segunda-feira, 18 de julho de 2016

Descobrindo o Sertão.... do Dinossauro ao Homem Sapiens

Sem milongas, vamos logo ao que interessa enquanto temos net ainda... rárá

Ainda no Crato - Ceará...

Na manhã seguinte, acordamos bem cedinho, café tomado, pé na estrada, como destino tínhamos o alto da serra, onde encontraríamos com a diretora do ICMBio para nos apresentar a Floresta do Araripe, primeira lugar a receber o título de Floresta no Brasil.

Chegando lá, fomos recebidos pelo segurança, que autorizou nossa entrada. Enquanto aguardávamos a diretora, apreciamos um pouco do lugar, inclusive os pássaros que pareciam brincar a nossa volta.




Assim que a diretora chegou, nos chamou para uma conversa e pra contar um pouco a respeito do lugar, falou do manejo com as comunidades ao entorno da reserva, que era feito um trabalho de conscientização e de como os moradores ajudavam na proteção de toda a área. Contou um pouco sobre o avanço dos pastos em direção a reserva, e da luta constante com os pecuaristas. Era visível o cuidado tomado ali, inclusive, o Governo Federal não estava repassando verba, fazendo com que muitas pessoas trabalhassem de forma voluntária.


Nos apresentou uma pequena trilha no local, apesar de não estarmos calçados adequadamente e do alerta quanto ao alto número de cobras, arriscamos. O mais impressionante são as variedades de vegetações encontradas no lugar, um bioma cercado pela Caatinga e no local presença enorme do biomas Cerrado e Mata Atlântica.



O segurança se prontificou a tirar algumas fotos do alto de um elevador manual que servia para observação do local, mas o resultado não ficou tão bom, mas o que vale é a intenção...



Nos despedimos agradecidos com o tanto que aprendemos e pé na estrada.

Nosso destino agora era a cidade de Nova Olinda, onde haviam nos informado a existência de um espaço gerido apenas por crianças.

Antes de chegar a Nova Olinda, tudo na estrada nos prendia a atenção, até que chegamos a Ponte de Pedra, local cercado de lendas e mitos, mas muito importante pra arqueologia.




Já na cidade, procuramos a Fundação Casa Grande, mas a propaganda não era igual na realidade, no local haviam crianças sim, mas não “gerenciavam” totalmente o espaço, além de muitos setores não estarem em funcionamento.

No local, muitas peças contavam a respeito das antigas culturas que dominavam o local, tudo muito arrumado, muito didático, vale a visita que por sinal é guiada por uma das crianças da fundação.




Em seguida, fomos a loja do Mestre Espedito Seleiro, artesão de couro que fez roupas para Luiz Gonzaga e até as sandálias de Lampião, cada trabalho magnífico.

Já conhecida a cidade, rumamos sentido ao “Jurassic Park” brasileiro, Santana do Cariri, é a capital da paleontologia brasileira. E num é que tem um monte de dinossauro lá!

No Museu de paleontologia, ficamos impressionados com o acervo, dinossauros, fósseis, vestígios da mega fauna..... uma belezura!




Na saída, ficamos sabendo da existência do Parque dos Pterossauros, e claro, fomos lá conferir.

Apesar da péssima condição da estrada até o local, conseguimos chegar. Percorremos uma pequena trilha e chegamos, tinha um grande buraco, aparentemente abandonado, local onde teria acontecido alguma escavação, entramos lá pra ver.



Mais à frente, avistamos umas construções do parque, pelo que lemos nas placas de indicações tratava-se de um auditório, ainda com cheirinho de novo, mas aparentemente abandonado, apesar de parecer finalizado, ficamos algum tempo lendo algumas informações e fomos embora.


Voltando até a cidade, nos avisaram sobre o pôr do sol do Cruzeiro, e lá fomos nós.

Estacionamos em frente a um portal e começamos a subir uma imensa escadaria, que se transformou em fenda de rochas e no final estávamos escalando, depois de muito suor chegamos ao topo, e descobrimos que havia uma estrada até lá. Oh Good!

A vista era impressionante, conseguia se ver toda a chapada do alto, um pôr do sol incrível, muitas cores, sem palavras!






Começando toda a descida pelo mesmo lugar, porque “nós” é roots! Detalhe: o Meleca não aguentou e voltou no colo do Vini.

Pegamos a Gertrudes e partimos em busca de algum lugar pra passar a noite.

No final da cidade um posto de gasolina parecia ideal, e nele nos acomodamos, cozinhamos, banho e cama.

No dia seguinte, acordamos bem cedo, pé na estrada que ainda tem muito chão pela frente, partimos com destino ao Piauí, mas antes uma paradinha pro café na beira da estrada.

Dia cansativo mas recompensador, kms e kms de estada, cada imagem que passavam por nossos “quadros” nas paredes de nossa casa, era incrível! Sempre maravilhoso ver tantas coisas.


Enfim cruzamos a fronteira com o Piauí, o contato com o estado nos deu logo um impacto visual no relevo, que muda completamente, desenhando montanhas e monumentos que sofreram uma forte ação da natureza.  Paramos na primeira cidade, Fronteiras – PI para dar uma descansada, estávamos na estrada desde cedo e estávamos exaustos, mas Picos –PI estava tão perto que seguimos até lá em busca de um cantinho pra passar a noite e quem sabe arrumar uma graninha.




Uma sensação era bem definida em Picos – PI, Caloooooor, é muito quente, abafado, a cidade fica no meio de um vale, e é uma grande cidade, nesse momento só nos vinha a lembrança dos caminhoneiros e vendedores de rede nos alertando: “Lá é muito quente moço!”.

Verificamos o movimento em uma praça próxima, era segunda, estava bem vazia, apesar da grande movimentação das lojas no entorno, resolvemos ir pro posto descansar.

O povo piauiense é muito acolhedor e prestativo, logo vimos um monte de gente querendo participar um pouquinho de nossa história, no posto mesmo, foram logo tentando “acomodar” a gente no melhor lugar pra estacionar, água gelada..... um luxo!

Estávamos morrendo de fome, pegamos tudo que tinha, tacamos em uma panela e devoramos tudo. Cansados, tentávamos dormir, mas o calor era insuportável, o ventilador não conseguia resolver, tivemos que abrir as portas pra conseguir passar a noite.

No dia seguinte, acordamos cedo e fomos nos informar quanto a estrada, até nosso próximo destino, São Raimundo Nonato, ai a surpresa, a BR-020 tem um grande trecho sem asfalto, tudo uma grande farsa, no papel está tudo bonitinho, mas na real é uma “Cilada Bino”.

Nos indicaram um outro caminho, uns 60 km a mais, mas tudo asfaltado, pensamos um cadin e resolvemos ir pelo caminho asfaltado, afinal, não temos pressa.

Nenhuma cidade da qual passamos estava em nosso roteiro, e não havíamos pesquisado nada a respeito, então, só seguimos, paramos só pra ter um contato com Jesus (Rá).


Já estava ficando tarde, e nossa quilometragem máxima por dia estava sendo atingida, resolvemos parar, Simplício Mendes – PI foi a cidade escolhida, o posto que ficamos era quase um “Oasis”, era muita água, toda cidade ia lá encher seus reservatórios de água potável, haviam algumas torneiras e bebedouros, tinha até fila.

Estávamos preparando alguns brigadeiros pra vender quando se aproximou de nós um senhor, admirado com a Gertrudes e do reservatório de água no bagageiro. Contou que também tinha uma Kombi e que havia feito a loucura de fazer o “piso” com cerâmica  e que vendia batata frita/churrasquinho a noite pela cidade e sugeriu um evento que aconteceria em uma cidade vizinha, de acordo com ele, “bom pra ganhar dinheiro”, também nos convidou pra ir passar a noite em sua casa, após vendêssemos os brigadeiros na praça, aceitamos o convite e combinamos de ele nos buscar mais tarde.

Chegando na praça, o movimento não era tão grande assim, e muitas pessoas recusavam alegando “brigadeiro não combina com cerveja”, rá....entendemos :’(

Uma moça a qual havíamos oferecido brigadeiro começou a questionar a Van, perguntou a profissão dela, o que fazia ali, muitas coisas, de repente começou a fazer questionamento... “Por que faz isso tendo uma profissão?”, “Por que está se humilhando assim?”, “Procura ajuda no CRAS”.

Apesar de muitas pessoas apoiarem nosso sonho e correrem lado a lado com a gente, mesmo longe, ainda há pessoas que acham que estamos “jogando” fora nossa vida, cada um com sua opinião, mas de uma coisa temos certeza, esse é nosso sonho, e acredito que dinheiro nenhum no mundo compraria nossas experiências.

Voltamos ao posto, esperamos um pouco o senhor que nos ofereceu a casa, mas o sono era grande, fomos dormir e não sabemos se apareceu ou não.

Pela manhã, aquele cafezinho e chão...

Pegamos estrada, certos de chegar a São Raimundo Nonato – PI, mas, como toda boa aventura, há surpresas no caminho, enquanto passávamos pela cidade de São João do Piauí – PI, uma moto colou na nossa traseira, um rapaz nos indicava a parar... Oxi, que será!? Ao encostarmos, o rapaz colou na janela do Vini e intimou: “Vocês tem umas pulseirinhas da hora?” (haha) que susto, temos não!

Fomos informados da existência de uma represa no local.... É ÁGUAAAAA. Já se fazia tempo desde o último TIBUMMM na água, e lá fomos nós.

A represa ficava a uns 20km da cidade, em uma região de muitas fazendas. Muito bode nas estradas, burros amarrados nas árvores, uma boniteza só!



Chegando na represa do Jenipapo quanta água.... na última vez tinha sido em Canudos – BA.


Ali seria um local perfeito pro almoço, arrumamos as coisas, panelas, alho, cebola, arroz, feijão, queijo coalho.... Aliás, queijo foi o nosso melhor amigo na passagem pelo sertão! Indispensável!

Na represa, havia uma estrutura de quiosques, banheiros, chuveiros... tudo abandonado, apenas um senhor vendia algumas bebidas por lá, em um isopor, o único.

Enquanto preparávamos o almoço, um carro encostou, um senhor saiu, olhou a Gertrudes, nos cumprimentou e foi até uma das barracas, na volta começou a puxar assunto, falamos um pouco da viagem, por onde tínhamos passado, quando falamos do Ceará logo se animou: “Eu sou de lá, nasci no Crato-CE”. Tinha que ser, contamos da nossa maravilhosa experiência por lá. De repente, ele tira uma garrafa de Pitú e logo nos chama: “Não tem como vocês não tomarem uma bebidinha de minha terra”. Aceitamos! Haha.

Enquanto almoçávamos, nos levou refrigerante, e mais prosa.


Tiramos um maravilhoso cochilo na esteira, quando acordamos, havia uma carteira em cima da Gertrudes, presente de despedida do amigo Cratense.

Hora de banhar! Descemos até a margem da represa afim de um banho, aproveitamos   um bocado, quando saímos um senhor nos alertou: “Cuidado que tem arraia aí!” ..... Arremaria!




No final da tarde, havia uma movimentação de pessoas que iam até lá, pescavam e aproveitavam os últimos raios de sol. Já a noitinha, dois rapazes nos convidaram a falar um pouco mais sobre nossa trajetória até ali. Proseamos um bocado, falaram da Serra da Capivara e das várias histórias de lá, da represa e sua interdição por conta dos quiosques que despejaram esgoto não tratado na represa, das caçadas mato a dentro, da pesca e da cidade onde moravam.

Uma maravilhosa confraternização a luz de algumas lanternas e regado a Pitú.

Se foram, mas antes nos alertaram quanto a surpresa da manhã: “Vai ser uma das coisas mais lindas que verão na vida!”

Decidimos passar a noite na rede, as margens da represa, o calor era grande, os mosquitos não perdoavam, e ainda tinha que se preocupar com as onças que rondavam o lugar.... que dureza!

Quando estávamos quase pegando no sono, sinos começaram a tocar, muitos bodes a nossa volta, comiam tudo que viam, passamos boa parte da noite em claro.

De repente, as exatas 5:15 da manhã, tons alaranjados começaram a tomar conta do lugar, que viraram vermelho, roxo, azul.... um degrade lindíssimo, era inexplicável. A serra vermelha refletia seu brilho na água que a refletia no céu, era algo espetacular. Maravilhoso!


A noite foi mal dormida, mas as cores da manhã compensaram todo o esforço!

Aproveitamos mais um pouco do local, caímos na estrada novamente, devagar, sem pressa, aproveitando cada momento, olhos mais atentos e observadores, pela estrada avistávamos a indicação “Serra da Capivara”, logo entramos e paramos em uma guarita, daí uma moça nos informou que o acesso ao parque só era permitido com o guia e mais uma taxa por pessoa.... “Oh céus!”



Na estrada, muitas casas e currais abandonados, queríamos ver mais de perto, saber o que acontecia ali, parecia que todos haviam corrido, fugido dali. Por quê?


Paramos em uma cidade um pouco mais a frente, Coronel José Dias – PI, afim de buscar maiores informações, fomos, mesmo sem saber de nada, em direção a outra placa “Serra da Capivara”, seguimos toda rodovia que acabava em um portão.

Esquisito demais!
Vamos entrar ai?
Mas se questionarem a gente?
Dizemos que estamos perdidos!


E fomos... até chegar em uma outra entrada do parque, nos deram a mesma informação: “Só com o guia mais a taxa!”

Voltamos tudo até o local que entramos, havia um pequeno evento na praça, uns tocadores e um pequeno público.... Dia de folga da cozinha, vamos almoçar por aqui!

Comida simples mais deliciosa, bode com macaxeira!

O cansaço batia, o sol do sertão não perdoa. Encostamos a Gertrudes em uma ruazinha, esticamos a rede e soneca!

Após o descanso merecido vinha a dúvida, passamos a noite por aqui ou seguir? Seguir!


Alguns Kms a frente, enfim, São Raimundo Nonato – PI. Havíamos procurado alguns couchs por lá meses antes, mas não havíamos lembrado de entrar em contato. Então, olhamos um pouco da cidade, procuramos um lugar onde poderíamos passar a noite, e elegemos um posto de gasolina já um pouco afastado da cidade, cozinhamos e caímos no sono.


Por enquanto é só.... em breve mais postagens!

Inté mais chão! 

Gratidão_/\_

2 comentários:

  1. Sempre acompanhando a saga de vcs, e ansiosa pelos próximos caminhos e descobertas... Que Deus siga acompanhando... Beijos

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