sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Alto Paraíso e a viagem nada paradisíaca

No dia que chegaríamos a Alto Paraíso acordamos cedo. Estrada era o que não faltava, então precisávamos começar as atividades logo. Logo na saída de Arraias, cruzamos a fronteira Tocantins/Goiás.

O desempenho da Gertrudes estava ficando cada vez pior. Muito fraquinha, nossa velocidade média não passava de 55km/h e nas subidas ela mal atingia 20km/h no velocímetro. Era preocupante, a jornada se tornaria mais longa, mas nos mantivemos firmes.

Chegamos em Alto Paraíso quase no final da tarde. Tínhamos combinado de passar alguns dias em uma pousada trabalhando em troca de hospedagem. O local ficava há 13 quilômetros da cidade, mas não imaginávamos a situação da estrada que nos esperava.

-_-

Estrada péssima, no velho estilo Jalapão....muita areia, buracos enormes camuflados na areia e só pra ajudar, muita subida.

A medida que avançávamos imaginávamos como seria ir e voltar da cidade para vender os brigadeiros, pois com certeza iriamos abusar da disposição da Gertrudes.

Apesar da preocupação a vista nos encantou, já que a estrada corta uma floresta linda.

Demos uma canseira grande na Gertrudes, mas ela foi muito bem :)  

Chegamos à pousada, e ficamos pasmos. Estávamos no pé da serra, com um paredão surpreendente a nossa frente.

O Mariri Jungle Lodge, pousada em que ficaríamos, é uma reserva que oferece estadia diferenciada no meio da floresta, retiros para artistas e vivências inusitadas em suas casas na arvore.

As trilhas que te levam para o meio da floresta, ou ao pé da serra te envolvem, pois só é possível ouvir o barulho das arvores e dos pássaros.

Conversamos com os demais voluntários, conhecemos um pouco do espaço, o Meleca ficou intimidado com o casal de cães que o recebeu, mas logo se enturmou.

Só foi o tempo de cozinharmos algo e fomos dormir - numa cabana de bambu! Trocamos a Gertrudes por uma noite rs.
O dia começava cedo, tínhamos que tomar café, lavar nossa louça ou fazer qualquer outra atividade pessoal antes da reunião inicial às 9h com os voluntários para que todos soubessem suas atividades diárias.


Nossa vista <3 td="">

A cozinha fica em meio à floresta e bem no alto. Tomar café com essa vista com certeza te deixa mais agradecido pela oportunidade de mais um dia.

A reunião, para nossa alegria (só que não!), era em inglês, pois a maioria dos voluntários eram estrangeiros e os brasileiros eram fluentes no idioma.  Logoooo, aguçamos os ouvidos para nos ambientarmos na conversa rs. Até que não foi difícil.

Apesar de toda belezura do lugar, o trabalho chamava e tomava boa parte do dia.
Bom, uma semana se passou e começamos a nos perguntar onde nos enfiamos. Por conta do problema da estrada resolvemos que não iriamos à cidade com a frequência que planejamos (toda noite) para vender os brigadeiros e garantir o suficiente para nossa alimentação. Enquanto permanecíamos no Mariri começamos a nos preocupar.

Com certeza o lugar era lindo, e não teríamos acesso a conhecê-lo se não fosse pela troca de trabalho por hospedagem. Mas pensando bem, para nós a troca não estava sendo justa.
As verduras e legumes produzidas no local não podiam ser consumidas, pois ficavam para a dona do espaço e para o caseiro.

Algumas coisas produzidas eram descartadas, como café, algodão e feijão. Nos disseram que eram plantadas no intuito de seguir o conceito de agrofloresta, onde se busca manejar a terra com o plantio de diversas espécies, frutas/verduras/legumes, e não apenas um única espécie que degradaria o solo com o tempo.




Nossas atividades não envolviam trabalho com permacultura e agrofloresta. Estávamos envolvidos somente com a harmonização do espaço para os clientes provenientes do Airbnb.

Talvez tenha sido uma falta de comunicação da nossa parte em não esclarecer todas as condições inicialmente.

Buscamos alternativas para retornar a cidade, carona, a pé...rs. Seria possível retornar com o ônibus escolar, mas só durante o dia ou de táxi, que cobra em torno de R$80,00... sem chance!

Infelizmente precisamos diminuir nossa passagem pelo Mariri. O que seriam 15 dias se tornou uma semana. Esclarecemos à Anne, que nos acolheu, que precisávamos retornar a cidade para buscar trabalho – até mesmo nossa comida estava acabando por ali!

Anne entendeu e nos sugeriu lugares para visitar na cidade.

Sim, o lugar é surpreendente e quem tiver condições $ de custear uma estadia por lá faça! A piscina natural, a casa na arvore, a sauna tailandesa, as cabanas e claro, a vista, valem a pena.

Pouco mais de três quilômetros à frente a Gertrudes se revoltou e nos cobrou por todos os esforços que a fizemos passar. Aguarde o drama no nosso próximo post ;)

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