mais e nos deixavam ansiosos por mais histórias, mas o sono nos consumiu e fomos dormir.

Ainda em Natividade, a igreja em ruínas de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.


Apesar de ser uma cidade convidativa e na qual facilmente prolongaríamos nossa estadia, precisávamos lembrar do nosso compromisso e data marcada  para chegar em Alto Paraíso – GO. O dia seguinte, portanto, seria de estrada logo cedo! Acompanhe para saber como foi J


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