quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A cachoeira de Loquinhas

Depois de termos sido expulsos pelo pessoal do circo resolvemos passar a noite em um posto de gasolina. Aproveitamos para preparar os brigadeiros para nossa operação infalível, que consistia em usar o dinheiro das vendas para pagar a entrada das atrações e a gasolina da Gertrudes.


Todo esse trampo pra curtir umas cachoeiras :) 

Todas as cachoeiras ficavam em áreas particulares e o acesso era pago com valores exorbitantes, entre R$10 e R$30. Precisaríamos suar, então partimos para uma avenida movimentada.

O primeiro dia de venda foi sucesso. Para cada pessoa que abordávamos contávamos nossos causos e que gostaríamos de conhecer a região, e que para isso precisaríamos desembolsar uma graninha que não tínhamos. Saímos com a bandeja vazia e a causa abraçada por todos,

Após alguns dias nessa pegada entre posto/avenida/posto, nos informamos com um pessoal que expunha trabalhos na praça sobre uma cachoeira de acesso gratuito onde eles se reuniam. A Cachoeira Panteras, para nossa surpresa, ficava ainda mais próxima da cidade do que o posto de gasolina.

Próximo à trilha de acesso, um grande campo de futebol, e uma Kombi estacionada... Seria ali o local indicado pelos amigos da Kombi Sacica, que conhecemos pelo Facebook e nos passou algumas dicas.

E era, uma grande área para estacionar, com sombra, caixa d’agua, mangueira e um grande “banheiro verde” (moitinha mesmo).

Estacionamos e Vini foi logo ver a outra Kombi que estava estacionada. Encontrou Maria, que junto com seu companheiro Lucco viajava com o projeto Viajá y Reite a bordo da Blanquita.

Era o nosso primeiro encontro com outra Kombi viajante, então teríamos muito o que conversar, mas antes, queríamos tomar aquele banho de cachoeira.

Seguimos por uma trilha até a cachoeira. No caminho, que era local de criação dos artesanatos e de lazer da malucada, tinha um pessoal acampado, e o Meleca já estava alucinado latindo para todo mundo.

Chegamos até uma queda e um pequeno poço. A água estava geladíssima, criamos coragem e demos aquele TIBUM. Quando o Vini saiu da água percebeu que perdeu uma de suas lentes de contato. Ficou difícil de ver algo... haha.

Olha essa água!

Passamos algum tempo por ali tentando nos recuperar no sol e voltamos até o campo de futebol.

O local era ideal para passar alguns dias.  No período em que estivemos por lá trocamos altas ideias com o casal da outra Kombi e fizemos até uma noite da pizza, todas preparadas artesanalmente em nossa “Komzinha”. Até fomos convidados a tomar um café da manhã típico argentino, com chapati e chimarrão.

Café da manhã tradicional, com direito a chapati ;)

Eles nos contaram que iniciaram a viagem a cerca de seis meses e procuravam por trabalho em todas as cidades que estacionavam, além de vender algumas peças que criavam, como carteiras e cadernos. O objetivo deles é chegar ao Alaska, no ritmo tranquilo que só quem está a bordo de uma Kombi entende rs.

Recebemos também a visita do Tadeu, amigo que conhecemos dias antes no Mariri Jungle Lodge, e as conversas sobre elevação espiritual e experiências de estrada iam longe.

Pela manhã, acordávamos com o barulho das araras que sobrevoavam o local em busca de frutos de cagaita, fruta típica do cerrado. Estávamos, inclusive, cercados de frutas: haviam pés de caju, cajuí, ingá, e a própria cagaita, como o próprio nome sugere a consequência de se comer muitas... haha

O campo ficava na rua de trás da avenida principal, então todos os dias, initerruptamente, vendemos brigadeiros. Depois de juntar a grana era hora de escolher qual cachoeira íamos conhecer. Escolhemos a Loquinhas, que ficava a uns 5Km, os quais decidimos percorrer a pé.

O caminho é realmente muito fascinante. Árvores imponentes e algumas frutíferas, o que nos garantiu alguns cajus no caminho, e chapadões monstruosos. Mas, para não perder o costume, a estrada era de uma areia finíssima que parecia poeira, e a cada passo subia aquele poeirão na nossa cara.

Chegando a portaria da cachoeira, Van ficou com o Meleca, já que era proibida a entrada de animais, enquanto Vini foi perguntar e dar aquela “chorada” básica no valor. E funcionou: a entrada caiu de $30 para $18, e até arrumamos uma sombrinha e água pro Meleca.

Apesar do rio incrível, de águas verde-esmeralda e com inúmeras quedas d’agua (umas oito no total), era irreal a ideia de cobrar esse valor para visitação. O lugar é seletivo, explorado como opção de lazer que apenas alguns podem usufruir, já que para muitos o custo torna o local inacessível. Mas, infelizmente, presenciamos muitas vezes no caminho que nem sempre a natureza é de graça.

Cara, porém linda

Concordamos que por vezes manter a manutenção de um local como esse envolve custo, tempo e dedicação. Contudo, não concordamos com o lucro em cima de um bem natural. A cobrança de uma taxa que minimamente cobrisse os custos seria o ideal.

E claro que esse sentimento influenciou no modo que apreciamos o local. Apesar de muito bonito e bem cuidado não nos impressionou e até nos despertou duvidas a respeito da “naturalidade” do local. Os poços, por exemplo, estavam tão bem desenhados que até pareciam terem sido manipulados.

Enquanto voltávamos da cachoeira para o campo de futebol um carro na estrada se dispôs a nos dar uma carona. Era um casal de São Paulo que largou tudo e resolveu cair na estrada e se mantinham fazendo alguns grafites por ai.

Apesar dos quase dez dias de tranquilidade e descanso, chegara a hora da partida. Como destino, uma vila que ficava ali mesmo em Alto Paraíso-GO, a uns 45Km, a Vila de São Jorge.

6 comentários:

  1. Sigo acompanhando cada passo das andanças de vcs amigos... Sucesso sempre

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    1. Aeee Line... que massa, é sempre bom saber que acompanha
      beijão!

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  2. Legal o texto amigos. Agora sim acertaram!!! Hahha

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    1. É muié, foi perrengue mas enfim achamos, e valeu cada dia, inclusive as araras "gritando" logo cedo....haha

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  3. Muito bom! Conheci estes dias o Blog de vocês e estou adorando os relatos das aventuras. Parabéns!!!!!

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